O Duplo Gosto De Um Girassol

Capítulo Quarenta e Quatro

Life was a willow and it bent right to your wind
Head on the pillow, I can feel you sneakin' in
As if you are a mythical thing
Like you were a trophy or a champion ring

Taylor Swift - willow 

Após um mês da morte de Marcone, os três filhos estão pela primeira vez de volta a casa em que cresceram, a mesma que contém lembranças boas e ruins que levaram para o resto de suas vidas. Ambos estão sentados nas poltronas da biblioteca na presença do oficial de justiça, ao qual vai ler o testamento deixado por Marcone. A metade dos bens fora congelado após investigação, com isso, a partilha que será feita, é levando em conta o que ele construiu com a esposa e junto aos filhos.

Estella segura forte a mão de Tomas que sorrir levemente, os dois tem passado muito tempo juntos desde o dia do acidente, o medo de perder a amada fez com que Tomas passasse a valorizar ainda mais cada minuto ao lado dela, como se cada dia fosse o último.

A porta da biblioteca se abre e Jaqui entra discretamente, mas não o suficiente, pois Daniel franze o cenho e questiona o oficial:

— O que ela está fazendo aqui?

— Ela também tem parte no testamento.

— O que? — Os três irmãos falam ao mesmo tempo sem acreditar.

— Vamos dá início ao procedimento para obter resposta. — O oficial abre a pasta, pegado as folhas já em suas mãos. Então, começa: — Eu, Marcone Ayhalla de Macedo, deixo vinte e cinco porcento da casa em que estive morando até os últimos dias da minha vida, para a minha querida irmã, Ruth, e minhas sobrinhas, Aline e Alana. Os outros vinte e cinco porcento para meus três filhos Daniel, Helia e Tomas Ayhalla. Cinquenta porcento do grupo Ayhalla vai ser dividido entre meus filhos mais novos, Helia e Tomas...

Daniel abre um sorriso de orelha a orelha esfregando as palmas das mãos, ansioso para que o oficial finalize com o melhor e merecido presente de desculpas. O desgraçado de seu pai não poderia ter deixado presente melhor de desculpas, como cinquenta porcento das ações da empresa unicamente para ele. O fato de Jaqui está presente o incomoda, mas o satisfaz com o gosto que terá quando ela presenciar o exato momento em que Daniel se tornar sócio majoritário do grupo Ayhalla. Isso não será somente satisfatório, será a vingança perfeita. 

— ... Os cinquenta porcento restantes correspondentes a casa e a empresa, deixo a pessoa que sempre admirei pela inteligência e a forma rápida em resolver os problemas nos negócios e na vida. — Daniel enxuga uma lágrima emocionado. Seu peito sobe e desce de tanta ansiedade. — Por isso, deixo metade de tudo que possuo para quem me acompanhou com maestria no desempenho do nome do grupo Ayhalla, Jaqui Candido Vieira.

Todos se viram para trás para encarar Jaqui, que se mantem ardilosa com seu sorriso irônico, mostrando que chegou ao topo dos seus sonhos, mesmo que não o possua por inteiro. Ainda não. 

— O que você fez para o meu pai te deixar tudo isso? — Questiona Daniel levantando-se da cadeira indignado.

— Você ainda pergunta, Daniel? — Interrompe Tomas com se não fosse obvio.

— Nem eu previ isso. — Brinca Aline. — E olho que conheço Jaqui muito bem. Muito bem mesmo.

Helia se volta para o oficial e pergunta:

— Daniel não herdou nada?

— Nenhum centavo, senhorita. Sinto muito.

Isso sem dúvidas é um choque, não só para Daniel, mas para Helia também que não esperava que seu pai fosse covarde a este ponto. Deixar tudo para... Espera, o que Jaqui era dele? Claro. Uma possível amante que conseguiu conduzir muito bem os pensamentos daquele velho desgraçado. Helia deveria se sentir surpresa, mas seu pai não o surpreende mais nesta altura do campeonato.