Em minha janela

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                      JOHN P.O.V.

- Sabe muito bem que eu não vou fazer essa porcaria de trabalho. - Digo para o escocês, assim que o sinal do intervalo toca.

- Ótimo, Lennon! Pode ficar sem nota, o professor irá adorar saber que apenas eu fiz o trabalho, e quem sabe, ele até me dê alguns pontos extras. - Ele diz com um sorrisinho.

Revirei os olhos e bufei. E infelizmente tinha razão, eu era péssimo em química em nível hard e preciso muito de nota... Merda!

- Tudo bem, McCartney, só vou fazer porque preciso de nota. - Falo e cruzo meus braços.

- Sério mesmo? E pra que mais nós faríamos esse maldito trabalho se não fosse por causa da nota?

- Que seja... Quando iremos fazer?

- Na sua casa. Começaremos hoje depois da escola. - Ele diz e eu franzo o cenho.

- Por quê hoje?

- Se você não estivesse quase babando no meu ombro, saberia que o trabalho é para ser entregue na semana que vem!

- Ah, mais que porra! Depois da escola eu tenho treino.

- Treino de quê? De como ser o maior bad boy de Liverpool? - Paul pergunta irônico.

- Eu sou o capitão do time de futebol da escola. - Respondo estufando o peito.

- Então é por isso que é considerado o mais popular so colégio? Por apenas usar uma braçadeira e chutar uma bola?

- Ah é? Então me diga algo mais interessante que você saiba fazer, escocês?

- Pelo menos eu tenho e uso o meu cérebro, já é um bom começo. - Ele diz dando de ombros.

- Johnny! Qual é, cara? Estamos te esperando lá no refeitório, você não vêm? Eu já estou morrendo de fome! - George que estava acompanhado por Pete, fala ao surgirem na porta da sala.

Eu então olho em volta, percebendo que só eu e Paul ainda estávamos na sala.

- É... Claro, eu já estou indo. - Falo sorrindo meio sem graça para os meninos. Logo volto a encarar o escocês - Depois do meu treino, lá em casa. Leve o material que nós iremos precisar para usar e não faça com que eu me arrependa de ter que sair do treino às pressas. - Falo seriamente e ele assenti.

Me levanto e me junto com eles.

- O que foi aquilo ali? - George pergunta assim que saímos da sala e caminhamos em direção ao refeitório.

- Você estava convidando o escocês para sair? - Peter pergunta rindo baixinho.

- Claro que não, seus imbecis! Foi o maldito professor de química que nos colocou como uma dupla pra fazer um trabalho que ele passou. - Explico em um suspiro.

- Porra, cara, que azar o seu... - George diz e dá um tapinha nas minhas costas.

Esse Paul McCartney era tão estranho... Eu mal o conhecia e ele conseguia olhar olhar através de mim. Era como se ele lesse minha mente, ou decifrasse meus sentimentos, sei lá. Todos apenas me vêem como o mais popular e maldoso, nada mais.

[...]

O treino tinha ocorrido normalmente. Quando acabou, fui para o vestiário e tomei um banho, depois me vesti e fui embora pra casa.

Cheguei e logo percebi que meus pais não estavam em casa, provavelmente ainda trabalhando. Fui para meu quarto e me joguei em minha cama, com uma enorme vontade de dormir. Eu já estava quase pegando no sono...

- JOHN!!!

Escutei uma voz familiar e me assustei, me levantando.

- McCartney, é você?  - Pergunto franzindo o cenho ao vê-lo do lado de fora, em minha janela.

- Não, é a rainha Elizabeth! - Ele ironiza.

- Hum, bem que parece quando ela tinha uns 15 aninhos e tinha o rosto delicado igual ao seu. - Comento rindo e ele revira os olhos.

- Foda-se. AGORA ABRE LOGO É PORCARIA DESSA JANELA! QUER QUE EU DESPENQUE DAQUI DE CIMA? - Ele grita irritado ao olhar pra baixo.

Ele provavelmente subiu se segurando e apoiando os pés nós tijolos externos que cobriam as paredes de toda a casa. Já perdi as contas de quantas vezes escapei por ali para entrar ou sair do meu quarto despistando os meus pais...

- Até que eu não acharia ruim... - Digo com desdém e vejo ele ficar com aquelas bochechas redondas vermelhas de raiva.

Era engraçado vê-lo assim.

- CARA, É SÉRIO, ABRE ISSO!!! - Paul fala já meio em pânico e eu vou até lá antes que ele se estabaque lá embaixo.

- Não era melhor ter vindo pela porta? Temos uma e uma campainha também, sabia? - Pergunto enquanto ele entra.

- Não é necessário quando nossos quartos são praticamente colados um no outro.

- Queria dar uma de homem-aranha?... Ou melhor, de mulher-aranha? - Digo gargalhando e eles semicerra os olhos, fazendo um biquinho de bravo.

- Vou fingir que não ouvi mais essa piadinha sem graça. E além do mais, nem é tão alto assim. - Paul diz e dá de ombros.

- É, mas você estava morrendo de medo de cair...

- Medo? Não era medo, mas é claro que se eu caísse, poderia me machucar com o impacto. Mas já chega, eu não vim aqui pra ter dar satisfações pra você, vim pelo trabalho.

- Ah, droga! - Falo bufando.

- Eu também acho, mas são os ofícios da escola... - Ele diz em um suspiro e joga sua mochila em minha cama - Céus! - Paul diz espantado.

- O que foi dessa vez, escocês?

- Como o que foi? Isso é quarto de gente? - Ele pergunta olhando toda a bagunça que estava ali.

- Eu não tenho tempo pra ficar arrumando tudo isso. E não sou como você, toda arrumadinha. - Falo zombando.

- Eu sou organizado, Lennon. Mas... Onde eu vou colocar os materiais de estudo? Parece que um furacão passou por aqui.

- Espera aí, eu acho que tenho uma escrivaninha por aqui. - Digo ao me lembrar.

- Acha? - Paul pergunta arqueando as sobrancelhas.

Eu então termino de tirar as roupas e outras coisas que estavam cobrindo o móvel.

- Wow, isso que eu chamo de uma grande "descoberta"! - Ele brinca fazendo um trocadilho horrível.

- Depois são as minhas piadas que não tem graça... - Falo revirando os olhos.

- E então, John... O que você sabe exatamente sobre reações orgânicas? - Paul pergunta ao colocar vários livros e cadernos em cima da escrivaninha.

- Ahhh... Eu sei que... - Digo olhando pra cima e o xingando mentalmente - Reações orgânicas são... Reações de química? - Falo e ele respira fundo, balançando a cabeça negativamente.

- Como imaginei, você não sabe absolutamente nada! Por isso, trouxe todos esses livros, voce precisa estudar.

- Tudo isso? - Pergunto com os olhos arregalados ao ver aquela pilha de livros.

- Sim, mas não se preocupe, vou te ajudar. - Paul diz e eu respiro um pouco mais aliviado.

                   CONTINUA...

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