Aline e Eric ficaram de vigia nas primeiras três horas. Atentos a tudo ao redor, praticamente não conversaram. Tinham armas e lanternas em mãos e os olhos na escuridão do ambiente plano, de poucas árvores e de mato baixo. O que os protegia do vento, ou pelo menos tentava, eram as plantas não tão altas que se assemelhavam a arbustos. Andavam pelos arredores um ao lado do outro, torcendo para que nada de ruim acontecesse.
Assim que o tempo de vigia terminou, Eric acordou Catarina e depois chamou por Mônica. Enquanto as duas tomavam as posições, ele comentou com Aline sobre Raul, disse que o irmão via nela algo que não sabia explicar, mas que com certeza mudaria o rumo do país.
— Ele acreditava em você — tocou-a no ombro. — E agora que será treinada junto de mim e de Catarina para a liderança rebelde, percebo todo o seu potencial também.
— Isso é muita responsabilidade, não sei se estou preparada para ela — confessou.
— Você está, tenho certeza.
Agradeceu a motivação e foi se acomodar ao lado de Denis e Leonel. Enfiou-se no saco de dormir junto do irmão, que resmungou algo indecifrável quando ela se mexeu. Acariciou os cachinhos dele e o abraçou, fazendo-o voltar a respirar profundamente. Ainda fixou o olhar no céu estrelado por alguns minutos, refletindo sobre tudo o que vinha acontecendo, antes de permitir que o sono a dominasse. Se pudesse, não pensaria mais a respeito de nada.
Sequer precisou que alguém a acordasse, simplesmente despertou ao mínimo som de passos. Ainda era madrugada, o que dificultou a visão do ambiente. Só foi capaz de enxergar algumas luzes ao longe, o que lhe pareceu ser de lanternas. Com a arma firme na mão, levantou-se, mas antes que pudesse fazer algo, Sandra surgiu ao seu lado e a segurou pelo pulso, dizendo que eram aliados.
Relaxou os ombros e apenas observou Ítalo vindo junto das pessoas que carregavam as lanternas: um grupo pequeno formado por dois homens e duas mulheres. Naara se aproximou deles quando uma das mulheres, apresentando-se como Naty, agachou-se e colocou sobre o chão a mochila, abrindo-a e entregando mantimentos para a líder. Naara pediu a Ítalo que acordasse a todos para que se alimentassem e partissem o quanto antes.
Sem que o acordasse, Denis se levantou e parou ao lado da irmã já reclamando de fome. Ela chamou pelo pai e os acompanhou até o grupo recém-chegado.
Comeram frutas e pedaços de pão, o suficiente para iniciarem a viagem. Ao se sentir satisfeita, guardou o saco de dormir e os poucos pertences, colocando-os dentro da mochila e a ajeitando nas costas. Em poucos minutos, todos estavam prontos para partir.
O caminho era iluminado pela luz das lanternas do outro grupo e por algumas que ainda tinham consigo; apenas se ouvia o som dos passos e o de alguns animais. Sequer conversaram, pois temiam que alguém os escutasse. O medo de serem pegos rondava a todos, até porque o exército os caçava. Direcionavam todas as energias para a caminhada, que seria longa.
Tanto Caio quanto Leonel mancavam, o que claramente atrasava o grupo, porém ninguém comentou nada. A pessoa que geralmente diria algo era Etama, que continuava sem condições para isso; mantinha cabeça e olhos baixos. Toda a liderança ficou nas mãos de Naara.
Após a primeira hora de caminhada, Denis puxou Aline pela mão e disse estar cansado. Ela avisou que não poderiam parar, tinham de continuar andando.
— Meu pé está doendo — choramingou.
— O que você quer que eu faça, Denis? — agachou-se diante do irmão. — Não posso carregar você. Terá de andar.
Viu os olhos do irmão encherem-se de lágrimas, o que causou um aperto no peito dela. Contudo, sem dizer nada, Alexandre parou atrás de Denis e o segurou, erguendo-o do chão e o colocando sobre os ombros.
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País Corrompido [completo]
Science FictionLIVRO 2 *antes de começar a leitura deste livro, certifique-se de que leu País Imerso, livro 1 da trilogia* Sinopse: Escondida, esperando os ânimos se acalmarem e os corpos se curarem, Aline verá o exército os caçando. Por mais que tenha medo de per...