Não vou chorar

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                      JOHN P.O.V.

McCartney me fez pegar um caderno e ir anotando todas as explicações que ele dava. Toda a matéria que aquele professor chato havia dado para o trabalho, ele explicou detalhe por detalhe, tornando o assunto mais bem fácil de ser entendido. Pelo menos ele tinha uma grande paciência e em poucas horas, eu já estava dominando a matéria.

- Isso, Lennon! Seu cérebro finalmente voltou a funcionar! - Ele diz comemorando quando eu acerto uma questão que ele me passou.

- Eu sou foda mesmo! - Digo sorrindo e vejo ele balançando a cabeça negativamente e rindo.

- Bom, agora que já sabe algumas coisas sobre a matéria, amanhã podemos enfim começar esse trabalho. - Paul fala enquanto começa a recolher os materiais e guardá-los de volta em sua mochila. - Já vou indo. E não deixe de dar ao menos uma olhadinha nos livros que estou deixando com você. - Ele diz e põe a mochila no ombro.

- Oh, parece que agora eu tenho um professor particular, não é mesmo? - Falo ironizando.

- Não se acostume, John. - Ele diz e vai até a janela.

- Te vejo amanhã, princesa escocesa. - Digo rindo.

- Vá se ferrar! - Ele responde ao sair pela janela e começar a descer.

Pouco depois, caminhei até ela e olhei para baixo, vendo ele andandl em direção a casa dele.

- Isso, vá com cuidadinho para não cair e machucar o seu rostinho delicado! - Grito da janela e ele então se vira, me mostrando o dedo do meio e eu riu.

Em seguida, fechei a janela e as cortinas. Me preparei para dormir, mas antes, resolvi descer e ir até a cozinha para beber água. Já lá embaixo, passei pela sala e vi meus pais sentados no sofá, assistindo a um noticiário qualquer. Eu nem tinha percebido que eles já tinham chegado. Deve ser pelo fato de estar cansado de saber que eles não dão a mínima pra mim. Se eu ficasse  4 dias trancado em meu quarto, eles nem sentiriam minha falta.

- Filho, ligaram do seu colégio informando sobre um jogo de futebol... O que isso significa? - Meu pai me pergunta confuso, enquanto eu estava passando pela sala.

- Pai, eu já havia dito ao senhor que sou o capitão do time de futebol da escola, e semana que vêm teremos um jogo muito importante... - Falo em um suspiro entediado.

Como ele não sabia? Cansei de tanto repetir a mesma coisa nesses últimos dias!

- Oh, John, eu não sabia disso... - Ele comenta trsite e eu reviro os olhos.

- E o que por acaso o senhor sabe da minha vida? Não ficaria nem um pouco surpreso se não se lembrar qual é a data do meu aniversário! - Falo impaciente aumentando meu tom de voz.

- JOHN! Isso são modos de tratar seu pai? - Minha mãe me repreende.

- É isso mesmo! Vocês dois só vivem preocupados com seus "preciosos" trabalhos e nunca, NUNCA dão a mínima importância para minha existência! Por quê me colocaram nessa droga de mundo, então? Eu já cansei disso! - Esbravejo nervoso e vou até a cozinha.

Escuto meu pai me chamar, ignoro e finalmente pego um copo e tiro uma garrafa da geladeira, colando o liquido nele. Por alguns instantes pensei que fosse quebrar aquele recipiente de vidro, tamanha a força com que eu o pressionava ele em minha mão. Enfim bebo a água e volto.

- John, pare já com isso! - Minha mãe diz autoritária quando eu passava pela sala novamente para voltar para o meu quarto - Não vê que é um grande absurdo o que você está dizendo? Claro que nós nos preocupamos muito com você, querido. Somos seus pais, nós te amamos mais do que qualquer coisa neste mundo! - Ela diz e eu vejo meu pai completamente sério e estressado com aquela situação.

Contudo, eu já estava com algumas coisas entaladas na minha garganta há muito tempo e agora eu as colocaria pra fora, sem pensar duas vezes.

- ENTÃO DEMONSTREM! PASSEI 17 ANOS VIVENDO APENAS NA COMPANHIA DE BABÁS OU SOZINHO EM CASA! VOCÊS SABEM ALGUMA COISA QUE FAÇO? SABEM DOS MEUS SONHOS? NÃO! VOCÊS NUNCA SE IMPORTAM EM COMO EU ME SINTO, SÓ SABEM BRIGAR E RECLAMAR DE TUDO O QUE EU FAÇO OU TENTO FAZER! SÓ SABEM ME ACUSAR COMO SE EU FOSSE O PIOR FILHO DO MUNDO! E QUEREM SABER? EU POSSO ATÉ SER O PIOR, MAS A CULPA É TODA DE VOCÊS, TODA! - Berro com a voz falhada e os olhos cheios de lágrimas.

Meus pais me encaravam de olhos arregalados e eu apenas balancei a cabeça negativamente, subindo as escadas e parando alguns degraus à cima para olhá-los uma última vez.

Chego no meu quarto, bato a porta com força e depois a tranco.

- Não, eu não vou chorar, eu sou forte! Eu jamais vou chorar, pois isso é coisa de menina! - Falo para mim mesmo, tentando controlar aquelas lágrimas que haviam se formado em meus olhos.

Me jogo em minha cama, afundando meu rosto no travesseiro, socando o cama para descontar minha raiva.

Eu já deveria ter me acostumado com isso, mas eu fico insistindo em me magoar... Droga!

         

                 CONTINUA...

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