Capítulo Trinta e Seis

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'Cause we're the masters of our own fate
We're the captains of our own souls
There's no way for us to come late
'Cause, boy, we're gold, boy, we're gold

Lana Del Rey - Lust for life

Após passar um dia sozinha com Tales no hotel, Estella observa o filho ao seu lado com os olhinhos pesados de sono. Ele brincou na parte infantil e quase faliu a mãe ao chegar no restaurante e pedir quase todas as comidas do cardápio, sendo que não comeu nem a metade, apesar de ter beliscado todos os pratos.

— Mamãe!

— Sim, meu amor.

Ele se vira ficando cara a cara com a mãe.

— Por que o tio Tomas veio viajar com a gente?

Porque o tio Tomas é seu pai e está tentando se aproximar dos dois, pensa Estella.  

Não seria tão difícil contar a verdade de uma vez para o filho, mas também não seria fácil a cabecinha imatura de um pequeno garoto de apenas quatro anos assimilar tudo tão rápido e, também, Tomas não está presente para que tudo esteja esclarecido. Tudo que ela mais quer é ver o menino bem, com o maior dos sonhos realizado.

Estella adentra os dedos no cabelo de Tales, que se entrega ainda mais a vontade de dormir. Então responde:

— Porque o tio Tomas é muito mais do que você imagina.

O garoto não responde nada, completamente entregue ao sono. Ela continua alisando a cabeça do filho com a maior das admirações, seu maior tesouro em toda a vida. A porta do quarto bate, anunciando a chegada de Tomas.

— Boa Noite! — Ele se aproxima jogando o terno em cima do sofá e afrouxando a gravada em seu pescoço. Ao encontrar Estella abraçada com Tales, ele simplesmente se deita por trás dela e também abraça o filho. — Eu não vou mentir que planejei fazer esse tipo de coisa algum dia, mas estou gostando de fazer.

Estella vira a cabeça para trás e pergunta:

— Sério?

— Sim. Ainda é muito estranho, mas me faz sentir uma sensação muito boa de segurança e amor.

— Então... Você está pronto para contar a verdade para ele?

O maxilar de Tomas tensiona, ele levanta devagar passando as mãos pelo rosto e segue até a janela, pousando os olhos nos vinhedos iluminados pela luz suave da lua.

Preocupada, Estella também se levanta com cuidado para não acordar o filho.

— Por que reagiu assim a minha pergunta?

— Eu não sei se vou ser um bom pai.

Estella toca o rosto dele levemente, sentindo a maciez de sua pele bem cuidada. Ter medo da paternidade significa que ele se preocupa com o que Tales vai pensar, e isso é bom. Seu medo é ser igual a Marcone, mas só o fato de temer ser a mesma coisa que aquele lixo de homem, só o torna mais apto. Tomas é bom, é uma pessoa intensa e que emana boas energias por onde passa, é alegre e brincalhão, é amoroso e será o melhor dos pais.

— Você vai ser um pai maravilhoso. Deixe apenas o seu coração comandar com o amor que sente por aquele garotinho. — Ele olha para Tales. — Você não sabe o quanto ele quer conhecer você.

Estella dá meia volta em direção a cama, onde pretende novamente juntar-se a seu filho em seus sonhos.

— Espera! — Pede Tomas um pouco hesitante.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora