Capítulo Vinte e Oito

117 21 14
                                    

I love to watch the castles burn
These golden ashes turn to dirt

Play With Fire - Sam Tinnesz ft. Yacht Money

Acordar cedo e ir para o escritório, foi a alternativa que Estella encontrou para escapar de um café em família só para não se encontrar com Tomas. Sozinha, em sua sala, Estella encontra-se parada como uma estátua encarando as paredes verde-musgo que decoram o ambiente, mas nem a intensidade da cor a faz distrair dos seus pensamentos que estão fixados na noite anterior.

Uma gargalhada ressoa de sua boca, algo um tanto desesperador. A vida só pode ter vestido Estella com uma calça folgada e um nariz redondo vermelho, pois tudo tem sido uma verdadeira palhaçada que chega a ser inacreditável. Primeiro, se torna noiva rapidamente e depois descobre que seu noivo é irmão do seu ex-namorado que por sinal é pai do seu filho. Perfeito. Ela tem até medo de pensar, mas o que ainda falta acontecer? Sim, porque só falta seu pai também aparecer dizendo arrependido com o rabo entre as pernas.

E Jaqui...

Os olhos dela se abre sessando as gargalhadas, nem menos havia pensado no quanto a amiga foi cruel ao não dizer sobre Tomas. Claro! Ela sempre soube, trabalha há vários anos para o grupo Ayhalla como contadora, ela e Tomas devem ter se encontrado várias e várias vezes. Mas, por que? Por que Jaqui fez tamanha covardia quando soube o quanto Estella precisou de Tomas em um momento tão difícil? Por que escondeu algo que a cada dia vem se tornando o maior desejo de Tales?

Ela fecha os olhos e lembra da imagem dos dois entrando juntos no salão, trazendo um certo conforto em seu peito, mas logo se recorda do dia em que fora expulsa de casa por seu pai, caindo do céu para o inferno em questão de segundos.

Então, Estella abre os olhos novamente em um pesado e amargurado suspiro. Batidas vindo da porta chama sua atenção, não marcou nenhuma reunião para ser incomodada tão cedo. Uma senhora de cabelos curtos e grisalhos adentra sua sala, causando uma certa estranheza.

— Bom dia!

— Bom dia. Janete?

— Sim. Creio que a senhorita Mirela tenha falado para a senhora.

— Estou ciente. Aliás, seja bem-vinda!

— Obrigada. Estella, tem uma moça procurando por você, ela diz se chamar Alana Ayhalla.

Com o cenho franzido ela se dá de conta de que Alana passou um pouco despercebida ontem, mesmo estando em pé ao lado de Tomas assim que chegaram na festa. Isso não importa! As duas não tem mais nada para conversa, sem falar que tudo fora esclarecido no passado, o que a leva a pensar: O que ela realmente quer?

Antes mesmo que Estella possa responder, um vulto loiro entra na sala de uma forma nada educada, o que leva Estella a pensar que os Ayhallas não educaram seus filhos tão bem quanto imaginava.

— Quanto tempo. — Alana fala como se ambos se conhecessem há vários anos, quando só se virão apenas uma vez. Vez está, que Estella tenta esquecer até hoje, apesar de não guardar nenhum rancor dela.

— A que devo a visita?

— Posso sentar?

— Fique à vontade. Eu ia te oferecer um café, mas creio que saiba onde fica a cozinha.

— Eu serei bem direta, Estella!

— Que bom! — murmura. — Porque tenho muito trabalho a fazer hoje.

— O que tanto?

— Você disseque seria direta. Então?

— Antes de tudo, eu queria te pedir desculpas por tudo que aconteceu quando nos conhecemos.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora