Todas as portas que levam ao coração.

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CAPÍTULO QUARENTA E SETE

Não se passou um sequer segundo onde Bellamy não pensava em Clarke. Ele tentou, tentou se manter distraído ou focado em qualquer outra coisa que não fosse o seu rosto vermelho de tanto chorar ou o som de seus soluços desesperados. Ao menos até que ela estivesse pronta para lhe contar a história por trás do que aconteceu.

Tentar não quer dizer que ele conseguiu. Não, foi o contrário disso. Ele falhou completamente em parar de pensar nela.

Na primeira e segunda noite, conseguiu se forçar a ficar em casa para a dar espaço, mesmo que isso significasse que ele passaria a noite inteira acordado em sua cama, com seus olhos vidrados no teto e sua mente vidrada na loira, qual ele amava mais que tudo.

Foi preciso cada pingo de força em seu corpo para não se levantar, pegar seu carro e dirigir a casa de Clarke.

Infelizmente, Bellamy não manteve essa força por muito tempo. Na terceira noite, não se contentando somente com as breves mensagens de Octavia o assegurando de que ela estava bem, ele se levantou entorno de meia-noite e meia e dirigiu o mais rápido que sabia ser possível.

A dor em seu coração cresceu ainda mais quando ele pisou na varanda da frente. A poucos dias atrás, estavam os três ali depois de um dia feliz. Antes de abrirem a porta e encontrarem o passado e sua bagagem aguardando impacientemente.

Se ao menos eles tivessem entrado no carro novamente e dirigido para longe ao invés de abrir a porta.

Se ao menos eles tivessem deixado a porta fechada e ido embora.

Bellamy ouviu sons suaves vindo do outro lado da parede, e lhe confortou saber que ele não estava mais a vários quilômetros de distância de Clarke. Ela estava bem ali, do outro lado.

Duas batidas na porta e tudo pareceu parar.

- Clarke? – A chamou docemente. Silêncio.

Foi somente aí que ele percebeu que ela não responderia. A conhecia melhor do que ninguém, e sabia que ela se isolava de todos quando ficava triste, mesmo que isso tivesse a destruindo.

Mesmo se ela quisesse, não abriria a porta. Ao menos, não por agora.

- Você não precisa abrir a porta ainda. – Encostou a cabeça contra o pedaço de madeira, fechando seus olhos. A imaginou ali, com ele. – Só abra quando estiver pronta. Eu estarei aqui, não importa o quê.

Exausto depois das duas noites sem sono, Bellamy se sentou no chão da varanda. Estava desconfortável, mas mesmo assim não havia qualquer outro lugar onde ele desejava estar.

Olhou ao redor, se lembrando que era tarde. Tarde até demais. O céu estava completamente escuro e o frio da noite se fazia presente.

- Você sabe como as pessoas falam que o amor faz as pessoas loucas? – Falou, finalmente, após alguns minutos de nada além do som de gafanhotos no fundo. – É, eu acho que você me enlouqueceu. – Ele respirou fundo. – Eu sei que não deveria estar aqui. Você ainda não está pronta para me contar o que aconteceu, e tá tudo bem. Eu espero quanto tempo for preciso. Esperei seis anos, o quão difícil alguns dias podem ser?

Bellamy não sabia se alguém estava o ouvindo. E se estava, não sabia se esse alguém era Clarke. Mas, ele tinha que tentar. Não ia simplesmente desistir e se render como... como fez todos aqueles anos atrás.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora