Capítulo Quarenta e Três

86 18 3
                                    

I'm looking for a place
I'm searching for a face
Is anybody here I know?
'Cause nothing's going right
And everything's a mess
And no one likes to be alone

Avril lavigne - I'm with

Sentados sobre o tapete da sala de estar, Tomas e Tales jogam batalha naval. Um sorriso surge no rosto do pai quando ver o pequeno derrubar uma de suas embarcações e comemorar aos pulos. Ele poderia muito bem ter evitado a estratégia do filho, mas não está com animo o suficiente para ativar seu espírito competitivo, na verdade, a felicidade de Tales o contagia lembrando perfeitamente do dia em que conhecera Estella na boate em João Pessoa. Tomas não se arrepende de nada que fez naquela época, na verdade, faria tudo de novo. Conhecer Estella foi a melhor coisa que poderia acontecer em toda sua vida.

Nem o próprio Tomas acreditou que o destino foi capaz de tanto quando lera aquela carta, devia ter entregado a Estella desde o momento em que voltou a vê-la, mas o noivado com seu irmão impediu seus planos os adiando a longo prazo.

Aquela carta nunca fora realmente para ser de Jaciara, mas sim para Tomas e Estella em um futuro onde as incertezas já estavam convertidas em certezas, e o maior dos celos foi o próprio Tales.

— Tomas! — A voz delicada de Alana soa na entrada da casa, o mesmo se vira vendo Clarisse a acompanhando notando que nem se quer escutou a campainha tocar.

Ele se levanta forçando um sorriso simpático, enquanto se aproxima de Alana que se tornou uma de suas melhores amigas ao longo dos anos. Durante os últimos três dias, ela se manteve fora resolvendo as coisas de Tomas como sua representante legal.

Os dois se abraçam em um comprimento cordial, coisa que não mudou mesmo Tomas e Estella estando juntos. Não existe mais um sentimento profundo além da amizade vindo de ambos, apenas o respeito e admiração. E isso é uma coisa que Alana respeita hoje.

— Pensei que a reunião em Santa Catarina não a traia tão cedo a São Paulo, Alana, — Brinca.

— Pensei a mesma coisa. — A voz da prima parece cansada e também preocupada.

Alana olha para Clarisse engolindo em seco, como se quisesse dizer algo que requer um pouco mais de delicadeza, mas Tomas a conhece muito bem para saber que algo não anda bem.

— Filho, nós precisamos conversar. — Clarisse diz de forma maternal, alisando o ombro de Tomas como uma forma de tranquiliza-lo.

— Tomas, eu sei que você não está em um bom momento. Eu sinto muito por tudo que está acontecendo, mas eu não trouxe boas notícias. — Ela olha novamente para Clarisse, depois para Tomas que assume uma feição preocupada. — Há poucos instantes eu recebi uma ligação...

— Ah! Vamos logo! Diga o que aconteceu! — Ele rosna impaciente.

Alana respira fundo e retoma:

— Acredito que você melhor que ninguém sabe que Estella fez uma viagem para os Estados Unidos.

Tomas põe as mãos no bolso e respira fundo.

— Sim. Eu sei. O que tem haver?

— O avião que ela estava sofreu uma grave turbulência, o que restou para o piloto fazer um pouso de emergência.

— Al... — Engole em seco, sentindo a onda de nervosismo o abalar deixando o mundo ao seu redor mais lento. — Al... alguém morreu?

— Ainda não se sabe, Tomas. Quem me passou as informações foi a assessora dela, a Mirela. Eu liguei para companhia aérea, mas ainda não tinham nenhuma informação se houve alguma morte.

O Duplo Gosto De Um GirassolOnde histórias criam vida. Descubra agora