good girl | cc + you

i see you in everywhere

Acordei com o som estridente de uma chamada em grupo de Harry e Hailee, resmunguei recusando apertando o símbolo vermelho mas segundos depois o toque voltou a soar pelo meu quarto e me vi obrigada a atender a chamada de meus amigos.

— É DIA DE BAILE BEBÊ! – o garoto disse assim que entrei na ligação.

— Que merda Styles, não são nem 9h da manhã ainda. – reclamei e Hailee bocejou logo concordando.

— Você só está animado porque vai poder exibir o Louis. – a garota disse.

— Ah deixa de ser chata, como se você não estivesse feliz por ir com o presidente do grêmio, vulgo sua paixonite desde o fundamental.

— Ai cala boca Harry.

— Fico feliz por vocês. – passei a mão pelo rosto me levantando e indo até a janela observando a rua. — Mas eu não vou ao baile.

— OI?! – o olhos verdes indagou.

— S/n, não! – a garota disse manhosa.

— Você vai sim! Não precisamos ir em pares, vamos todos como amigos! – Harry insistiu e eu suspirei.

Eu não queria ver ter a chance de ver Camila, mesmo que fosse mínima, não queria ter que enfrentar o ambiente que um dia frequentamos e o pretendia fugir desse problema o máximo que podia.

Camila era meu problema.

Ela estava em todo lugar, seus lábios tocando os lábios daquele cara que eu sequer sei quem é estavam em todos os lugares e por onde eu ia eu escutava os ecos daquela frase. Seria burrice procurar vestígios de lógica no que a garota fez? Seria imprudência com meu coração não aceitar as coisas como são? Camila provavelmente não me amava mais, eu fui seu mero passatempo, sua "fase rebelde" e nada mais.

— Sim! Qual é S/a? Já fazem dias, você precisa se distrair um pouco também.

— Eu não quero estragar a noite de vocês. – passei a mão pelos cabelos. — Poxa, vocês vão em casal e eu vou ser a "empata foda".

— Garota não me faça usar o meu réu-primário, talvez você devesse convidar outro alguém pra ser seu par, convenhamos que todo mundo naquele colégio deita pra você.

— Harry?! – Hailee disse incrédula.

— Ah, isso é complicado Hazza.

— Não precisa chamar alguém S/a, ta tudo bem irmos todos como amigos. Acho que a brisa da manhã afetou o senso de noção do Styles.

— Relaxa mas vou pensar, talvez eu apareça por lá. – dei ombros com desdém.

— Sem chance S/s, você vai ao baile e esta conversa está encerrada ok? – apenas ri da fala do garoto.

— Depois nós nos falamos, tenho algumas coisas pra resolver. – eu disse e nos despedimos, desliguei a chamada e joguei o celular na cama.

"Talvez você devesse convidar outro alguém pra ser seu par"

Me joguei na cama e apertei os olhos, eu não queria dançar com outra pessoa, eu não enxergava dançando com outra pessoa além de Camila. Me virei e meus olhos começaram a marejar e a aquela dor, a dor tão familiar e conhecida, veio mais uma vez invadindo meu peito e roubando meu oxigênio. Era imaturo da minha parte estar daquele jeito, tudo aconteceu tão rápido e fugiu do meu controle, ingenuidade a minha pensar que tudo se manteria como um conto de fadas não é? Eu deveria saber, tudo tem seu fim e não seria diferente com o nosso "nós".

Mesmo que indiretamente, estava tudo bem claro e eu não iria mais incomoda-la, não iria mais lutar por algo unilateral, não iria mais me prender em devaneios.

As coisas são como são.

Me sentei, respirei fundo e sequei as lágrimas insistentes, minha cabeça já estava doendo e latejando. Em partes, Hailee tem razão, eu preciso me distrair, viver amando alguém que não corresponde seus sentimentos, é viver um completo vazio em vão. Vesti uma roupa de correr e coloquei os fones, apertei no aleatório e "The Less I Know The Better". Apenas dei um riso sem graça pelo contexto da música* e segui minha caminhada matinal.

Era como terapia sair sem rumo, correr e caminhar. Observar as pessoas e o que as deixavam felizes, o que elas faziam pela manhã ou se apenas tiravam o dia de folga, soa um pouco bizarro mas eram apenas observações de comportamentos, pessoas eram singulares e todas as escolhas que tomavam faziam parte desse conjunto de singularidades. Todos com seus hábitos, seus gostos, seus defeitos e derivados.

(...)

Após uma caminhada por cerca de 1h, parei em embaixo de uma árvore. Tirei os fones e respirei o cheiro de "verde", eu procurava formas de me manter conectada comigo mesma em meio tanto caos, eu não parecia estar longe da loucura porque estava sendo difícil manter minha essência.

— S/n? – a voz familiar chamou por mim e eu sai de meus devaneios.

Era Lily.

— Ah, oi! – ela apertou minha mão porque eu estava suada. — Eu não te vejo desde...

— Desde a festa do Justin. – ela completou e eu suspirei. — Céus, já tem muito tempo.

— É, você ta bem? Como andam as coisas? – perguntei iniciando uma conversa com a mais velha.

— Ah vão bem, eu estou estagiando no museu agora. – ergui as sobrancelhas. — A vida de adulta veio. – rimos.

— Meus parabéns! – eu disse e ela agradeceu.

— E como você ta? As coisas com a Camila andam bem? – engoli em seco quando ela mencionou o nome da cubana.

— Nós terminamos. – respondi com um suspiro.

— Uh, me des-

— Relaxa, ta tudo bem. – dei ombros e desviei meus olhos para meus pés.

— Bom, eu tenho que ir agora. – ela disse antes que se instalasse um silêncio constrangedor no local.

— Claro, eu também. – olhei em seus olhos e nos despedimos.

(...)

Eram quase 18h da tarde e então eu peguei meu celular digitando uma mensagem.

de: s/n
para: lily c

quer ir ao baile comigo?

[n/a: já postei um capítulo agora posso dar mais seis meses de hiato né?]

*pra quem não sabe, é uma música que fala sobre traição e "quanto menos o eu lírico sabe, melhor" = The Less I Know The Better