Keep my heart from building walls
So high you can't get through
Treat me soft and tenderSam Kim - Love Me Like That
O menino se aproxima com o rosto iluminado por um sorriso alegre ao vê-la, estende a flor em sua direção e diz:
— Para você, mamãe.
A respiração dela volta a ficar apressada ao mesmo tempo que o coração está a ponto de explodir em seu peito. Não... Não... Ela se afasta do próprio filho como um instinto, com medo de machuca-lo novamente. Tomas se aproxima preocupado e estende a mão em sua direção para levanta-la, mas ela está vidrada no filho que começa a ficar triste e com os olhos marejados. Isso a deixa mais atordoada.
Estella sempre manteve uma relação distante do filho, pois sempre teve medo de fugir do controle que tenta manter. Ela o ama. Ama muito. Por isso, tenta manter-se distante para não o machucar de forma alguma.
— Por favor! Não chora. — Ela implora entre lagrimas ainda mantendo a distância. — Por favor!
— Tales, vai guardar no quarto a flor da sua mãe. — Tomas pisca o olho para o garoto tentando tranquiliza-lo.
O olhar do menino se torna quebrado com uma tristeza que parece irreparável, fazendo Estella se sentir cada vez mais culpada. Ele vira as costas e passa a caminhar com o girassol nas mãos, que aparenta ser o dobro do tamanho dele, cabisbaixa em direção a casa.
Estella o ver desparecer entre as plantas, seu peito se enche de dor por decepciona-lo mais uma vez. E novamente a ideia de que nunca deveria ter se tornado mãe, volta para atormenta-la. Tomas agacha na frente dela com um olhar analítico tomando sua atenção, mas isso não a deixa apreensiva nem intimidada, deixando as lágrimas transbordarem dos seus olhos.
— Estella — Ele tira as luvas de jardinagem das mãos passando uma das palmas suavemente pelo rosto dela, limpando cada lágrima que insistia em escorrer por seu rosto. —, respira e expira.
Tomas inspira e ela o segue. Ele expira e ela o segue de novo, sentindo-se mais calma a cada vez que repete os movimentos de respiração
Inspira e expira... inspira e expira... inspira e expira...
— Sente-se melhor?
Estella balança a cabeça indicando que sim, então entrelaça seus dedos entre aos de Tomas e se levanta ficando pouquíssimos centímetros de distância do rosto dele.
Seu desespero emocional se transforma em raiva no mesmo momento em que levanta a cabeça e o fuzila com os olhos. A culpa é totalmente de Tomas, se a cabeça dela não tivesse ficado cheia com as ameaças de Hélia junto com a exposição do namoro que teve com Tomas, Daniel que não atende o celular e depois Tomas de novo com seu filho. Tomas, Tomas e Tomas. Não teria como ter pior gatilho, quando só o nome dele a faz sentir-se mal.
Ódio.
É o que ela sente do homem a sua frente, queria mata-lo e esgana-lo várias vezes depois de morto, só para olhar de novo e de novo para a cara dele. Isso pe loucura. Loucura.
Merda!
É difícil sentir-se tão intensa quando se está diante de alguém que já amou um dia ou, talvez, apenas talvez, ainda sinta o mesmo, por mais que seja em uma proporção bem menor.
— Tem certeza que está bem?
— Não. E a culpa é sua! — Dispara deixando Tomas confuso.
— Minha?! E o que foi que eu fiz agora?
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O Duplo Gosto De Um Girassol
Teen FictionEm busca de manter-se longe da conturbada vida pessoal, Tomas decide ir a João Pessoa no intuito de entregar a carta deixada por sua falecida mãe, só não esperava que uma noite na balada fizesse seu caminho cruzar com o de Estella. Uma garota sensív...