Jantar com os vizinhos

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PAUL P.O.V.

Cheguei em casa são e salvo, e também exausto. O idiota do John passou o dia com aqueles risinhos irônicos e me encarando. De resto, o dia seguido normalmente, entediante, mas normal.

Como já havia almoçado na escola e meu pai ainda não tinha chegado do trabalho, fui direto para meu quarto, joguei minha mochila no chão perto da cama e fui até a janela e a abrindo. Vi que logo na frente, havia uma outra janela, que provavelmente seria de um dos quartos dos vizinhos. Dei de ombros e fui até uma das prateleiras onde estavam meus discos de vinil, retirando um de maiores sucessos do rei do rock, Elvis Presley, o colocando no meu toca-discos com o volume baixinho. Em seguida, me joguei na cama e acabei pegando no sono.

[...]

Ouço o barulho da porta sendo aberta. Acordo assustado e me sento na cama. Esfrego meus olhos, percebendo que já tinha anoitecido.

- Filho, se arrume pois vamos jantar na casa dos vizinhos que moram aqui do lado. - Meu pai avisa.

- Como? Mas por que? - Pergunto franzindo o cenho.

- Porque eles nos convidaram para nós nos conhecermos melhor. - Ele explica e eu reviro os olhos.

- Ah, eu não estou afim, pai! Tenho certeza que eles não vão importar se só o senhor fosse... - Digo cruzando meus braços.

- Não, ande logo e se arrume! Ou quer que eles pensem que você é anti-social? - Ele diz irritado.

- Eu não ligo para o que eles vão pensar! - Falo e ele me encarar bravo.

- JAMES PAUL McCARTNEY, VOCÊ VAI NESSE JANTAR E PONTO FINAL! - Ele ordena.

- Mas pai... - Resmungo.

- Sem mais! Agora vá se arrumar. - Ele fala e sai do quarto.

Bufo com raiva, tiro a agulha do disco e vou tomar um banho.

[...]

- Olá, Jim! Pensei que não fosse vir mais. - Um homem que era nosso vizinho, nos recebeu.

Ele parecia com alguém que já tinha visto antes...

- Olá, Alfred! - É claro que iríamos vir. A propósito, esse é meu filho: Paul. - Meu pai me apresentou e eu dei um leve sorriso.

O tal de Alfred, me estendeu sua mão e eu prontamente a apertei, o cumprimentando.

- É um prazer conhecê-lo, rapaz. Oh, mas que falta de educação a minha. Entrem, por favor! - Ele diz nos dando passagem e assim nós adentramos.

- Boa noite à todos! - Uma mulher muito bonita surgiu na sala e veio nos cumprimentar.

- Boa noite! - Nós dissemos em uníssono e ela sorri.

O que estava sendo bem estranho, era o fato de que também aquela mulher me era familiar...

- O jantar já está pronto, venham. - Ela diz e nós a acompanhamos.

Chegamos na sala de jantar e todos nós sentamos a mesa. Eu estava com fome, já que não havia comido nada depois que voltei da escola, então fui o primeiro a pegar o prato e começar a me servir com a comida daquela mesa farta.

- Paulie... - Meu pai me repreendeu resmungando de canto.

- Está tudo bem, Jim, deixe o garoto comer. - Alfred disse divertido e eu sorri.

Eu já estava quase me terminando de me servir, quando a mulher, que eu ainda não sabia o nome, comentou:

- Nós temos um filho da mesma idade do seu.

- Você não o avisou sobre o jantar, Julia? - Ele pergunta em tom mais baixo pra ela.

Ah, então o nome dela era Julia.

- Sim, mas ele disse que não queria vir, amor. - Ela sussurra pra ele, que sorri sem graça.

- Nos perdoe por isso. Nosso filho é bem... Digamos, complicado. - Ele comenta envergonhado.

- Não tem problema, esses "aborrescêntes" de hoje são assim mesmo. - Meu pai diz balançando a cabeça negativamente sorrindo, fazendo os dois rirem com o termo usado por ele.

Reviro os olhos e continuo a comer aquela comida, que estava muito boa por sinal.

Os três continuam a conversar e eu, apenas digo alguma coisa rápida para que pensassem que eu estava interessado.

Após algum tempo, de repente, aquele mesmo ruivo babaca surgiu na sala de jantar com a cara de poucos amigos. Naquele momento, eu estava bebendo o suco e quando o vi, tomei um susto tão grande que acabei me engasgando e comecei a tossir descontroladamente. Todos na mesa então olharam para mim e meu pai deu alguns tapinhas em minhas costas.

- Espera aí, o que você está fazendo aqui? - John me pergunta com os olhos arregalados.

Eu respiro fundo depois de finalmente me recuperar daquela crise de tosse.

- O que VOCÊ está fazendo aqui? - Repito a mesma pergunta, mesmo sabendo que isso era idiota.

- Duhhh... Será que é por que eu moro aqui, escocês? - Ele diz balançando a cabeça com um sorriso sarcástico.

- Oh, calma aí, meninos... Vocês já se conhecem? - O pai de John pergunta e o acobreado revira os olhos.

- Esse rostinho de princesa estuda comigo. - John fala.

- Johnny... - Alfred o repreende envergonhado com aquela situação.

- Está tudo bem, Sr. Lennon. O seu filho só está agindo como o mesmo idiota que eu INFELIZMENTE tive o desprazer de conhecer hoje mais cedo. - Falo no mesmo tom sarcástico e meu pai me fuzila com os olhos.

- Paulie... Olha como fala, meu filho! - Ele também me repreende mais uma vez.

- Oh, McCartney, você vai se arrepender de ter dito isso... - O acobreado disse com a voz cheia de ódio, enquanto seu olhar parecia soltar faíscas.

Ele então fecha os punhos com força e começa a caminhar em minha direção, me fazendo engolir em seco.

CONTINUA...

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