truth

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— Onde você vai? – a latina perguntou quando me viu vestindo a jaqueta de couro pronta pra ir ao encontro das olhos verdes, ainda enrolada na toalha após sair de seu banho.

— Eu vou tentar resolver essa situação com meu pai. – então seu semblante se consumou em preocupação.

— Acha que é uma boa hora para falar com ele?

— É complicado, por isso irei me encontrar com alguém que saberá me ajudar. – respondi e ela franziu o cenho.

— Então eu vou com você. – disse se trocando e eu mordi o lábio inquieta. — O que foi?

— Eu não queria que se envolvesse tanto nisso. – respondi me assentando na sua cama esperando a mesma se arrumar. — Camila eu sou uma bagunça. – então ela soltou uma risada irônica.

— Às vezes você esquece que eu estou apaixonada por você, que estamos num relacionamento... – veio até mim e ficando centímetros de meu rosto. — Tudo o que te afeta, me afeta. – abaixei a cabeça sentindo o peso daquelas palavras, de fato nosso sentimento era intenso o suficiente para fazer com que suas emoções sejam as minhas também, mas lidar com todo esse drama na minha vida, eu sei que não sou a princesa encantada que ela sempre esperou e é tudo tão difícil de lidar. Entretanto, eu reconheço que o nosso "nós" é diferente de todas as coisas nas quais já senti em toda minha existência, é recíproco e se a situação fosse inversa, eu também faria o que ela está fazendo.

— Eu sei, me desculpa. – pedi fitando seus olhos. — É que esses pensamentos às vezes me consomem. – dei ombros dizendo e um sorriso casto surgiu em seus lábios.

— Existe uma coisa chamada conversa S/n. – ela disse. — Você fala, eu escuto daí eu tento entender o que tá acontecendo aí dentro. – apontou para minha cabeça e eu comecei a rir. — O que foi?

— Nada é que, você é a nossa terapeuta de casal. – então ela revirou os olhos acabando por rir.

(...)

No caminho até a casa de Lauren, eu acabei por contar tudo o que descobri no diário da minha mãe para a latina e sobre a olhos verdes. Enfim quando chegamos, descemos do automóvel e fomos até a porta onde eu toquei a campainha, não demorou muito até a olhos verdes atender com uma cara de poucos amigos.

Uau que novidade.

— Oi. – eu disse logo dando um sorriso sem dentes e ela bufou.

— O que você quer? – perguntou e Camila franziu o cenho com tanta grosseria.

— Eu preciso da sua ajuda. – então ela soltou uma risada sarcástica.

— "eu" e "ajuda" na mesma frase, que evolução  para uma garotinha convencida e egocêntrica como você S/n. – cruzei os braços balançando a cabeça tentando não tirar o foco da minha vinda até aqui.

— Colabora comigo Jauregui, é realmente muito sério. – eu disse então ela arqueou as sobrancelhas dando passagem para entrarmos.

— Vai me apresentar a Cinderela? – ela perguntou e a morena fitou o próprio traje e eu revirei os olhos.

— Camila esta é Lauren. – eu disse. — Lauren esta é Camila, minha namorada.

— Uau que coragem Cinderela. – sorriu cinicamente.

— Enfim, eu preciso que você me ajude a ter uma conversa com meu pai.

— O que? – sua expressão se tornou completa confusão.

— Você ao menos sabe de toda a situação? – Camila perguntou.

— Superficialmente. – se assentou no sofá da sala. — Minha mãe apenas comentou que ele estava muito deprimido e não quis dizer o motivo, nada mais. Foi algo que você fez S/n?

— Bom que você resume a culpa em mim Lauren. – forcei um sorriso e ela deu ombros. — Mas a história é bem mais complicada e não é culpa minha se é o que pensa.

— Sua sorte é que eu gosto de histórias.

(...)

Depois de contar toda a situação para a olhos verdes a nossa frente, sua expressão era pensativa.

— E então? – perguntei ansiando uma resposta.

— Vá até ele e conversem. – ela disse como algo simples.

— O que?

— É S/n, vocês precisam se comunicar e entrar numa harmonia, é nítido que houve uma má interpretação de ambos os lados. Sua raiva não é de do teu pai e sim, do anos que você passou sem a verdadeira versão da história da sua mãe. Entenda, tudo há uma finalidade inclusive o que levou ele a fazer isso, suas razões e sentimentos naquela época. – ela dizia e as palavras iam fazendo cada vez mais sentido em minha cabeça. — E acredite, a pessoa que precisa ir até lá não sou eu e sim você.

— Eu sabia que isso iria acontecer mas nós dissemos tantas coisas um para o outro. – umedeci os lábios ansiosa. — E-

— E é mais um motivo para você ir até lá resolver as coisas. – Lauren completou.

— Ela tem razão S/a. – a latina disse acariciando meu ombro, respirei fundo.

— Tudo bem, eu vou falar com ele. – me levantei. — Obrigada. – sorri fraco para a olhos verdes e ela fez o mesmo.

Isso é estranho mas posso me acostumar com a Lauren Simpática

Então fomos embora de volta à casa dos Cabellos, um silêncio confortável estava instalado no ambiente e minha mente estava rebobinando cada memória com minha mãe, daquela noite onde meu pai e eu brigamos e minha leitura do diário da mesma. Era hora de me colocar de frente com toda essa situação.

Logo quando chegamos arrumei minha mochila e me despedi de Camila que disse que estaria lá se eu precisasse da mesma, eu não tenho palavras para descrever o quão grata sou a garota enfim me pus a dirigir meu carro até a minha casa onde meu pai se encontrava. Alguns minutos e eu estava em frente à porta procurando coragem dentro de mim, fechei os olhos deixando o ar sair de meus pulmões para então abri-los novamente.

Eu estava pronta para a verdade e nada além dela.

good girl | cc + youOnde histórias criam vida. Descubra agora