You're a shooting star, I see
A vision of ecstasy
When you hold me, I'm alive
We're like diamonds in the skyRihanna - Diamonds
JARDIM AMERICA, SÃO PAULO - CAPITAL
12 DE NOVEMBRO DE 2005
TRÊS HORAS APÓS A QUEDA DO AVIÃO DE VÍRGINIA
Hélia sente que algo não está indo bem, seu pai recebera uma ligação há uma hora atrás e pareceu um pouco tenso ao subir as escadas em direção a seu escritório. Um pressentimento está a deixando apreensiva desde que acordou, e tudo ficou ainda mais intensificado quando seu irmão mais novo sentiu um calafrio no exato momento em que sua mãe colocou o pé direito para fora da casa.
Sentada em um sofá de couro, Hélia observa o quadro da família na parede da sala. Até que Daniel, seu irmão mais velho, se aproxima silenciosamente pousando a mão em seu ombro e pergunta:
— Alguma notícia sobre o tal telefonema?
— Nenhuma. Ele subiu e até agora nada.
— Estranho. — Seu irmão franze o cenho.
Passos animados ecoam vindo por cima das escadas, Tomas, seu irmão caçula desce animadamente parando a sua frente, ignorando Daniel por completo.
— Diz ao velho que eu vou jogar videogame na casa do Leandro.
— Ninguém vai para canto nenhum. — Branda seu pai no alto das escadas, levando o olhar dos três filhos em sua direção.
Ele desce degrau por degrau friamente com um copo de uísque na mão, os ombros relaxados e o nariz um pouco vermelho. Hélia e Daniel sempre tiveram uma leve suspeita de que seu pai faça uso de cocaína, mas nunca tiveram uma confirmação ou ousaram ao menos perguntar.
Já diante dos filhos, ele toma um último gole da bebida e fala em um tom de voz calma e gélido:
— O avião que a mãe de vocês viajou caiu.
Os olhos dos três filhos se abrem assustados. O ar parece ter pesado diante de um breve silencio, Hélia levanta-se do sofá e indaga assustada:
— O que?
Hélia Deseja veemente que ao menos uma vez o pai esteja brincando, até porque como falaria tão tranquilo com algo tão grave? Não que Marcone já não fosse o tipo de pessoa que trata de assuntos tão sérios como se não fosse nada, mas poxa, a esposa dele estava entre os passageiros do avião.
— Não houve nenhum sobrevivente.
A palavras do pai entraram no peito da garota como uma bala perdida perfurando-a em câmera lenta, a última despedida clareia em seus pensamentos que agora estão bagunçados. Não, Hélia não se despedira da mãe pensando ser mais um dos dramas maternos dela, mas jamais pensou que a mulher do sorriso mais lindo que já vira na vida, a deixaria tão jovem. Céus! Virginia estava com apenas trinta e sete anos.
— Você disse que a minha mãe morreu? — A voz de Tomas saí baixa e áspera. O pobre garotinha está ofegante com os olhinhos escuros repletos de lágrimas e tristeza, como se toda a vitalidade e animação que emanam dele estivesse prestes a escorrer por seu rosto. — Papai! Diga que é mentira! Diga! Por favor!
Tomas raramente chama Marcone de pai, somente quando precisa de alguma coisa ou para evitar de levar uma bronca, mas agora, agora é diferente. O pobre garoto suplica para que não seja verdade, pois tudo o que deseja é voltar a ter o abraço da mãe novamente o aquecendo na hora de dormir, ou escutar a voz animada dela na hora de pregar alguma peça. Isso quebra ainda mais o coração de Hélia, pois com sua mania de organização, ela sempre colocava a bagunça dos dois no lugar.
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O Duplo Gosto De Um Girassol
Fiksi RemajaEm busca de manter-se longe da conturbada vida pessoal, Tomas decide ir a João Pessoa no intuito de entregar a carta deixada por sua falecida mãe, só não esperava que uma noite na balada fizesse seu caminho cruzar com o de Estella. Uma garota sensív...