Capítulo Três

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Give me one chance, just a little
Baby, I'll treat you right
And I'll love you like I shoulda loved you all the time

The Weeknd – out of time.

São cinco horas da manhã, Tomas ingere o último gole de uísque finalizando a segunda garrafa e por incrível que pareça, continua perfeitamente consciente. Isso se deve ao seu vício precoce, pois o jovem Ayhalla passara a tomar bebidas alcoólicas desde que tinha apenas dez anos de idade.

Ele se levanta do banco passando o olhar em volta da boate percebendo que resta pouquíssimas pessoas, o mesmo desliza a mão por sua camiseta listrada de preto e branco e caminha até a saída. Ao olhar pelos lados, nota que o carro que alugou não está mais na vaga que deixara. Me passa a chave da sua suíte, Tomas coça o couro cabeludo ao lembrar que entregou duas chaves a Leandro, á da suíte e do carro.  

A única alternativa que resta é ir andando, ou talvez pagar um taxi. Não... precisa esticar um pouco as pernas, passara muito tempo sentado naquele banco.

Após andar quase cinco quarteirões, Tomas chega ao hotel no qual se encontra hospedado, que por sinal é um dos hotéis de sua família. Não queria ter ficado em nada que tivesse a ver com o pai, mas Leandro teve a infame ideia de ter feito a reserva com Marcone sem o consultar.

Você é um palhaço, as doces palavras de Estella surgem como uma flor em seus pensamentos, arrancando suspiros leves como se estivesse sonhando. Quem dera realmente estivesse em um sonho, talvez não precisasse voltar para São Paulo no final das contas. Você é um palhaço, escuta a voz dela novamente, lembrando de sua mãe que o chamava assim em todas as vezes que faziam pegadinhas juntos. Ele nunca colocara em palavras a saudade que sente dela, sempre reprimiu para si mesmo, o que no fim se tornou algo ruim.

Então Tomas entra no hotel Ayhalla, encontrando-se eventualmente com a amiga de Estella que está de saída com os sapatos na mão.

— Pelo jeito, sua amiga não sabe nada de você. — Balbucia quando passa ao lado dela.

A jovem congela no mesmo instante assustada, a mesma se vira para o lado e pergunta:

— O que disse?

— Que a sua amiga não sabe nada de você. E pelo jeito, quase ninguém sabe sobre as coisas que você faz, mas também não é nada da minha conta. Pode ficar tranquila.

Ela respira aliviada, retomando o percurso para fora do hotel em silêncio.

Tomas segue para o elevador sendo cumprimentado por todos os empregados, o que o deixa um pouco constrangido por saber que estão fazendo isso pelo simples fato de ser filho do dono.

Ao chegar ao décimo e último andar, ele segue direto para a sua suíte no final do corredor e bate na porta diversas vezes.

— Leandro, sou eu. Abre logo essa porra! — Berra de saco cheiro de tanto esperar.

A porta abre na mesma hora. Leandro está vestido com um roupão preto, com um semblante de quem aproveitou muito bem a noite. Tomas apenas passa por ele tirando a camiseta jogando em algum lugar do quarto, sem perguntar nada. O mesmo se deita de bruços na cama sentindo cada musculo do seu corpo relaxar, enquanto reza mentalmente para que a camareira já tenha passado no quarto e trocado os lençóis.

— Eu disse a Marcone que você vai passar mais tempo no Nordeste.

— Nem precisava falar. — Se esforça em dizer.

Leandro se senta na cama e pergunta:

— Eu vi você com aquela gatinha, você também aproveitou a noite com ela, não foi?

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora