Mentiroso

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PAUL P.O.V.

Eu arregalei meus olhos na mesma hora, tentando me afastar, porém seu outro braço me segurava firme pela cintura. Na tentativa de falar alguma coisa, acabo abrindo minha boca, mas logo percebi que fui um grande erro, pois ele então invadiu minha boca com sua língua. Foi então que fechei meus olhos, me esquecendo de tudo a minha volta e me rendendo completamente. Meus braços começaram a relaxar, assim, John foi diminuíndo a pressão de seus braços em mim. Levo minha mão até sua nuca e puxo seus cabelos, enquanto nossas línguas disputavam pelo domínio, que com certeza ele ganhou. John foi andando e eu dandos passos  para trás, até que senti algo tocando minhas pernas e imaginei que fosse minha escrivaninha. Ele então me ergue inesperadamente, me colocando sentado sobre o móvel, fazendo com que eu esbarrasse e derrubasse alguns objetos que estavam ali. Continuamos a nos beijar até que o ar nos faltasse. Ele separou nossos lábios, puxando o cabelo da minha nuca com força, fazendo com que eu deixasse escapar um gemido baixo de dor, o que fez o corpo dele a estremecer. John então leva sua boca para o meu pescoço e começa a beijar e chupar toda aquela região, subindo em seguida até meu queixo, onde depositou um beijo e depois puxou meu lábio inferior com uma leve mordida. Já eu, simplesmente não conseguia parar com aquilo, mesmo com um forte alerta de perigo tocando dentro da minha cabeça.

- Filho, você está aí?

A voz do meu pai soou, me assustando e na mesma hora, dei um empurrão no ruivo, que me encarou espantado. Levantei da escrivaninha em um pulo, quase derrubando o móvel, e coloquei uma das mãos em minha cabeça.

- Paul? - Meu pai me chama aumentando um pouco mais o seu tom de voz.

- Você tem que sair daqui rápido. - Sussurro para John que franze o cenho.

- Por que?

- Meu pai acha que somos inimigos mortais. Como é que eu iria explicar sua presença aqui e a essa hora? - Explico e ele dá de ombros - Agora anda e saí daqui. - Falo e vou o empurrando de leve, até a janela.

Quando ele começa a descer pela parede do lado de fora, vou até a porta e respiro fundo, a abrindo logo em seguida.

- Oi, pai. Algum problema? - Pergunto tentando agir naturalmente, como se nada demais houvesse acontecido há poucos instantes ali.

- Eu que te pergunto... O que está havendo aqui? Escutei alguns gritos e barulhos de coisas caindo no chão. - Ele comenta confuso.

- Ah, não foi nada... - Digo e coço a cabeça, procurando algo para inventar - É aquele meu amigo, o Nick que ficou na Escócia, sabe? - Pergunto e ele assente - Então, ele me telefonou e eu acabei me empolgando um pouco, até esbarrei na minha escrivaninha... - Minto dando uma risadinha forçada.

- Por que está com o cabelo bagunçado, com a roupa amassada e ofegante? - Ele pergunta desconfiado, me observando atentamente.

- Eu... Eu estava fazendo flexões para manter a boa forma. - Minto outra vez e  mosto meu bíceps e ele me olhando ainda mais descofiado.

- Hum, sei... Tudo bem, vou voltar a assistir o meu jogo. - Ele fala e eu assinto.

- Boa noite, pai. - Digo sorrindo nervoso e fecho a porta antes que ele respondesse algo.

Finalmente rerpiro aliviado.

Me aproximei da escrivaninha que estava toda bagunçada, com tudo revirado e caído pelo chão. Tudo o que aconteceu, voltou a minha mente.

Caralho, eu beijei... um garoto! E não qualquer garoto, eu beijei, ou melhor, fui beijado, por JOHN LENNON! Mas o que está acontecendo na minha vida?

                   JOHN P.O.V.

