Uma família de livros

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CAPÍTULO VINTE E OITO


Joguei os dados e aguardei o resultado. Como caiu no 4, andei quatro casas, parando em uma laranja. Bellamy pegou uma carta da mesma cor e se virou para mim.

-Ok, qual a língua falada em Iêmen?

-Árabe.

-Não tem como você ter acertado essa. – Ele virou a carta para ler a resposta e ficou surpreso ao ver que eu estava certa. – Não é possível. Como você sabe disso?

-Eu tenho muito tempo livre. – Disse e entreguei os dados para Madi.

-Você tá trapaceando.

-Bell, aceite que você tá perdendo.

-Nunca.

-Você podia ter espirito esportivo que nem a Madi.

-Espirito esportivo? Eu também tô com raiva de você, acerta todas as perguntas! – Falou a garota.

-Ei pequena. – Ele chamou. – Quer se unir contra a sua mãe?

-Quero.

-Ei, ei, isso não vale. – Reclamei, mas eles não ouviram. Bellamy deu tapinhas no lugar entre mim e ele no sofá e a minha filha passou por cima de mim para chegar a ele.

-Ser um livro de curiosidades ambulante também não vale senhorita Griffin, mas ainda assim aqui você está.

-Não importa, não preciso de vocês dois. Vou ganhar sozinha mesmo.

-Ah é? Vamos ver. – Ele se esticou e pegou uma carta da cor preta, que era a categoria mais difícil. – Quem foi Lev Chestov? – Perguntou, completamente convencido de que essa eu não saberia. Eu já tinha ouvido aquele nome em algum lugar, só não lembrava onde. Lev Chestov? Que tipo de nome é esse? Alguma coisa grega, alemã ou até russa. Tentei voltar em minhas memórias para lembrar e assim que realizei de quem era aquele nome meu rosto se iluminou.

-Lev Chestov foi um filósofo russo. – Respondi com convicção. Assim que ele viu que tinha acertado novamente, jogou a carta no ar e falou.

-É, pequena Griffin, acho que estamos vivendo com uma enciclopédia.

-Se minha mãe é uma enciclopédia eu sou o que?

-O livro de João e Maria. – Afirmou.

-Então você vai ser o dicionário. Pronto, agora somos uma família de livros. – Madi não perdia uma chance de botar eu e Bellamy juntos.

-Ou, ou. Você acabou de pular umas 17 etapas.

-Como assim? Ele é um dos meus pais emocionais, você é minha mãe biológica, estamos morando juntos, eu te amo, você ama ele, ele te ama, eu amo ele, nós nos amamos. Viu, pulei nenhuma etapa. – Se eu estivesse bebendo alguma coisa agora, com certeza engasgaria. Se alguma coisa faltava nela, não era coragem. Raven e Octavia realmente conseguiram estragar os meus momentos de paz com ela. Pensei que Bellamy ficaria envergonhado pelas atitudes dela, mas na verdade, ele sorriu. Que que era para aquele sorriso significar? Porque ele tá sorrindo? Para de sorrir. Ninguém pediu pra você mostrar as suas covinhas.

Ao perceber que eu ainda não tinha falado nada, ele moveu seu olhar para mim. Comecei a ficar nervosa, mas não sabia o que responder. Sentia o olhar dele pesar em mim. Porque não conseguia responder? Não era difícil. Era só botar a Madi no lugar dela. Porém nenhuma palavra surgia na minha cabeça. Nada, um vazio completo. Tudo que conseguia pensar era no sorriso dele. Que porcaria. A situação teria piorado pra mim se não fosse pelo som da campainha que atraiu todos os nossos olhares.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora