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No outro dia, já na escola eu estava com uma aparência péssima devido a noite mal dormida, meus pensamentos não me deixavam em paz e eu estava começando a levar em consideração a idéia de que eu estava enlouquecendo. Eu estava de fones e minha paciência para conversas fáticas estava esgotada, "Trouble" do Cage The Elephant invadia meus tímpanos me deixando ainda mais aérea ao ambiente escolar se é que isso era possível.

Caminhei até a sala de aula observando cada olhar que vinha de encontro ao meu e simplesmente não conseguia ver intensidade neles, mentes tão pobres e superficiais.

Deus, não me deixe perder a cabeça”

A voz do vocalista soou como um lembrete e eu abaixei a cabeça fitando o chão continuando meu trajeto, me assentei em meu lugar e fechei os olhos dando um suspiro. Logo abri os mesmos fitando uma garota entrar na sala de aula, eu já havia visto ela. Ela era como qualquer outra e tinha um belo rosto assim como seu longo cabelo ruivo que estava sempre sedoso, seu nome era Claire ou Charlotte, não me recordo bem. Eu poderia me apaixonar por ela e viver uma vida tão simples, tão cômoda, eu poderia faze-la feliz mas havia um porém, ela não era Camila.

Em todos os lugares que eu olho eu pego um vislumbre de você”

Ela pareceu notar que eu estava a observando e deu um sorriso tímido colocando uma mecha ruiva atrás de sua orelha e eu fui rude, desviei meu olhar a ignorando completamente. Era aula de geografia com o Sr. Evans mas meus pensamentos estavam distantes daquela aula, abaixei minha cabeça sendo atingida pelos acordes da música que eu tanto me identificava no momento.

Problemas à minha esquerda, Problemas à minha direita

Eu estive enfrentando problemas quase toda a minha vida”

Fato. Eu estive enfrentando problemas desde que me conheço por humana: família, amores, psicológico instável.

“Meu doce amor, você vai me tirar dessa?”

Dentre todas as garotas das quais eu conheci, Camila foi a única na qual faz parecer esses problemas pequenos do que realmente são, eles ainda estão aqui porém, menos assustadores. Seja lá qual for o que estivermos fazendo, tudo se torna algo bom ao lado dela até mesmo jogar bingo com velhinhos em tardes de domingo.

O que mais me perturba é se esse sentimento é mútuo, se ela também sente como as horas fossem minutos ao meu lado, se ela também sorri ao escutar "Amsterdam" ou se quando ela escuta alguma música genérica de amor qualquer meu nome vem em sua mente.

— Senhorita S/s? – a voz do professor cortou o silêncio e toda a sala voltou o olhar a mim. — Defina o Imperialismo Americano.

“Tenho muito a pro-

Tirei meus fones e travei a mandíbula, umedeci meus lábios e fitei a mesa com os olhos cerrados.

— Claro, Sr. Evans. – voltei meu olhar para o mais velho. — É um termo usado em referência aos Estados Unidos devido sua influência na economia, cultura, política e entre outros. – eu disse ainda com os olhos ainda cerrados e ele arqueou as sobrancelhas pigarreando.

— Atenção em mim turma. – disse antes de se virar ao quadro negro continuando sua explicação.

[...]

O intervalo havia se passado e eu não tinha visto a latina desde o começo da aula, não conseguia parar de checar meu celular e na minha caixa de entrada não havia mensagens dela. Era aula de educação física no campo de futebol, eu estava me alongando com Hailee conversando sobre a mesma.

— E falando nela... – a garota segurou o riso.

— Tá de sacanagem. – eu disse ao ver o time das líderes de torcida entrar no gramado, minha boca secou e pude sentir meu coração errar uma batida.

Poderia ser uma miragem certo? Afinal, o clima estava ensolarado.

Ela acenou para mim e eu fiz o mesmo dando um sorriso de canto, então o treinador Williams formou times de garotas para jogar handball, Hailee acabou por ficar no mesmo que o meu e agradeci mentalmente por isso.

Por vezes meu olhar persistia em ficar em Camila, ela não estava muito diferente do habitual e havia um laço branco na parte de trás de sua cabeça prendendo os cabelos castanhos. Pelo o que parece estavam ensaiando então ela fazia a coreografia totalmente centrada e vê-la naquele uniforme me deixou com um certo desvio de atenção.

Céus.

— Ei S/n?! – Bella me repreendeu, uma garota de nosso time disse quando eu perdi a bola de minhas mãos deixando que o time adversário a roubasse de mim.

— Desculpe. – eu disse e balancei minha cabeça me focando no jogo.

Não demorou muito para que a partida acabasse, ganhamos com alguns pontos feitos por mim e por outras garotas de meu time.

— Você é linda, tem a garota mais bela do colégio pra si e ainda joga bem. É egoísmo sabia? – Hailee disse ofegante e eu ri, meu corpo estava suado e caminhamos até a arquibancada onde abri minha bolsa.

Peguei minha garrafa de água e bebi logo jogando pelo meu corpo, a blusa branca se tornou transparente mas dei ombros, me enxuguei com minha toalha de rosto e estava me preparando para ir até o vestiário quando ouço a voz de Camila.

— Oi.

— Ei. – me virei a fitando dando um sorriso, não importa quando, ela sempre irá estar linda e apresentável.

— Parabéns pela vitória. – deu um sorriso tímido desviando o olhar para os próprios pés que balançavam.

— Eu apenas joguei pelos pontos, seria horrível não passar em educação física. – rimos e ela voltou seu olhar para o meu, ficamos em um silêncio confortável onde eu analisei e tentei fotografar mentalmente seus traços, era quase como algo celestial.

Sem superestimações.

— Eu-

— Nós-

Demos uma risada.

— S/s! – a voz de Hailee me chamou como um alerta para eu caminhar até o vestiário.

— Eu te vejo depois. – disse antes de sair.

— "Oh S/n, como eu te amo!" – a morena imitou uma voz fina e eu dei uma risada dando um leve empurrão na mesma.

Fiquei apenas de toalha e entrei numa das cabines, era o último horário então eu poderia demorar o quanto quisesse.

Já fazia um bom tempo que eu estava ali, a água caia pelas minhas costas relaxando todos os meus músculos me fazendo suspirar. Eu precisava pensar, o chuveiro me parecia um lugar mais que adequado para tal, bom até eu escutar a porta atrás de mim se abrir e fechar com brutalidade.

— Merda S/n, você precisa parar de ser tão quente.



n/a: eu sei... eu sei... eu demorei.

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