Não sei explicar nada sobre o que aconteceu comigo ontem a noite. Foi um ato impensado. Ele estava brigando comigo e a única coisa que eu conseguia prestar atenção, eram os seus lábios se movendo. Quando ele gritou para que eu o calasse, foi como se na minha cabeça, ele tivesse dito: "VENHA, JOHNNY, ME BEIJE!" Ridículo e BEM estranho, eu sei. E não, eu NÃO sou gay, sem chances! Aquilo foi um momento de completa loucura de minha parte, só isso, e não vai se repetir! De jeito NENHUM!

Após me arrumar, desço e vou para a cozinha, dando de cara com os meus pais tomando café da manhã e eu reviro os olhos.

- Bom, eu até iria tomar me café, mas deixa pra lá, eu compro algo na escola. - Falo em tom seco e logo dou meia volta.

Saio da cozinha, ignorando o chamado da minha mãe.

Pego minha moto e vou para a escola, chegando lá, eu a deixo no lugar de sempre.

[...]

- Fala aí, Johnny!

Estava pegando um livro qualquer no meu armário, quando ouço George falar do meu lado. Eu apenas ignoro a sua presença.

- John? - Ele me chama mais alto.

- O que foi, Harrison? - Pergunto impaciente, fechando a porta do meu armário com força, fazendo ele me olhar meio confuso.

- Aconteceu alguma coisa? Ah, já sei, brigou com seus pais de novo? - Ele dá um palpite e eu solto uma gargalhada sarcástica.

- Não se faça de desentendido, Georgie, eu já sei de tudo! Afinal, quando você pretendia me contar que estava de caso com o Starkey? - Eu pergunto direto e ele fica de olhos tão esbugalhados, que achei que eles fossem pular pra fora... O que eu não acharia ruim pela raiva que estou dele.

- Hã? D-do que você está falando? - Ele pergunta com a voz trêmula e gaguejando, me fazendo revirar os olhos.

- VOCÊ - DE CASO - COM O RICHARD STARKEY! Quer que eu desenhe agora? - Pergunto e ele engole em seco.

- Jo-John... Quem te disse uma maluquice dessas? - Ele pergunta rindo forçado, ainda insistindo que não sabia do que eu estava falando.

- Maluquice o caramba! E também pouco importa quem me falou! Cara, com pode esconder isso de mim? Achei que fossemos amigos...

- E nós somos! E sim, isso... Isso é verdade. - Ele revela super desconfortável - Mas saiba que eu só não quis te contar, pois isso é muito constrangedor, sabe? Fiquei com medo de me reijeitar, de não me querer mais como amigo e de que eu virasse motivo de chacota. - Ele diz abaixando sua cabeça e eu suspiro.

- Pra sua informação, o Richard me contou que você falava muito mal de mim... E então, como vai me explicar isso? - Pergunto tentando intimidá-lo e cruzo meus braços.

- O quê? - Ele fala franzindo o cenho - Eu nunca falei mal de você... Eu apenas comentei que você era bem preconceituoso, mas só isso. - Ele responde baixo.

Eu sentia sinceridade em suas palavras, mas se ele me escondeu isso, quem garante que ele esteja falando a verdade mesmo?

- Dá um tempo, George. Seja homem e me diga o que você acha de mim na minha cara! - Falo autoritário e ele balança a cabeça negativamente.

Nesse momento o sinal para a primeira aula toca.

- John, eu estou te dizendo o que eu comentei com ele, se o Ringo disse isso mesmo... Ele inventou essa parte. Eu não falei mal de você. Dá pra acreditar em mim, por favor! - Ele fala com a voz embargada.

- Olha, eu confiava muito em você, mas agora, já percebi o quanto você é mentiroso, Geo. Pra mim já deu! - Falo cheio de rancor e saio dali, esbarrando no ombro dele de propósito.

- John, eu estou falando a verdade! Volta aqui cara, por favor! - Ele pede quase implorando, mas eu ignoro e sigo em frente.

                          CONTINUA...

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