Capítulo Treze

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Yeah, the friends who stuck togetherWe wrote our names in bloodBut I guess you can't accept that the change is good

 Paramore – Ignorance 

Após se olharem pela quarta vez, completamente perdidos no que está acontecendo, Estella e João correm na direção de Jaqui que entra na escola acompanhada dos policiais.

— O que é isso, gata? — João tenta sussurrar, mas sua voz sai alta mesmo assim, fazendo os policiais pararem para encara-lo.

Não tem como julgar a reação dele, visto as circunstâncias que essa história toda levou. Quem? Mas quem poderia imaginar que Jaqui chegaria com menos que dois polícias na própria escola?

— A polícia vai resolver as coisas, também me orientou a ir para a sala de aula e os aguardar.

— Babado!

Os dois policiais abrem caminho para que Jaqui, João e Estella possam entrar na escola, e assim fazem. Todos os alunos que andam pela escola, conversam e estão encostados nas paredes, param o que estão fazendo apenas para olhar Jaqui. São olhares julgadores acompanhados de sussurros, não é preciso chegar perto para saber que estão falando dela.

Jaqui não baixa a cabeça, continua erguida transparecendo ainda mais a pessoa fria que existe dentro dela. Todas a viam como uma garota humilde e absurdamente inteligente criada pela avó, a quem nunca falava da mãe a qual muitos diziam que morrera ou abandonara sem motivos. Nem mesmo os alunos que fazem bullying ousou fazer com Jaqui, por mais que com Estella tenha sido diferente e só pararam quando a mãe dela morreu.

Existe sussurros por todos os lados do corredor, a cada passo que dão as pessoas não pararam de olhar e falar, mas estão todos julgando não ser verdade. De um lado existe Otávio, o expositor, conhecido pela fama de galinha e pegador, do outro, Jaqui, a exposta, a qual todos conhecem por se manter sempre em silencio e dedicada ao ponto de se tornar a melhor aluna da escola. É de se duvidar que Jaqui tenha feito as coisas que Otávio postou, Estella também duvidara antes de saber da verdade, mas agora ela sabe, e não julga. 

Ao contrário de Jaqui que se mantém curiosamente fria, Estella baixa o olhar sentindo seu rosto formigar. Ela tenta engolir a saliva, mas o nó formado em sua garganta impede. João parece apreensivo também, não existe nenhum resquício do seu bom-humor.

— Agora, é o gay, a prostituta e a traída. — João acena com os dedos sorrindo para um garoto que o olha enojado, tentando reacender a confiança.

— Eles não nos chamariam de uma forma tão educada, João. — Corrige Estella. — Na boca deles, é o viado, puta e chifruda. Sempre vão nos enxergar como erros, quanto na verdade, eles são os lixos.  

Assim que os três entram na sala mais olharem se voltam em suas direções, seriam julgadores ou de dúvidas? Não importa, pois ambos seguem juntos

— Isso não vai ser fácil. — Estella senta na cadeira.

— Não mesmo, o Otávio vai precisar de um bom advogado. — Balbucia Jaqui com um sorriso vacilante.

O restante dos alunos entra na sala junto com a professora de biologia, que não consegue disfarçar o olhar curioso.

A professora ministra a aula parando pela sétima vez para interromper a conversação, evitando tocar diretamente no assunto, mas quando se prepara para retomar o que estava falando quando escuta alguém bater três vezes na porta.

— Diretora. — Diz a professora de cabelos cacheados e loiros.

— Desculpe a interrupção Valdinéia, mas eu vou precisar levar a Jaqui um instante.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora