Chocolate quente

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CAPÍTULO QUARENTA E SEIS


Lentamente, voltei a consciência. Conseguia ouvir murmúrios baixos, porém não conseguia assimilar exatamente o que diziam. Me sentia exausta, meus olhos pareciam pesar demais, então nem tentei os abrir. Senti um leve calor do sol em meu rosto, fazendo com que eu o enterrasse em meu travesseiro.

- Bom dia, Bell. – Disse, assumindo que os murmúrios viam dele. Talvez estivesse falando com alguém no telefone e não queria me acordar. Ou falava consigo mesmo, por alguma razão. Os sons pararam depois de minha fala, então continuei – Eu tive um pesadelo horrível.

Quando eu tinha pesadelos, Bellamy sempre tentava me fazer sentir melhor, mesmo que não fosse nada demais. Fazia um café da manhã encantador, com waffles ou panquecas ou qualquer coisa que eu pedisse, ou me abraçava enquanto eu contava sobre o sonho. E, o meu favorito, algumas vezes simplesmente me beijava até eu esquecer.

A melhor coisa nesse tipo de manhã era o sorriso que aparecia em seu rosto ao ver que tinha sucedido em me deixar bem.

No entanto, dessa vez, não senti os braços de Bellamy se envolverem pelo o meu corpo, ou os seus lábios em meus, ou ouvi sua voz perguntando se eu queria conversar. Só silêncio.

- Clarke...? – Franzi minhas sobrancelhas a ouvir a voz que com certeza não era do moreno. Ao finalmente abrir os olhos, encontrei Raven me olhando com uma expressão preocupada. Não demorou muito para eu perceber o que havia acontecido.

- Não foi um pesadelo, né? – Perguntei, hesitante. Eu já sabia a resposta antes mesmo de ouvi-la.

- Não, não foi. Sinto muito, Clarke. – Octavia, que estava ao seu lado, disse. Se aproximou da cama, se sentando na beira. – Raven praticamente teve que forçar Bellamy a sair. Mas, se você quiser, podemos ligar para ele para voltar. – Sugeriu.

Estava prestes a dizer sim, quando senti uma onda de medo. Se eu queria Bellamy aqui comigo? Sem dúvidas. Mas, se ele voltasse para cá, eu eventualmente teria que encarar a situação e o contar a verdade. E não tinha forças para isso. Não ainda.

- Eu não sei como vou contar para ele. – Confessei tristemente. Raven instantaneamente se moveu para o outro lado da cama, em qual Bellamy costuma a dormir.

- Não tem nenhum jeito perfeito de o contar sobre isso. E, se você não quiser, não precisa contar. A gente sabe o quão difícil é voltar a esse assunto – Raven tentou me confortar.

- Não. Eu... Eu acho que ele merece saber. Eu quero que ele saiba. – As duas me lançaram um olhar compreensivo. O começou a massagear meu joelho, em uma tentativa de aliviar a tensão.

- Bem, quando você estiver pronta para contar, nós duas vamos estar ao seu lado. E eu posso te prometer que Bellamy também estará. – A voz de Octavia era tranquilizante. Concordei com a cabeça, um sorriso triste em meu rosto, grata por ter elas duas comigo na época em que tudo aconteceu. Sem elas, eu não teria durado muito tempo.

Caímos em um silêncio confortável, aproveitando a companhia que tínhamos. Raven colocou seu braço através de meus ombros, apoiando sua cabeça em um deles. Voltei a fechar meus olhos, e meus pensamentos lentamente retornaram a aquela noite.

* FLASHBACK ON *
CINCO/SEIS MESES DENTRO DA GRÁVIDEZ

Raven olhava cuidadosamente suas cartas, hesitante sobre o seu próximo passo. Pegou uma da ponta e botou no baralho. Estávamos nos encarando, a tensão dominando o ar. Olhei para o baralho e encontrei exatamente o que queria. Ela havia botado um oito azul. A mostrei minha carta dois azul.

- Ganhei! – Exclamei. Raven tacou o restante de cartas que tinha em mãos no chão enquanto revirava os olhos.

- Eu desisto! Não tem como jogar uno com você, você sempre ganha! – Reclamou, levantando e se tacando em minha cama. Ri, me juntando a ela.

Missão Impossível (Bellarke)Onde histórias criam vida. Descubra agora