Capítulo 32

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Assim que o sujeito entrou no veículo, Aline apontou a arma para ele. No entanto, Naara a tocou no braço e a fez abaixar, sussurrando que ele era o capitão da Muralha. Tobias cumprimentou a todos e indicou a direção que Ítalo deveria seguir. Logo que saíram de onde os militares estavam, o capitão abriu o vidro do compartimento de carga e ali se debruçou. Depois de um longo suspiro, contou que o governo descobrira sobre os infiltrados.

Aline teve uma leve tontura e segurou Naara pelo braço. Sem dar a oportunidade de Tobias continuar por conta própria, perguntou como haviam descoberto. Quando ele disse que usaram a droga da verdade no capitão de São Paulo, os olhos dela encheram-se de lágrimas. Virou-se para Alexandre, que estava pálido, em estado de choque.

— Há pouco recebi uma mensagem dos rebeldes — Tobias passou os olhos novamente por eles e parou em Alexandre. — Você é o Alexandre Guerra? — ele fez que sim. Ao mover a cabeça, uma lágrima escorreu. — Sinto muito, garoto. Seu pai foi executado hoje perto do meio-dia.

Alexandre fechou os olhos, e mais lágrimas escorreram. A sensação ruim dele... Aline se aproximou, segurando-o pela mão. Por mais que tivesse apertado os dedos dela, continuou sem a encarar. Ela engoliu em seco e se virou para Tobias.

— Você tem notícias da Meire Guerra?

No momento em que fez a pergunta, Alexandre abriu os olhos. Aline teve certeza de que ele também percebeu a expressão de lamento de Tobias, que pressionou os lábios e suspirou. Antes mesmo de responder, ele balançou a cabeça em negativa. Com isso, Alexandre soltou-se de Aline e se afastou dela, dando as costas ao capitão.

— Fiquei sabendo pelo exército agora há pouco que ela se matou quando os soldados chegaram para pegá-la — hesitou por alguns instantes com a cabeça inclinada para baixo, como se tomasse coragem para continuar. — A mensagem que recebi dos rebeldes foi ela que mandou passar. Mesmo sabendo tudo o que estava acontecendo com o marido e do perigo que corria, escolheu ficar onde estava para avisar os rebeldes. Ela salvou incontáveis infiltrados, garoto.

Alexandre não se virou, e quando Aline tentou se aproximar de novo, afastou-a, levantando a mão para que não chegasse perto. Assim, ele caminhou até a porta e a socou. Depois, caiu de joelhos, chorando copiosamente. Com um nó na garganta, Aline respeitou o espaço dele, voltando-se a Tobias.

Ouviu-o dizer, com pesar, que alguns infiltrados conseguiram fugir de São Paulo, mas que todos que estavam dentro do exército foram mortos por ordem da general. Enquanto ele lamentava de como a situação atingira níveis alarmantes, já que não poderiam mais contar com os infiltrados, Aline só conseguia pensar no que Alexandre estaria sentindo. Ele acabara de perder os pais. As lágrimas lhe marcaram o rosto, e ela as secava devagar, tentando se manter atenta à fala de Tobias.

Ao mesmo tempo que o capitão frisava que a partir daquele momento seria difícil se esconderem, que teriam de enfrentar o exército de frente, caso contrário morreriam, indicava o caminho para Ítalo pelas ruas da cidade. Estavam se aproximando do destino.

— Apesar de tudo isso, descobri algo que vai nos ajudar — continuou Tobias. — Há algumas horas, fui forçado a ingerir a droga da verdade — a revelação arrancou olhares surpresos de todos. — A general de São Paulo sabe que vocês estavam vindo para cá, por isso os militares começaram a ser interrogados para que descobrissem quem os está ajudando. Fui um dos primeiros a passar pelo procedimento. Só que ela não teve o efeito esperado em mim. Consegui mentir para os meus superiores provavelmente porque antes ingeri a droga inibidora de sono. Sou viciado nela — o espanto foi geral, e a hesitação dele em falar do vício era perceptível. — Assim que fui liberado, informei aos infiltrados do Complexo de Foz do Iguaçu, e eles desertaram antes de serem levados a ingerir a droga.

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora