Capítulo Cinco

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And I've heard of a love that comes once in a lifetime
And I'm pretty sure that you are that love of mine

Ruth B. - Dandelions

São quatro horas da tarde de uma quarta tranquila e iluminada com um pouco de calor, mas nada impede que Estella execute sua fuga mesmo com a madrasta e o pai assistindo tv sentados no sofá da sala. Ela pisa levemente no chão para não tirar a concentração dos dois, enquanto passa por trás dos mesmos em direção a porta.

Hoje se encontrará com Tomas pessoalmente, ambos resolveram se ver depois de passarem dois dias conversando pelo WhatsApp. Não existe pessoa mais empolgada do que Estella, está tão animada do que o normal e nem mesmo Manoela consegue tirar tanta animação. 

Quando chega a parte de fora da casa, Estella tira um frasco de perfume da bolsa e borrifa no rosto, corpo, braços enquanto caminha pela rua. Se tivesse colocado o perfume dentro de casa, o focinho de cachorro da madrasta sentiria no mesmo instante e começaria o início de uma guerra, sem falar que poderia fazer várias perguntas só para impedi-la de sair.

Ao jogar um perfume na bolsa e passar o zíper, percebe o som de um motor se aproximando em uma rua que não é muito movimentado. Então vira-se discretamente para trás percebendo que um carro preto está seguindo-a devagar, ela vira em uma esquina a direita para despista-lo, mas o veículo continua a seguindo. O pior de tudo, é que não dá para ver o rosto do motorista por causa dos vidros fumê.

A respiração da jovem começa a falhar, seus passos ficam cada vez mais rápido sentindo a boca ficar mais seca a cada segundo. Céus! Por que estou sendo seguida? Pergunta-se em pensamentos, não conseguindo nem mesmo abrir a boca para pedir socorro. Não tem muitas pessoas circulando pelas ruas, estão trabalhando em plena quarta-feira ou ocupadas com suas vidas monótonas.

O carro chega cada vez mais perto, em uma lentidão agoniante a cada centímetro que se aproxima. 

Está praticamente correndo pelas calçadas cansada, o suor pingando pelo chão. Droga. Vendo-se encurralada e sem muitas opções, Estella se abaixa ao ver uma pedra no meio fio e vira-se de frente para o carro ameaçando jogar no para-brisa, o que faz o carro parar.

— Quem é você? E... — A voz falha em meio a respiração ofegante. — E Porque você... você está me seguindo? — Indaga corajosamente aos berros em busca de saber quem é o motorista. — Fala! Aparece seu covarde!

Os vidros passam a baixar demoradamente, apenas para tortura-la mais e mais. O peito da garota parece querer explodir em uma sensação agoniante misturada com ansiedade e medo, até que o rosto começa a aparecer aos poucos fazendo o sangue dela ferver ainda mais nas veias. Risadas incontroláveis saem de dentro do carro a deixando ainda mais furiosa, porque ela recebera muitos áudios nos últimos dias escutando a mesma risada.

Então Tomas aparece de vez tomado por gargalhadas, pondo a mão na barriga que está doendo de tanto rir. Parece que o humor ácido dele tem voltado com mais força nos últimos dias.

— Você é um idiota! — Ela joga a pedra dentro do carro passando de raspão por cima da cabeça dele, praguejando a si mesma por não ter acertado.

Assustado e ainda rindo, Tomas pergunta:

— Você é louca?

— Não, mas nesse momento eu estou louca para acertar sua cara com um tapa! — Responde irritada.

— Eu adorei sua cara de pânico. — Fala tentando sufocar as gargalhadas, pois não quer parar em um hospital para fazer uma sutura. — Parecia que faltava pouco para ter um infarto. Você ficou com o olho maior do que o normal.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora