Capítulo 12

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Aline corria atrás das irmãs, pois não queria ficar fora da reunião. Da mesma forma que ela, outras pessoas vinham junto. As líderes entraram em uma sala extensa, onde havia uma mesa ao centro e um equipamento desconhecido de Aline ao canto.

As pessoas começaram a entrar no cômodo, e tanto Etama quanto Naara andavam de um lado para o outro, nervosas, conversando na língua que apenas elas entendiam. Quando pararam, já que todos as olhavam esperando por um pronunciamento, Aline se aproximou e colocou na mão de Naara o pen drive. Explicou rapidamente do que se tratava, e ela agradeceu. Ao entregá-lo para a irmã e tomar à frente para falar a todos, o equipamento ao canto começou a piscar. Levi foi até ele e mexeu em uns botões.

— Estamos recebendo uma ligação de São Paulo — avisou sem olhar para ninguém. Apertou mais um botão, e de repente um chiado foi ouvido. — Quem fala? Câmbio.

O chiado se prolongou até uma voz masculina se pronunciar.

Aqui é César Mendes Guerra.

Um leve sorriso apareceu no rosto de Aline, assim como no de Alexandre. Ambos chegaram mais perto do aparelho.

— Olá, capitão. Aqui é o Levi, tudo bem? — falava em um microfone. Contudo, apertou outro botão e o desconectou do aparelho. Dessa vez, sequer precisou dele para ser ouvido por César. — Aposto que você quer saber notícias do seu filho, não é? Ele está bem — olhou para Alexandre.

Muito obrigado pela informação, Levi, mas o motivo do meu contato é outro. As irmãs Villas Boas estão por aí?

— Estamos, César — Naara se pronunciou. — Sou eu, Naara. Aconteceu alguma coisa?

Sim, Naara. Acabou de chegar ao Complexo um carregamento de drogas da verdade.

O burburinho foi geral, precisando que Etama ordenasse o silêncio. César contou tudo o que acontecera naquela manhã, dizendo-se preocupado, pois a quantidade do carregamento era enorme. Naara o avisou da intercepção realizada e dos efeitos colaterais da droga. Comentou também que descobriram um centro de cobaias. César reagiu incrédulo às novas informações.

— Estamos reunidos agora para discutir o que devemos fazer, capitão — concluiu Naara.

Creio que o mais sensato agora é instaurar um toque de recolher — César aconselhou. — Se o governo colocar as mãos em qualquer rebelde, estaremos perdidos.

— Mas e depois? — indagou Etama. — As coisas estão ficando cada vez mais difíceis para nós. Precisamos agir! Temos provas, César. A gravação do presidente e o sujeito de Brasília. Podemos usar o que temos para mostrar a essa população alienada o que o governo vem fazendo e atacar.

— A população não confia em nós, Etama! — Naara se exaltou. — Quantas vezes terei de dizer isso? Nós somos os bandidos, somos as pessoas más da história, aqueles que merecem ser torturados e mortos! Como nós, os rebeldes, teremos qualquer credibilidade perante eles? — um vinco se formou na testa dela, intensificando ainda mais a fisionomia zangada.

— Então é isso? — Etama abriu os braços. — Não vamos fazer nada? Simplesmente nos esconder e esperar que eles venham aqui e acabem conosco? Então por que lutamos, Naara? Pelo que nossos pais morreram? Para nada? — chegou mais perto da irmã. — Precisamos agir agora! Alerte os outros acampamentos, convoque os infiltrados, empunhe armas. Temos de agir de qualquer jeito!

O lugar só não estava em silêncio porque o chiado vindo do equipamento continuava. Aline se viu em uma situação na qual não sabia o que pensar. Realmente a população não confiava nos rebeldes, pois fora induzida pelo governo a criar ódio a qualquer menção à rebeldia. Como mostrar que os governantes vinham mentindo? Que matavam os civis?

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora