O Duplo Gosto De Um Girassol

Capítulo Trinta e Um

To kiss in cars and downtown bars
Was all we needed
You drew stars around my scars

Taylor Swift - Cardigan

Tomas preferiu dispensar os empregados durante a sexta-feira, já passara toda a semana de mal humor e tentando marcar o mais rápido possível uma viagem de volta para a Itália. Prefere estar afogado no trabalho a quilômetros de distância de São Paulo, do que ver Estella novamente e não poder toca-la, beija-la e sentir o calor do seu corpo aquecendo-o em todos as partes.

Escutar apenas o som da chuva o deixa relaxado, em meio a escuridão espalhada por todos os cômodos da casa. Está sentado em uma poltrona, degustando a segunda taça de vinho de mais cinco que o esperam, ele observa as gotas da chuva baterem no vidro da janela e escorrem lentamente tomando mais um gole de vinho.

O som de um carro buzinando várias vezes tira sua concentração. Quem diabos estaria procurando-o em plena madrugada? Ele deixa a taça em cima do centro espelhado e levanta, passa a mão no cabelo e segue com os pés descalços até a janela. O espaço entre suas sobrancelhas franze assim que a ver parada apertando a campainha, Estella não parece se importar com a chuva muito menos se o carro vai molhar com uma das portas abertas.

O que ela veio fazer aqui? Se pergunta mentalmente. 

Evitar a casa do pai pareceu ser a melhor opção para não a ver, e durante uma semana isso realmente deu certo, mas, agora, ela está na porta de sua casa parecendo precisar de algo. Ajuda? Não. Não é a pessoa mais indicada para ajudá-la, não foi nem mesmo no momento em que deveria estar com ela.

Tomas balança a cabeça afastando a tentação de abrir a porta, mas quem sabe seja algo grave que requeira ao menos ser escutado. E novamente balança a cabeça, dessa vez, vira as costas para não a ver novamente só que algo dentro de si o impede de seguir a diante até sua poltrona. Seu corpo o traí, voltando novamente para frente da janela somente para observa-la, está vestida com uma camisola vermelha colada ao seu corpo por estar tão molhada, deixando os mamilos a mostra. A boca dele enche de água só em pensar chupando-os.

Então, ele olha detalhadamente as curvas de Estella, não a dúvidas de que amadureceu bastante tornando-se uma linda mulher. Certo que não pode tê-la de volta, mas seu irmão jamais poderá entrar em seus pensamentos para saber as fantasias que tem criado desde que voltou a vê-la.

Uma luz forte brilha no céu, o que Tomas julga ser um raio. Estella levanta a cabeça para cima assustada, provavelmente tentando entender o que acaba de acontecer.

Tomas só se dá de conta que não está mais no quarto, quando percebe que está descendo escada a baixo. Não sabe em que momento saíra do quarto, mas decide não parar e vai até a porta girando a maçaneta. Então, ele a ver mais perto virada de costas, seus pés seguem descalços em sete passos que o leva a ela.

Os braços dele a envolvem fazendo-a notar sua presença. Ele está preocupado ao mesmo tempo que excitado, pode muito bem deixar seus desejos de lado e cuidar de Estella para que não fique doente.

Os grandes olhos dela encontra os seus, causando um calafrio que nem mesmo o frio da água que caí do céu foi capaz de causar. O mundo ao redor dos dois se desmancha em água, mas nada mais importa do que este momento. Ele a ama feito um louco. Daria tudo para tê-la de volta, mas jamais ficaria contra sua própria família.

Tomas pisca os olhos quebrando o transe que os envolver, em seguida, grita:

— O que está fazendo aqui? Estella balança a cabeça sem responder nada, apenas se aproxima e o beija. Não estava em seus planos cair novamente na fraqueza desde o último beijo, mas não consegue, mais uma vez, evitar. Então, ela para o beijo e o olha com desejo, consumindo a sanidade que ainda resta dentro dele. Você vai ter que me perdoar Daniel, Tomas se desculpa com o irmão em pensamentos. Os cantos da boca dele se curvam em um sorriso dissimulado, no exato momento em que se atreve a perguntar: — Gostaria de entrar na minha humilde residência?