5 dias

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(música recomendada: listen before i go/ i love you-billie eilish)

1° DIA

Raven e Octavia dormiam como pedras cada uma em seu colchão. Havíamos ficado conversando sobre o "assunto" até tarde, então não as culpo por dormirem rapidamente. Porém, diferente delas, eu não conseguia dormir. Eu estava cansada, mas não conseguia dormir de jeito nenhum. Estava em aguardo pela ligação de Bellamy. Com tudo que estava acontecendo, tudo que queria era falar com ele, ver seu rosto e sentir esse peso sair dos meus ombros.

Já eram 02:00 e eu ainda estava sentada em minha cadeira mexendo em coisas aleatórias no meu computador para me manter distraída quando ouvi um apito vindo do meu telefone. "Amor: Não vou poder ligar hoje."

Fiquei desapontada com aquela mensagem. Mas não podia criar suspeitas e entendia o seu ponto de vista. Além dele não saber o que está acontecendo, também está muito ocupado com as coisas da faculdade. Pressionei a mensagem na minha tela de bloqueio e o respondi. "Tudo bem, Boa noite Bell".

Esperei um pouco e estranhei a não receber nada. Nenhum boa noite. Nenhum "Princesa". Talvez ele estivesse muito cansado e tenha ido dormir. É, provavelmente foi isso que aconteceu. Né? Deixei meus pensamentos de lado e fui até minha cama, me enterrando embaixo das cobertas enquanto caia em um sono profundo.

2° DIA

Estava comendo uma fatia de calabresa assistindo série esperando por Bellamy. Como hoje era sábado, ele tinha mais tempo para me ligar. Sábado era o único dia que ele podia passar mais tempo na ligação e havia se tornado o meu dia favorito. Toda a semana ansiava pelo sábado.

Enquanto assistia um episódio de F.R.I.E.N.D.S. senti meus olhos começarem a pesar, e lentamente a minha visão escureceu e meus olhos a se fecharam.

Acordei já de manhã e notei as mensagens no meu telefone. "Amor: Não vou ligar hoje, boa noite." A tristeza invadiu meu corpo instantaneamente. Só queria vê-lo. Tudo que eu mais precisava naquele momento era ele me dizendo que tudo iria ficar bem.

Abaixei minha cabeça para o meu colo. Oh não. Corri para o banheiro e levantei a tampa da privada enquanto deixava tudo aquilo sair de mim. Odiava vomitar, mas acho que teria que me acostumar com isso por um tempo.

3° DIA

Cuidadosamente, eu traçava o curso do lápis na folha. O desenho estava ficando lindo. Uma coisa que eu tinha muito orgulho era dos meus desenhos. Era uma das coisas que eu mais amava fazer. Quando estressada, triste, feliz, ansiosa, qualquer emoção que estivesse sentindo a resposta era sempre arte. Não necessariamente o desenho, amava pintar também. Porém, o desenho era mais prático. Estava na folha de papel, o momento que conheci Bell. Lembro muito bem daquele momento.

Era uma festa do pijama na casa de Octavia e eu tive um pesadelo então fui a cozinha beber um copo d'água. Quando cheguei na cozinha me deparei com ele. Ele, sem camisa, no escuro, estava comendo uma torrada com geleia, que descobri mais tarde que era um dos seus pratos favoritos. Torrada com geleia, que tipo de comida favorita era essa?

-Desculpa não queria incomodar. – disse me virando em direção a porta da cozinha.

-Não, tudo bem. Pode ficar. – Olhei para ele e dei um sorriso fraco em agradecimento. – Não consegue dormir também? – Neguei com a cabeça. – Prazer, eu sou o Bellamy, irmão de O. – ele disse inclinando a mão para frente com um sorriso no rosto.

-Clarke. – disse estendendo minha mão também. – Sou Clarke.

Estava retocando alguns pequenos detalhes no rosto de Bellamy no desenho quando recebi "Amor: Hoje vou sair com os meninos, desculpa." Deixei um suspiro desapontado escapar quando ouvi um pequeno barulho.

Virei meu rosto para de onde o barulho veio e percebi que havia quebrado a ponta do meu lápis e feito um grande e forte risco no meu desenho. Taquei o objeto na parede e amassei o desenho, o jogando com toda a força que tinha na lata de lixo enquanto levantava da cadeira de meu quarto com meus olhos se enchendo de lágrimas.

E, honestamente, naquele ponto, já não sabia mais se aquelas lágrimas eram de tristeza, ou se eram de raiva.

4 DIA

Já não esperava uma ligação de Bellamy, esperava uma desculpa. A qualquer momento a receberia. Mas nem isso recebi.

Por horas esperei por qualquer coisa. Não recebi nada. Nenhum "Boa Noite", nenhum "Princesa", nenhuma desculpa, nenhum amor. Nada.

Mas, o pior de toda a situação era que além de estar decepcionada com Bell, estava principalmente decepcionada comigo mesma.

5 DIA

Toda a esperança que tinha no início dessa semana tinha completamente ido embora.

Estava deitada na minha cama parada na mesma posição encarando o nada por horas. Nada. Era isso que sentia. Não sentia tristeza, não sentia raiva. Eu não sentia nada. Sentia um vazio dentro de mim, um vazio consumidor, como um buraco negro.

Pela primeira vez em um tempo, desviei o meu olhar do "nada" a ouvir o meu toque de celular. E a minha expressão de vazio em milésimos se tornou um sorriso. Um sorriso honesto e completo que iluminava o meu rosto a ver quem me ligava era Bellamy.

-Bell... – falei através de um suspiro antes de pegar o meu telefone e atender. Só percebi depois que atendi que dessa vez não era uma ligação de vídeo e sim de voz.

                       *Ligação on*

-Oi, amor. – disse. Estava muito feliz por saber que finalmente ouviria sua voz novamente.

-Oi Clarke. – Clarke? Ele tá me chamando de Clarke? Isso com certeza é raro.

-Está tudo bem por aí? Faz um tempo que não tenho notícias de você.

-É... Tá sim. – Percebi a mágoa em sua voz. Algo estava o incomodando.

-Bellamy, não precisa mentir pra mim. Eu te conheço melhor do que isso, o que que foi?

-Clarke nós precisamos terminar. – Ele disse áspero e seco, sem amor nenhum em sua voz.

-Como assim Bellamy? Do que está falando? – A este ponto já estava com os olhos lacrimejando, vocês sabem o quão "humorada" eu estava nesses dias.

-Eu não te amo mais. Está acabado. Adeus, Clarke! - ele disse e desligou.

                        *Ligação off*

Ouvi meu coração se partindo no meio. Não como quando Bell se despediu de mim no aeroporto, como se de verdade meu coração não conseguisse mais bater.

Não conseguia respirar.

Não conseguia piscar.

Não conseguia me mover.

Quando meu cérebro finalmente acompanhou o meu coração e percebeu o que havia acabado de acontecer, larguei meu telefone e ouvi o alto barulho a ele cair no chão.

Logo em seguida, foi o meu corpo.

Colidi com o chão enquanto chorava com tudo que eu tinha. Minhas lágrimas desciam pelo meu rosto mais rápido do que eu sabia que era possível. Eu sentia uma dor dentro do meu peito avalassadora.

-Não... – falei num suspiro.

Me encolhi no chão e fiquei ali até dormir.

Por horas. Chorando. Sozinha.



Sozinha.







Sozinha.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora