Joguinhos

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JOHN P.O.V.

- POR QUE VOCÊ NÃO VEIO NA MINHA FESTA, JOHN? EU TE TELEFONEI O DIA TODO E VOCÊ NUNCA ME ATENDEU! O QUE DEU EM VOCÊ! - Cynthia berrava tão alto que eu tive que afastar o telefone do meu ouvido.

- Cyn, eu tive outras coisas mais importantes para fazer. - Digo em tom de tédio, enquanto me sentei na minha cama.

- VOCÊ ESTÁ DIZENDO QUE MINHA FESTA NÃO É IMPORTANTE? - Ela pergunta indgnada.

- Está colocando palavras em minha boca. Não me lembro de ter dito que sua festa não era importante.

- MAS FOI O QUE EU ENTENDI!- Ela retruca e eu reviro os olhos.

- Olha, me desculpa por não ter ido na sua "incrível" festa. Tive uma reunião de família aqui em casa e minha mãe me proibiu de sair. - Minto, afinal nem família eu tenho.

- Se é assim, você terá de vir aqui em casa ainda hoje. Aliás, nesse exato momento! E quem sabe eu aceito esse seu pedido de desculpas... - Ela exige e eu olho para o relógio na parede do meu quarto, que marcava quase três horas da tarde.

- Eu não posso, o jogo será na próxima terça-feira e eu preciso treinar bastante. Você sabe, não posso decepcionar meu treinador, já que não consegui participar do último treino. - Invento outra desculpa.

- Você pode muito bem treinar depois, tem bastante tempo até terça! - Ela insiste e eu bufo impaciente.

- Desculpa, Cyn, eu já marquei de sair com o George hoje. Realmente não vai dar. - E mais outra mentira pra minha coleção.

- Johnny, será que você nunca vai ter tempo pra mim? - Ela pergunta manhosa.

Porra, mas será que essa criatura nunca vai entender que o que tínhamos já acabou? Mais que anta!

- Ah...E-eu estou muito ocupado ultimamente, sabe? - Pergunto dando uma risadinha forçada.

- O que tem feito de TÃO importante para me deixar de lado, amorzinho? - Ela pergunta curiosa e eu faço careta quando ela me chama assim.

"Amorzinho"? Eca!

- Coisas. - Respondo seco.

- Que tipo de coisas?

Puta que pariu trigêmeos, hein! Que garota mais chata e insistente que eu fui ter grudada no meu pé!

- Coisas pessoais, Cyn, coisas pessoais... - Dou uma resposta vaga.

- Não confia em mim para contar, Jojo?

- Não me chame assim! Você sabe muito bem que eu odeio esse apelido! - A repreendo começando a me irritar.

- Eu paro, mas só se você me disseram o que está acontecendo... Jojo.

- Quer saber, não tem NADA acontecendo, Cynthia. Só estou ocupado com algumas coisas que não são da sua conta, entendeu? Agora eu tenho que desligar, o George acabou de chegar. Tchau!

- Mas Johnny...

Antes que ela pudesse continuar com o seu "mimimi", eu desligo na cara dela.

- Ô glória, finalmente livre dessa peste loira! - Falo respirando aliviado e levantando as mãos para cima.

[...]

Resolvi sair e dar uma corridinha pelo bairro. Após algumas horas de exercícios, voltei para casa e tomei um banho gelado.

No momento, eu estava deitado em minha cama, enquanto tentava acertar bolinhas de papel no cesto de lixo. Estava completamente entediado, mas também não tinha a mínima vontade de sair para me distrair e beber como sempre fiz as econdidas dos meus pais... Ou as vezes saía mesmo contra a vontade deles, mas enfim...

Me levanto e vou até uma das minhas calças que estavam no cabideiro e enfio minha mão em um dos bolsos dela, procurando meu maço de cigarros e o esqueiro. Assim que me viro, quase tenho um enfarte.

- PUTA MERDA, PAUL! - Berro derrubando a caixa de cigarros no chão e o esqueiro no chão, ao ver o escocês parado com aquela cara de bunda dele, próximo da janela - Você tem que parar com esse vício de invadir o meu quarto! Caralho, quase morri pensando que era um fantasma de uma princesinha medieval. - Falo tentando me acalmar, colocando a mão no peito e também não perco a oportunidade de debochar. Pra não perder o costume, né?

- Ha ha, e eu quase morri de rir com essa sua piadinha babaca! - Ele diz forçando uma risada e voltando a ficar sério - Fique sabendo que eu não queria invadir esse chiqueiro que você chama de quarto, porém, eu preciso da sua parte do trabalho de química para juntar com a minha. - Ele explica e cruza os braços, procurando o olhar para outro lugar que não fosse o meu rosto.

Suspiro e vou até minha escrivaninha, pegando uma folha que estava debaixo de uma pilha de roupas. Me aproximo dele e vejo que ele está tendo, o que fazia sentido pelo que aconteceu ontem no cinema. Estendo a folha, fazendo questão de encostar minha mão na dele e pude senti-lo estremecer.

- Só isso? - Pergunto arqueando as sombrancelhas.

- É. - Ele diz secamente e se vira para ir até a janela.

- Qual é, vai ficar me ignorando agora, é? - Eu pergunto e ele dá de ombros, ainda de costas para mim.

- É uma ótima opção. - Paul responde sem se virar.

- Olha, eu jamais contaria sobre o que aconteceu ontem para ninguém.

E lá vai mais uma mentira no meu dia...

- Isso não interessa, Lennon! Eu não gosto dessas merdas que você anda fazendo comigo. Eu não sou um brinquedinho se é o que você pensa! - O escocês diz se virando novamente para mim.

- Ora, mas eu nunca disse que era. - Comento balançando a cabeça.

- Você está querendo me provocar, me confundir, me deixar maluco, não é? É, eu sei que é, você mesmo me disse! Mas se você acha que esse seu planinho vai continuar a dar certo, você se enganou. Eu não vou mais facilitar as coisas pra você! - Ele diz cuspindo as palavras e apontando o dedo pra mim.

- Ah não? Tem certeza? - Pergunto rindo e ele engole em seco.

- Claro que tenho! - Ele diz tentando parecer convicto.

- Acontece que eu não te chamou de fracote à toa. Você não consegue resistir a mim, não mesmo! - Digo o provocando e ele cerra os dentes.

- Pense o que você quiser, eu vou embora. Esse lugar me dá nojo! - Paul fala com desgosto e se vira mais uma vez.

- O que foi, McCartney? Está com medinho? - Assim que pergunto ele para - Fugir é o que te resta, né?

- É melhor você parar com isso, ok? Eu não sei que tipo de joguinho é esse que você está querendo jogar comigo, mas é melhor parar! - Ele diz fechando os punhos com força.

- Isso não são joguinhos, Paul. - Falo e me aproximo.

Ele então acelera o passo.

- Que seja. Me chame de medroso, covarde ou o que quiser. Eu é que não fico mais aqui.

Rapidamente entro em sua frente e fecho a janela, fazendo ele me olha e confuso e assustado.

- Ah, você vai! - Falo com um sorriso malicioso.

- O que está fazendo? Vai me trancar nesse chiqueiro? Eu posso fazer um escândalo... - Ele ameaça e eu riu.

- É mesmo? Então já pode começar! - Digo desafiador.

Quando ele abre a boca para gritar, eu o puxo pelo casaco e selo nossos lábios...

          

                 CONTINUA...

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