Último beijo

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JOHN P.O.V.

Eu não sabia dizer exatamente como eu estava me sentindo naquele momento. Talvez eu nunca tivesse me sentido tão nervoso e assustado como estava agora. Meus olhos estavam arregalados e minhas mãos começaram a tremer e suar. A coragem que eu carregava quando pisei dentro desta casa, se esvaiu diante dessa situação. Os dois ainda esperavam resposta.

- E-Eu... - Gaguejo, pois havia sido pego tão desprevenido, que não fazia ideia de por onde começar - O-Onde encontraram isso?

- Isso estava em cima da mesa do meu escritório hoje, John. Eu quero que me explique como isso foi parar lá, e por quê diabos você está... - Meu pai faz uma pausa, fechando os olhos e respirando fundo - Beijando o filho do Jim McCartney? - Ele pergunta num misto de raiva e nojo presentes em sua voz.

- E-Eu... Eu ia contar, pai... - Comecei, tentando ao máximo deixar minha voz firme - Paul e eu... Ficamos muito íntimos ultimamente.

- Então quer dizer... - Ele começa a dizer fazendo uma careta.

- Estamos... Estamos juntos, pai. - Digo por fim.

O silêncio na sala me deixou ainda mais nervoso, se é que isso fosse possível.

- Está me dizendo que você é... Gay, John? - Ele pergunta incrédulo e eu apenas assenti e em seguida, olhei para o chão. M-Nas você e ele...

- Eu sei, pai, nós nos odiávamos, é verdade! Mas as coisas mudam, ok? Nós estamos juntos agora - Digo e ele nega com a cabeça.

- John... Você não sabe o que está falando, ninguém vira gay da noite para o dia! - Ele fala e suspira, passando as mãos pelo rosto, enquanto minha mãe continuava a observar tudo em silêncio, mas a expressão de espanto era visível em seu rosto - Olha, e-eu sei que eu não sou o melhor pai do mundo, sei que estou ausente na maior parte do tempo, mas... John, isso já é demais! O que você tem nessa cabeça pra fazer uma coisa dessas?

- O que isso tem demais, pai? Eu nunca consegui me relacionar verdadeiramente com alguém... Paul foi o único!

- John, já parou para pensar na possibilidade de alguém ter visto essa foto em cima da minha mesa? Imagine o escândalo que seria! Você não é gay, John. Está apenas... Confundindo as coisas. É, você está apenas confuso.

- Eu não estou confuso, pai. Eu sei o que sou. Eu estou com o Paul, quer você aceite ou não. Será que pelo menos uma vez pode me apoiar em alguma coisa?

- Pelo amor de Deus, John! Paul é um garoto, meu filho. UM GAROTO!

- MAS É O GAROTO QUE EU AMO, PAI! - Berro me aproximando.

Ele arregalou os olhos e eu fiz o mesmo. O que foi que eu acabei de dizer? E-Eu disse que eu... Eu...

- O que disse? - Perguntou em um sussurro. Suspirei e tentei me manter sob controle.

- V-Você ouviu o que eu disse, eu apenas cansei de ficar com milhares de garotas sem sentir nada de especial por elas! Eu cansei disso, pai! Quando eu finalmente encontro alguém que me faz bem, alguém que eu realmente estou disposto a ter um relacionamento, você age dessa forma? Que ótimos pais eu tenho! - Digo irônico e respiro fundo, dando alguns passos para trás - Querem saber? Não dou a mínima se ele é um garoto, o que importa é o caráter dele e o fato de que ele sim, é muito especial para mim. Aceitem isso! - Falo por fim, me virando. Mas quando parei em frente à porta, olhei por cima do meu ombro, os vendo sem reação - Caso contrário, podem me esquecer como filho de vocês.

Dito isso, saí de casa. Respirei fundo umas três vezes seguidas, sentindo um pouco de dificuldade para respirar. Eu peguei minha moto e dirigi para o único lugar no qual sei que poderei ficar sozinho para pensar, mas antes, parei em um mercado e comprei um maço de cigarros, estava precisando fumar para tirar um pouco dessa tensão em meu corpo.

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