O Duplo Gosto De Um Girassol

Capítulo Onze

If I let you, leave the light on and I drop my guard
Promise that you'll see me for my truth and not my scars

Ava Max – Naked 

A luz entra através da janela, passando por uma pequena brecha ao lado da cortina e parado bem no rosto de Estella, despertando-a. Os seus grandes olhos castanhos se abrem um pouco confusos, passando a visão por todo o ambiente como se estivesse fazendo um reconhecimento, até se dá conta que está no quarto de Tomas deparando-se com o mesmo sentado cabisbaixa em uma cadeira a frente da cama.

Ele está concentrado com um lápis grafite na mão e um caderno que ela deduz ser... de desenho? Talvez esteja desenhando pelo suspiro inspirador que solta de seus lábios, antes de levantar o olhar em sua direção. O coração de Estella dispara ao sentir as írises escuras dele acompanhar cada traço do seu corpo em um tom de admiração, apreço e algo mais que a deixa mais confusa. Ela aproveita para fazer o mesmo, sentindo-se abraçada pela ousadia dos seus desejos, até morder seu próprio lábio inferir ao perceber que Tomas está sem camisa, mas eis a questão: Onde está o ar que parece ter faltado?

Nem quando ambos estavam dormindo naquele mesmo quarto na pousada, Tomas ousara ficar sem camisa na presença dela, mas agora... agora ele parece não se importar nem um pouco com aquele detalhe, muito menos ela. Tomas não é musculoso, mas também não é magricelo, tem um corpo perfeitamente definido com mais alguns sinais espalhados por seu peito, são poucos.

Ela se sente uma pervertida por devora-lo tão ferozmente com os olhos, mas não se sente mal, pelo contrário, quer toca-lo e realizar as fantasias que vem sonhando todas as noites nos últimos dias. Seus pensamentos parecem terem expostos seus desejos, após minutos de olhares e admirações inexplicáveis, Tomas se levanta e joga o caderno e o lápis em cima da mesa de madeira antiga no quarto.

Ele se volta para a cama com um olhar carregado de luxuria, Estella prende o lençol na mão ao sentir-se envolvida pela mesma carga que Tomas. Novamente morde seu lábio inferior, mas dessa vez por estar nervosa pelo rumo que o momento pode tomar. Tomas apoia as mãos na cama sentando-se devagar, até que em um piscar de olhos Estella percebe que tudo que está acontecendo não é nada fruto dos seus sonhos, o que a leva a pensar: O que porra estou fazendo aqui? Ela olha por baixo dos lençóis e sente um alivio ao perceber que está com as roupas intactas.

— Porque eu estou no seu quarto?

Com um sorriso travesso, Tomas engatinha até Estella ficando com o rosto próximo ao dela.

— Não lembra mesmo de ontem à noite? — Sussurra maliciosamente tirando arrepios pelo corpo da garota.

As lembranças da noite passada parecem não ser tão claras, ela recorda da festa, das bebidas, que dançou muito com João e Leandro, mas depois... Abre os olhos ao lembrar do papelzinho que engoliu. LSD...

Você tem três olhos, é o deus leão... Vamos para o hotel?... Estella olha de soslaio sentindo o rosto formigar por lembrar vagamente do convite de Tomas, depois retoma suas lembranças que estão retrocedendo aos poucos. Então, suspira ao lembrar do beijo em frente a caixa de som. Seus olhos se fecham entregues a doce lembrança, a ponto dos seus dedos tocam seus lábios e o cheiro amadeirado do perfume dele está forte em suas narinas. Não, não é um sonho, até porque ele está a poucos centímetros dela.  

A mão de Tomas encosta na de Estella, tirando-a da frente para que ele possa de uma vez tomar os lábios dela e tornar os sonhos dela, e também dele, realidade. O ar se torna mais pesado, enquanto novamente estão envolvidos em um olhar intenso e inebriante.

Os olhos de Tomas descem até os lábios ofegantes de Estella, o peito dela sobe e desce rapidamente deixando-o ainda mais louco a ponto de acabar com tal agonia e selar seus lábios de uma vez em um beijo. E meu Deus! Que beijo! Os dedos dela adentram os cabelos de Tomas com urgência, tudo que mais quer é senti-lo presente em cada parte do seu corpo.