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Camila point of view:

— Você perdeu o juízo Karla?! – minha mãe quase gritou assim que eu e S/n saímos do carro, a garota tinha uma expressão preocupada e a sensação de medo percorreu todo meu corpo.

Meus pais são extremamente conservadores, eu sempre fiz minhas coisas as escondidas deles, inclusive o meu namoro. S/n sabia que eu não sou "assumida" para minha família desde o início e sei que no fundo ela queria que fôssemos como qualquer outro casal, que ela pudesse me beijar e me dar as mãos sem preocupação. Fizemos isso na escola mas os rumores são de que somos apenas "boas amigas", já que estamos sempre com nossos outros amigos e bom, não tenho o estereótipo de garota que gosta de garotas.

Isso é tão complicado!

É tão doloroso!

Mãe por favor- – sussurrei.

— Sabe quantas vezes eu te liguei?! Onde você estava?! – a mais velha continuava a gritar.

— Ela estava comigo. – S/n interviu. — Foi idéia minha nos passarmos a noite fora.

— E o que fizeram? – dessa vez meu pai indagou com os braços cruzados e uma expressão séria, abaixei a cabeça sentindo meus olhos marejarem e um bolor se formar na minha garganta.

Silêncio

Silêncio no ambiente

Eu apenas tinha cansado de ser covarde

Entrelacei minha mão com a mão da garota que me olhou espantada, respirei fundo antes de fitar meus pais.

— Nós estamos namorando.

Minha mãe arregalou os olhos e meu pai pareceu ter perdido seu rumo com minhas palavras.

— Como? – o mais velho perguntou e eu cerrei os olhos em determinação.

Eu estou apaixonada pela S/n, nós estamos namorando há meses.

Então minha mãe veio até nós e parou em minha frente, sua expressão estava tomada de ódio e ergueu a mão para me dar um tapa que me atingiu em cheio no rosto. S/n estava em choque com a cena, petrificada, como se não acreditasse no que acabara de acontecer.

— VOCÊ ESTÁ LOUCA?! – Sinuh gritou.

— Camila! – S/n veio até mim e me pegou em seus braços, eu já não segurava meu choro mais.

— Karla. – a voz grave de meu pai me chamou e o fitei por cima do ombro. — Entre para casa. – ordenou e eu apertei a jaqueta da garota mais forte. — Agora.

— S/n... – sussurrei olhando nas órbitas azuis que tinham os olhos como quem diziam "eu sinto muito".

— Entre agora Karla! – minha mãe disse apontando para porta e eu estava com tanto medo, eu apenas estava vulnerável demais para pensar em algo no momento. Apenas senti sua mão me puxando e me empurrando para longe do corpo de minha namorada. — E você... – a mais velha se aproximou da garota e apontou o dedo para ela. — Se ousar chegar perto da nossa filha novamente, vai desejar nunca ter nascido.

S/n apenas fechou o punho e cerrou os olhos antes de me dar um último olhar e entrar no carro saindo em alta velocidade. Mas aquele olhar, aquele mesmo olhar que me dizia "eu te amo".

Isso não poderia estar acontecendo!

Minha mãe me segurou pelo braço com brutalidade e me jogou para dentro da residência, fui sentada numa cadeira onde eles ficaram por horas dizendo o pecado contra Deus e contra a reputação dos Cabello's que eu estava cometendo, eu apenas tinha o olhar fixo em qualquer lugar. Eu já não chorava mais, eu estava numa espécie de transe vegetativo. Tive todos meus aparelhos confiscados e pelo resto da noite tive que ler o versículo da bíblia que dizia:

"Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é" — Levítico 18,22.

É claro que se adaptava para meu caso, eu gostava de garotas e fazer aquilo só me fazia ter mais certeza disso. Tenho certeza que não vou mais ao baile e irei me mudar para Boston mais cedo do que esperava, eu precisava falar com S/n, mas não sabia como faze-lo já que minha mãe colocou uma empregada na porta de meu quarto para que eu saísse apenas nos horários de refeições e para as orações, eu estava vivendo um verdadeiro inferno há dias depois daquele episódio.

Eu não aguentava mais

Todas as tardes eles traziam um pastor em casa e seu filho, Shawn o acompanhava. Tinha a ligeira impressão que queriam que eu me aproximasse do garoto tímido.

Eu não podia acreditar na tática nojenta de meus pais

Após a oração meus pais foram conversar com o pastor Mendes e Shawn evitava de me olhar por muito tempo, parecia que não queria que eu percebesse mas é claro que eu percebi, sua perna estava balançando freneticamente entregando seu nervosismo. Suspirei fundo e coloquei as mãos sobre o rosto sentindo meus olhos marejarem.

Eu sinto tanto sua falta S/n

Por favor, diga que você não desistiu

— Oi. – a voz trêmula do garoto soou e eu dei minha atenção para ele. — Sou o Shawn. – então dei um sorriso de canto, eu havia tido uma idéia brilhante.

Talvez ele seja muito útil

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