Volta pra mim

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PETE P.O.V.

Essa noite foi horrível. Simplesmente não consegui pregar os olhos por não parar de tentar entender porquê correspondi àquele beijo sendo que sou hetero. Mas quando finalmente peguei no sono, tive um sonho, quero dizer, um pesadelo insano. Nele, eu e o Sutcliffe nos casávamos apaixonados e até acertavamos tudo para adotar uma criança. Realmente esse foi o pior pesadelo de toda a minha vida! Após isso, desisti de tentar dormir mais uma vez e resolvi fazer logo aquela porcaria de trabalho, que foi basicamente uma cópia descarada de livros, mas tudo bem. Enquanto eu escrevia, dei uma olhada no chão e acabei vendo uma corrente prateada no chão, que não era minha e só podia ser de uma pessoa...

- Stuart? - Eu o chamo depois do fim do treino e também de ter esperado todos se retirarem de campo, dando uma desculpa esfarrapada para não ir embora com George e John.

Ele, estava de costas, arrumando algumas coisas em sua mochila no banco de reservas, e pareceu me ignorar.

- Stuart? - O chamo mais uma vez, me aproximando dele, que continua a fingir que não havia ouvido - Estou com algo seu.

Dito isso, ele finalmente se virou. Tirei a corrente do bolso do meu casaco e a levantei para que ele pudesse ver. Ele então chegou mais perto e a encarou confuso por alguns rápidos segundos, a pegando em seguida.

- Você a deixou cair em meu quarto. Achei que o certo seria devolvê-la ao dono. - Explico e ele fica a olhando e não fala nada. Como achei que ele ao menos me agradeceria, decidi sair logo dali - Bem, eu já estou indo. - Falo meio sem graça e começo a me virar para sair.

- Meu avô que me deu pouco antes de falecer. - Stuart comenta de repente e eu volto a olhá-lo, o vendo pensativo e um pouco triste - "Campeão", era assim que ele costumava me chamar.

- N-nossa, hã... Pelo visto vocês dois se gostavam bastante, não é? - Digo um pouco tímido.

- Sim, nós éramos unha e carne.

- Imagino como deve ter sido difícil perdê-lo... - Tento mostrar meu entendimento por sua situação, mas vejo a expressão de tristeza dele, mudar para indignação.

- Você não faz a mínima ideia do que seja difícil, Best. - Ele fala com raiva e eu arqueio as sobrancelhas em surpresa com a sua reação - Você tem uma vida maravilhosa, uma casa linda, uma família perfeita, e uma gorda conta bancária. - Ele diz ríspido e eu não contenho o riso debochado.

- E o que sabe sobre minha vida? Só entrou na minha casa e já acha que tenho uma vida linda? - Pergunto indignado - Meu pai não para direito em casa e quando está, agride minha mãe que tanto sofre por sua ausência. E adivinha só quem tem que entrar no meio para impedir que ele espanque minha mãe? Isso, eu mesmo. Sabe quantas noites fiquei sem dormir ouvindo o choro da minha mãe? Ela o ama, mas ele só pensa na merda do trabalho dele e nos faz sofrer! - Eu desbafo de uma vez, vendo Stuart arregalar um pouco seus olhos.

- E-eu não sabia... - Ele diz demonstrando arrependimento.

- Pois agora sabe! - Esbravejo.

- E-eu sinto muito, não devia ter dito aquilo. - Stuart diz cabisbaixo e eu tento acalmar a raiva dentro de mim - Ah... Obrigado por devolver minha corrente.

- Não foi nada. - Digo e respiro fundo.

Um silêncio incômodo se fez presente entre nós.

- Pete, sobre ontem... - Ele diz após algum tempo e eu suspiro.

- Olha, não precisamos falar disso. - O interrompo - Mais que droga, Stuart! Eu não consigo parar de pensar naquilo! - Eu revelo e ele me olha surpreso.

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