Telefonema

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PAUL P.O.V.

Voltei para minha casa e finalmente me deixei em minha cama, conseguindo relaxar cada músculo do meu corpo. Me virei para ficar de bruços e pude sentir que o cheiro do perfume forte que John usava, que havia ficado em meus lençóis e logo as lembranças do nosso último beijo voltaram inevitavelmente a minha mente. Eu realmente não estou entendendo o que ele quer com isso tudo, justo o Lennon que parecia me odiar com todas as suas forças... Isso está me deixando muito confuso e ele me provocava umas sensações desconhecidas por mim. Será que ele decidiu seguir os passos do Harrison e quer ter uma experiência com um garoto? Olha, eu não sei mais é de nada!

Meu estômago começou a roncar, eu desci e fui até a cozinha e peguei um pacote de biscoitos e uma caixinha de suco.

- Você não jantou, Paul? - Ouço meu pai falar e me viro assustado, fechando a geladeira.

- Ai que susto, pai! - Eu esqueci de comer e agora que a fome bateu, preferi pegar um lanche mesmo.

- Hum, mas você sabe que não é nada bom ficar substituindo as refeições por lanches... - Ele me repreende e eu reviro os olhos.

- Eu sei, mas foi só por hoje, ok? - Digo em um suspiro.

- Eu já jantei lá na empresa, agora vou subir para tomar banho e ir descansar. - Ele diz e eu assinto.

Meu pai saí da cozinha, passando pela sala para ir para as escadas. Nesse instante, o telefone começou a tocar.

- Deixa que eu atendo, filho. - Ele fala quando fiz menção de ir atender.

Dou de ombros e vou até as escadas, começando a subir para meu quarto.

- Paul, tem alguém no telefone que quer falar com você! - Meu pai grita.

- Quem é? - Pergunto me virando e já comendo os biscoitos.

- Atenda e saberá. - Ele responde sorrindo e eu fico intrigado.

Volto até a sala e pego o telefone, enquanto meu pai sobe para o seu quarto.

- Alô? - Disse com a boca cheia.

- Olá, ainda se lembra de mim? Eu sou o garoto que você considerava como o seu melhor amigo, vulgo Denny Leine! E então, você se recorda? - Aquela voz inconfundível disse e eu arregalei meus olhos.

Denny era meu melhor amigo desde que éramos crianças e eu prometi que não deixaria de ligar pra ele e mandar cartas, e bom, minha mente está tão bagunçada que eu me esqueci completamente disso.

- MEU DEUS, DENNY!!! - Eu praticamente berro surpreso e cuspo os biscoitos que comia pra dentro do saco. É, isso foi bem nojento!

- Você disse que não era para eu ousar te esquecer, mas ao que parece... Quem esqueceu de alguém aqui foi o SENHOR! - Ele comenta e eu suspiro.

- Eu jamais te esqueceria, deixa disso! É que desde que eu cheguei aqui, tem sido tudo bem corrido pra mim, sabe? Além do que, eu tive alguns problemas com um novo "colega" meu lá no colégio. Mas enfim, que bom poder falar com você de novo, estava com muitas saudades. - Eu tento dar uma desculpa para a mancada que eu dei com ele.

- Também estou. A Escócia não é a mesma sem você, bochechudo... Mas diz aí, como é Liverpool? Uma cidade legal ou chata? E a escola, muitas garotas? - Ele pergunta empolgado e muito rápido, me fazendo rir.

- Ei, vai com calma. Uma pergunta de cada vez, cara. Primeiro: Liverpool é até legal. É claro, não tem nem de longe a mesma tranquilidade daí. Segundo: a escola daqui dá umas três da nossa aí, você nem imagina. E sim, têm muitas garotas bonitas, mas pra falar a verdade, eu nem reparo muito nelas... Ah, e eu também fiz duas novas amizades aqui.

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