Conseguindo um inimigo

599 61 21
                                    

PAUL P.O.V.

Prontamente a Sra. Julia, se levanta e vai até o filho, o impedindo de se aproximar mais de mim.

- Trate de se sentar e ficar quieto, John. - Ela ordena com a voz firme.

- Ah, mãe... - Ele resmunga fazendo uma careta.

- Se sente e apenas jante como uma pessoa civilizada. E ai de você se o senhor falar uma única palhavra! - Ela dá bronca e ele bufa de raiva, mas fazendo o que lhe foi mandado.

Para a minha "alegria", o único lugar que restou na mesa era justamente de frente para mim. Ele então pegou o garfo e me olhou tão furioso que quase achei que ele fosse amassar aquele objeto metálico.

- Acho que você deve pedir desculpas a alguém, não é mesmo, John? - Alfred pergunta e o acobreado o encara incrédulo.

- Ah não, sem chance! Eu não vou pedir desculpas pra esse...

- John, ou você desculpas agora mesmo, ou pode ir para o seu quarto ficar de castigo pelo resto da semana, sem festinhas e passeios! - O pai diz autoritário.

John mordeu seu lábio inferior com tanta força, que cheguei a achar que sairia sangue dali. Ele então me encarou completamente furioso.

- Me de... - Ele diz e engole em seco até continuar - Me desculpe, McCartney. - Ele fala seco, desviando o olhar do meu.

- Bom, acho que o meu filho também deve fazer um pedido de desculpas. Não acha justo, Paul? - Meu pai pergunta e eu o encaro com os olhos arregalados.

- Hã? Mas foi ele quem começou!

- E você bem que rebateu! Irá pedir desculpas e não questione mais! - Meu pai diz e eu respiro fundo.

Olho para John, que tinha um sorriso irônico mas sutil, em seu rosto.

- Desculpe, Lennon. - Falo rápido e volto a olhar para o meu prato.

- Como? Eu não ouvi direito? - Ele diz debochando e eu reviro os olhos.

- Problema seu, vai ficar sem ouvir então! - Respondo impaciente e meu pai força uma tosse para acabar com aquela possível discussão que se iniciava.

- Enfim, vamos voltar ao nosso jantar. - A mãe do babaca... Digo, do John, fala se acomodando na cadeira meio sem graça, e assim nós fazemos.

[...]

- Obrigado pelo jantar, Sra. Julia. A comida estava maravilhosa! - Meu pai agradece sorridente.

- Oh, eu que agradeço. Espero poder recebê-los aqui mais vezes. - Ela diz educada e John revira os olhos.

- Te vejo na escola amanhã, princesinha... - Ele sussurra perto do meu ouvido e eu apenas o ignoro, pois não queria arrumar mais confusão para aquele dia.

Alfred e Julia nos acompanharam até a porta. Eles eram muito educados e civilizados, nem parecia que o ruivo babaca havia sido criado por eles. Nos despedimos e enfim fomos embora para nossa casa que ficava logo ao lado. Entro com os punhos cerrados, tamanha a raiva que eu estava sentindo de tudo o que aconteceu na escola e nesse jantar.

- O que aconteceu com você, meu filho? - Meu pai pergunta preocupado ao ver como eu estava.

- E você ainda me pergunta, pai? O nosso novo vizinho é um grandíssimo idiota! - Digo revoltado, ardendo de ódio.

- Filho, não ligue pra ele. Os pais dele são ótimas pessoas... - Ele diz e põe a mão sobre ombro.

- Eu também achei, mas não estou falando deles, e sim do filho insuportável deles! E tem outra coisa, você me fez pedir desculpas pra ele! Tem noção do quanto isso foi errado?

- Não, não foi. Na verdade foi o certo a se fazer, pois ele também te pediu.

- E O QUE EU TENHO HAVER COM ISSO? AQUELE CARA É UM BABACA IRRITANTE! - Grito furioso.

- Não aumente o seu tom de voz comigo. Eu sou seu pai e exijo respeito!

- Argh... Quer saber? Maldita seja essa proposta de emprego que nos obrigou a deixar a Escócia! - Esbravejo sem pensar.

Vejo que meu pai ficou mal ao ouvir aquilo de mim, mas estava com tanta raiva que não teria paciência para pedir desculpas. Decido que é melhor ir para o meu quarto. Subo as escadas correndo. Ouço meu pai me chamar, mas resolvo ignorar, entrando e trancando a porta de uma vez.

Suspirei longamente e caminhei até minha janela, que tinha deixado aberta. Eu estava precisando tomar um ar fresco da noite para acalmar os nervos. Vi que a janela do vizinho também estava aberta, mostrando o que pareciam ser um quarto masculino todo bagunçado. Respirei fundo, fechando o meus olhos e sentindo o vento tocar meu rosto e me relaxar aos poucos...

- McCARTNEY? MAIS QUE PORRA VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO?

Ouço uma voz conhecida e irritante, berrando. Me assusto e logo abro meus olhos.

- L-Lennon? O que VOCÊ está fazendo aí? - Pergunto franzindo o cenho.

- Esse é meu quarto, seu otário!

Eu pisco os olhos algumas vezes. Aquilo não poderia ser real. Na verdade, isso tudo deve ser um pesadelo mesmo.

- Oh, mais que maravilha... Venho até a janela em busca de paz e tranquilidade e acabo me deparando com essa visão do INFERNO! - Falo debochado e ele semicerra os seus olhos âmbar.

- INFERNO vai o que eu vou fazer na sua vida depois do que me fez passar hoje! - Ele ameaça e eu sorriu ironicamente.

- Acha mesmo que eu tenho medo de você? Ownts, Coitadinho... Quem andou te iludindo assim, hein?

- Eu estou te avisando, McCartney. Não tente brincar comigo! - Ele diz entre os dentes.

- Ah, faça-me o favor... Que tal parar com essa palhaçada? Eu quero ir dormir e não ficar perdendo tempo ouvindo essas suas ameças de menininha! - Digo e vejo ele travar o maxilar, parecendo um touro furioso que estava prestes a dar uma chifrada em mim.

- Foi você quem pediu, "querido" Macca! - Ele diz e abre um sorriso maldoso.

Reviro os olhos e em seguida ele fecha sua janela com força e depois fecha as cortinas. Logo eu fiz o mesmo, indo me preparar para dormir, mas não preparado pscicologicamente para ir para a escola amanhã.

Mal cheguei nessa cidade e já consegui um inimigo... Mais que coisa maravilhosa, não é mesmo?

CONTINUA...

Milk And Honey Onde histórias criam vida. Descubra agora