Capítulo Dezenove

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I was painting a picture
The picture was a painting of youAnd for a moment
I thought you were hereBut then again, it wasn't true, down

AURORA – Runaway 

— Qual?

— Meu pai me colocou para fora de casa ontem à noite.

— Isso não é nada bom Estella. Nada bom!

— Você pode tentar falsificar a assinatura do meu pai. — Sugere.

— Esse tipo de coisa vai contra os meus preceitos, mas como estou precisando apresentar uma nova modelo com urgência para meu cliente em Nova York, vou fazer isso. Tem algum documento que possua a assinatura do seu pai e o número do CPF e RG?

— Eu guardei a cópia de umas permissões de viagens que ele fez em minha mochila.

Manoela foi bem astuta no momento de juntar as coisas de Estella com a sacola de lixo, por mais que não tenha sido nem um pouco organizado e educado, mas pelo menos entregou absolutamente tudo da garota. A mochila com as permissões de viagens da escola assinadas pelo pai, estão todas em seus devidos lugares, assim como Estella havia deixado.

— Ok! Traz esse papel hoje à noite sem falta. Aliás, com o seu amigo incluso. Partiremos amanhã cedo. Não quero nada atrasando nossa ida.

— Certo. Nada vai nos atrasar. — Sua voz sai embargada, enquanto seu olhar se vira repleto de tristeza para uma janela com a visão do mar.

Nada em sua vida está saindo como planejado, se bem que ainda não havia planejado nada, mas não esperava seguir por um caminho que nunca quis. João um dia falou que Estella era inocente por confiar em todo mundo, agora ela percebe que o amigo sempre esteve certo quanto isso, pois sente-se a pessoa mais tola do mundo por ter confiado e se apaixonado por Tomas.

...

Tomas já está no decimo terceiro gole de Gin, enquanto dirige o carro rapidamente em direção a casa de Estella. Se considera o maior de todos os otários do mundo por não ter contado a verdade a tempo, mas não seria uma verdade por completo se não resolvesse os empecilhos que lhe aguardavam em São Paulo.

A garrafa está na metade, gostaria realmente de estar bêbado antes de iniciar o primeiro gole, talvez diria que o endereço na carta da mãe seria o mesmo que o de Estella por causa dos efeitos do álcool. Porra! O Brasil não é tão pequeno assim para descobrir que a pessoa que estava procurando, na verdade, é a mãe da mulher que ama.

O pé vai direto no freio no momento em que para exatamente na casa em que visitara quando chegou a João Pessoa, ainda não consegue acreditar em tudo que está acontecendo. Ele gira a chave do carro e desliga, em seguida, sai tirando a carta do bolso.

Um pedido de desculpas está sendo arquitetado em sua cabeça, é claro que se for atendido pelo pai talvez seja enxotado por dois motivos: Ser um homem procurando a filha dele e estar cheirando a álcool. Mas não se preocupa especialmente com a opinião dele, somente com a de Estella e mesmo que diga que não o quer mais, Tomas não vai desistir fácil.

Então joga a garrafa de Gin no meio da rua e começa a caminhar em direção a porta da casa, logo, está diante da mesma porta que batera há semanas atrás. Suar frio por causa de uma garota nunca lhe ocorreu, até agora.

Tomas bate duas vezes, até que a porta é aberta pela mesma mulher da outra vez.

— Boa tarde! — Diz Tomas ofegante. — Estella está? Eu... — Olha discretamente para dentro da casa, em busca de algum sinal dela. — Eu preciso falar com ela. Teria como dizer a ela que estou aqui?

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora