Milk And Honey

Mude seus conceitos e ações

PAUL P.O.V.

Meu Deus do céu, como é que ela sabe que está acontecendo algo entre o John e eu? Será que ficou tão na cara assim, ou ele falou pra ela? Não, ele jamais falaria isso...

- O-o que quer dizer com isso? - Pergunto me fazendo de desentendido.

- Por acaso acha que eu sou burra, é?- Ela pergunta cruzando os braços.

Mas é claro que eu acho, querida. Contudo, não queria confusão então preferi ficar em silêncio, fingindo estar confuso.

- O Jojo mudou completamente quando você pisou os pés nessa escola. Eu tenho observado vocês dois ultimamente... As trocas de olhares, os sumiços repentinos de ambos, fora o fato de ele não ter tirado os olhos de você hoje e antes do segundo tempo ter sussurrado algumas coisas no seu ouvido, que pelo que reparei, te deixaram nervoso - A loira disse tudo muito rápido e eu acho que à essa altura meu queixo já estava no chão - anda, McCartney, me diga de uma vez o que rola entre vocês!

- Cynthia, se algo está acontecendo entre eu e ele, esse "algo" se chama "RIVALIDADE" - Falo enfatizando a palavra - Eu não suporto o Lennon e ele também não me suporta, ou seja, nós não nos suportamos. - Explico tentando parecer convincente e ela sorri forçadamente.

- Se ele realmente não te suportasse, ele estaria te doando e enchendo o seu saco todos os dias

Se ela soubesse o que ele anda fazendo com o meu saco de verdade...

- assim como ele costumava fazer com o Starkey. Ah, e por falar nele, o John também parou de implicar com o Richard. Não acha isso um pouco estranho... E suspeito, Paul? - Cynthia me questiona de forma irônica e eu engoli em seco.

- O que você está insinuado com tudo isso? - Pergunto já ficando mais nervoso.

- Eu quero apenas que me fale a verdade. O John é... Gay? - Ela pergunta de repente e eu arregalo os olhos.

- Como é? E-eu não sei do que você está falando. Isso é um tremendo absurdo! - Digo fingindo estar indignado.

- Diga logo a verdade, Paul! O Johnny ultimamente não quer saber de nenhuma garota, não me procura mais para nada e anda bem estranho. Tudo isso, depois que você chegou - Ela diz e eu me sinto cada vez mais pressionado.

- Cynthia? Paul? O que estão fazendo aqui? - O ruivo pergunta ao se aproximar da gente e eu respiro aliviado.

- Hã, nada. Eu apenas estava conversando com o Paul. - Ela diz sorrindo fraco e John franze o cenho.

- E desde quando você conversa com ele? - Ele pergunta confuso e ela parece ficar nervosa.

- Ah, e-eu só estava sendo educada, não é mesmo, McCartney? - Cynthia pergunta me encarando com um olhar de quem ordena para que eu confirmasse sua fala, e eu apenas assinto - Bom, depois término de falar com você sobre... Aquela coisa.

- Não acho que precisaremos conversar mais sobre aquilo de novo. - Digo seco e ela semicerra os olhos, com um sorriso de canto.

- Veremos. Mas enfim, vejo vocês por aí, meninos. E Johnny, você jogou super bem. - Ela fala e dá um beijo demorado na bochecha do ruivo, saindo dali em seguida.

- Tá legal, o que houve aqui? - Ele pergunta sério e eu balanço a cabeça negativamente.

- O que foi? Eu não posso ter uma conversa com a sua ex-namorada? - Pergunto meio sarcástico e ele ri pelo nariz.

- Vai por mim, Macca, a Cyn nunca falaria com você se não houvesse um motivo muito importante.

- Devo me sentir ofendido com isso?

- Apenas me responda logo o que ela queria com você, escocês. - John pede impaciente e eu respiro fundo.

- Ela desconfia sobre algo... Entre nós dois. - Respondo hesitante e ele fecha os olhos com força, suspirando e balançando a cabeça em negação.

- Merda! - Lennon praguejar e dá um murro na grade em torno do campo, a fazendo chacoalhar - Ela não podia saber disso de jeito nenhum! Aquela peste loura vai ferrar com a minha vida!

- Co-como assim? - Pergunto franzindo o cenho.

- Se ela souber que a gente está se pegando por aí, ela com toda a certeza vai sair espalhando para todo mundo, e resumindo... Minha popularidade vai toda para o ralo.

- Uau, pelo visto a sua popularidade ainda é muiro importante para você, Lennon.

- Não só a minha popularidade, mas também toda a minha moral, meu nome e enfim, a minha vida inteira! - Ele explica como se fosse a pior coisa do mundo, me deixando espantado com as suas palavras inesperadas.

Depois de alguns segundos em silêncio, ele me encarou e pareceu ter percebido que tinha falado algo super desnecessário.

- Quer dizer, Paul, eu... - Ele tenta se corrigir, mas eu logo o interrompo.

- Então por que começou com tudo isso, hein? Se você sabia que eu poderia "acabar" com a sua vidinha, por que continuar com isso ainda? - Eu pergunto irritado, enquanto ele abria e fechava a boca várias vezes, em busca de palavras que não vinham - Acho que você tem mesmo razão, é bem melhor cada um de nós seguir seu rumo e fingir que nada disso um dia aconteceu! - Fako ríspido e me viro, andando apressado, mas, sinto meu braço sendo puxado.

- Paul, me desculpa, é que... Eu nunca passei por issi antes, sabe? Quer dizer, eu nunca tive uma experiência desse tipo com um garoto. Isso que estavam os fazendo não é caso sério, não é mesmo? Nós estamos apenas provocando um ao outro, nada que outras pessoas precisem saber. - John fala com uma risada fraca.

- A questão é que tudo vai além do que seu ego e do seu orgulho! O problema é que você de qualquer jeito, tem vergonha de mim, não quer que ninguém do colégio fique sabendo que o badboy John Lennon anda com o fracassado do Paul McCartney, não é? Sabe, John, o bom da Escócia era que nas escolas ou em qualquer outro lugar de lá não haviam pessoas como você! Ninguém se importava com o histórico de ninguém. Todos tratavam à todos da mesma forma, uma forma justa e que eu tenho a certeza de que todos nesse colégio precisam. Afinal, por debaixo de toda roupa cara e banca de popular que alguém possa ter, por debaixo de tudo isso, todos nós somos iguais. Eu te magoei uma, e simplesmente me humilhei pelo seu perdão. Mas fique sabendo que esse seu orgulho tolo me machuca muito, mas fazer o quê? Infelizmente eu não mando em meus sentimentos. - Eu digo tudo de uma vez e ele ficou paralisado, apenas ouvindo tudo com atenção, mantendo o olhar baixo, porque nem coragem de me olhar nos olhos ele tinha - Eu espero do fundo do meu coração, que um dia, você finalmente mude seus conceitos e ações.

Dito isso, já com a voz embargada, eu o deixei para trás. Ele não disse mais nada, nem correu atrás de mim. Acho que foi melhor assim, afinal de contar, ele precisava pensar mais no que eu disse. Eu sentia algo desconhecido em meu peito, era um aperto inexplicável. Não queria esperar pelo Ringo, eu queria ficar sozinho, e apenas pensar um pouco sobre a minha vida.

[...]

Agora eu estava deitado em minha cama, encarando o teto, e lembrando do quanto minha terra natal me fazia muita falta. Umideci meus lábios e senti que o gosto dele ainda estava presente ali. Senti um arrepio por minha espinha ao lembrar do que aconteceu hoje mais cedo. Sacudindo a cabeça em negação, tentando me livrar logo daqueles pensamentos.

Após de mais alguns instantes, avistei meu telefone na cômoda, e então me recordei de alguém que poderia fazer com que eu me sentisse melhor. Denny Laine. Me sento na cama e pego o telefone, discando seu número.

          

                   CONTINUA...