Capítulo 17

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Aline agarrou Denis pelo pulso com força para que corresse. Gritou para que Leonel fizesse o mesmo e saiu puxando o irmão. A superfície de terra em nada atrapalhara o caminhar até ali, mas criou problemas para alguns por causa dos passos apressados que tinham como objetivo salvar aquelas pessoas.

Denis logo conseguiu velocidade e se soltou da irmã, indo à frente, seguindo Etama e Naara, as únicas que poderiam guiá-los para outro caminho. Aline foi ficando para trás propositalmente e virou-se mais de uma vez para atirar. Mesmo sem a mira necessária, conseguiu atingir um cachorro ou outro, só que eles eram em um número absurdo. Assim como ela, outros atiravam, o que sequer assustou os animais, que continuaram latindo e rosnando.

Como preocupava-se mais com a própria família, parou com os disparos e empregou mais velocidade, colocando-se atrás de Leonel, que começava a perder o ritmo, ficar para trás. Gritou mais de uma vez para ele não parar de correr, dar o máximo possível. Ao mesmo tempo que lhe dizia aquilo, torcia para que nada o derrubasse, pois seria fatal se acontecesse.

Pela visão periférica, viu um cão se aproximar dela e logo o abateu. Ao olhar para trás, percebeu como se aproximavam do grupo. Voltou a atirar com o intuito de atrasá-los, o que também a fez ficar para trás. Quando parou para mirar e ter um melhor aproveitamento, derrubou vários deles. Contudo, o som de que as balas tinham acabado lhe trouxe sangue às lembranças. Por um segundo, viu Isabel e Giovana, o que a fez abaixar a guarda.

Teria ficado ali se Alexandre não a tivesse puxado pelo braço, forçando-a a correr enquanto atirava nos animais.

— Não abaixe a guarda! — ele esbravejou. — Nunca mais!

Ficou atordoada por alguns segundos, como se voltar à razão requeresse certo esforço. O gosto amargo na boca surgiu, pois teve de concordar com Alexandre. Por que estava abaixando a guarda daquela forma? Não podia permitir que aquilo acontecesse. Já lúcida, guardou o revólver descarregado no cinto e apanhou o outro. Com isso, deram cabo dos cães mais próximos e puderam voltar a correr em uma velocidade que lhes proporcionou uma boa distância.

Ao retornarem ao local onde a caverna se dividia em três saídas, as líderes apontaram com as lanternas o caminho da direita. O grupo fez a curva, que provocou alguns escorregões e fez a poeira levantar, dificultando ainda mais a visão. Também ficaram mais lentos, vantagem para aqueles que os perseguiam.

Caio foi um dos que escorregou. Como carregava o kit de primeiros socorros, a maleta caiu longe dele. Para apanhá-la, ele se esticou para o lado após a queda, tempo suficiente para um cão lhe abocanhar a perna.

Ao presenciar aquilo, Aline parou e apontou a arma para atirar no predador, porém Levi lhe bloqueou a visão e foi ao alcance de Caio. Ele atirou mais do que o necessário para o cão morrer e largar a perna Caio. Agindo rápido, Aline o puxou pelos braços com a ajuda de Alexandre e o colocaram em pé aos tropeços, ainda correndo.

Quando Levi parou ao lado dela, passou o braço de Caio para ele e se postou atrás do trio para atirar. Caio seguia encostando só uma perna no chão, mas era amparado pelos outros dois. Conseguiram estabelecer um ritmo razoável, só que os cães estavam mais perto, era capaz de sentir a baforada quente deles e a saliva quando latiam raivosos.

Ouve mais gritos e tiros. Ítalo estava no chão com um animal em cima, abocanhando-lhe o braço. Eric e Catarina o livraram da situação e voltaram a correr.

— Continuem! Levem os feridos — Aline ordenou e ficou para trás de propósito. Se quisessem continuar, precisavam diminuir o número de cachorros.

Ao lado dela surgiram Catarina e Mônica. Em três, puderam acertá-los, mesmo que continuassem a se mover, dando passos para trás. Quando o último cão caiu, encararam-se, pois ainda escutavam rosnados e latidos.

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora