Capítulo Sete

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Just like they say it in the song
Until the dawn, let's Marvin Gaye and get it on

Marvin Gaye – Charlie Puth

Os primeiros raios de sol adentram o quarto de Estella, os olhos dela se abrem com uma ansiedade imensa que nem conseguiu dormir na noite passada, muito menos tirar um cochilo. Ela espera por mais uma hora e meia até o relógio bater o ponteiro no número seis.

Seu pé direito está se mexendo apressadamente, enquanto ler o livro Fallen para passar o tempo. Toma um gole de água do copo que fica na mesa ao lado da cama. Passos firmes vindo do corredor ecoam, o que a faz deduzir que seja seu pai saindo cedo para trabalhar, no mesmo momento, o celular desperta fazendo-a virar o rosto apressadamente abrindo um sorriso ao ver que já são seis horas em ponto.  

Estella fecha o livro e coloca na mesinha, levanta e pega a mala. Passando a mão na barriga, tenta aliviar o desconforto misturado com borboletas batendo na parede do estomago sinalizando um certo medo, sofrendo antecipadamente ao temer que a inconveniente da madrasta a questione. Ela não sofreria sem motivo, sabe bem que Manoela adora pegar em seu pé quanto a isso.

Calma Estella! É só você passar pela cozinha e dá bom dia, ou quem sabe passar direto sem falar nada. Papai já sabe de tudo e não vai questionar. Fica tranquila! Conversa consigo mesmo mentalmente tentando aliviar a tensão.

Estella coloca a mochila nas costas, abre a porta do quarto e caminha apressadamente escutando os dois conversarem na cozinha aos risos, o que favorece a passagem rápida até a porta. Ela segura a maçaneta e gira bem devagarzinho para não fazer barulho até que...  

— Boa Viagem! — A voz do seu pai vem da cozinha fazendo seu coração disparar com o susto.

Estella passa a mão na testa úmida de suor, fechando os olhos com os lábios pressionados. Solta o ar dos pulmões que nem sabia que estava segurando.

Porra! Tomara que ele não saia da cozinha.  

— Obrigada! — Força animação girando a maçaneta o mais rápido possível.

Estella chega ao ponto de taxi mais próximo de sua casa, mas quando levanta o braço o carro preto de Tomas para a sua frente, fazendo-a franzir o cenho. Os vidros fumês descem e lá está ele, com óculos escuros e o sorriso charmosamente devasso. Puta merda! Como ele consegue fazer isso?

Um suspiro escapa de seus lábios ao vê-lo. Então, ela tenta conter a respiração e os pensamentos sórdidos, mantendo firme os pés no chão para as pernas não ficarem bambas. Essas coisas tem acontecido facilmente todas as vezes que o ver.

— O que faz aqui?

— Como te falei da última vez, estou procurando uma pessoa.

Estella entra no carro e joga a mochila na parte de trás.

— E ainda não achou essa pessoa?

— Pelo o que sei, a pessoa mesmo já morreu. Estou procurando alguém que teve contando com ela. Uma irmã, filha. Enfim, essa foi minha última tentativa. — Tomas joga o braço no banco do carro em um tom brincalhão e diz: — Está pronta para a viagem?

— Não vai ser bem uma viagem, mas sim, estou pronta.

— Você é uma estraga prazeres.

Estella bufa e empurra o ombro de Tomas.

— Palhaço.

O sorriso devasso desaparece em meio uma sensação boa e... leve? Ele não sabe o que está acontecendo com si próprio, o motivo de Estella causar tantas emoções que há tempos não sentia.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora