Capítulo 15

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Andaram ainda mais naquela noite.

Etama insistia para que apressassem o passo, pois o tempo não estava a favor deles. O discurso dela consistia em que, a qualquer momento, um rebelde poderia ser capturado e submetido às drogas da verdade. Apesar do cansaço, todos davam o máximo de si para conseguir manter o ritmo da caminhada.

Quando o esgotamento físico chegou ao extremo, pararam para fazer uma refeição mais completa e dormirem. Dessa vez, Levi se ofereceu para a vigia, e Caio fez o mesmo. Aline ergueu a mão junto de Catarina assim que Etama perguntou quem poderia ficar com o segundo turno.

Logo adormeceu para que pudesse descansar o suficiente para a vigia. Contudo, acordou antes do esperado. Sentou-se para esticar o corpo e viu ao longe as luzes das lanternas de Levi e Caio. Ao ameaçar se levantar, assustou-se ao sentir uma mão no ombro. A primeira coisa que fez foi procurar pela arma deixada ao lado do saco de dormir.

— Calma, sou eu — sussurrou Catarina, apontando a lanterna para o próprio rosto.

— Catarina?

— Dã! Lógico que sou eu, quem mais seria? Estava esperando que o bonitão viesse te fazer companhia, é? — riu. As bochechas de Aline esquentaram. — Olha, eu normalmente não durmo muito e quero falar com você. Topa conversar comigo antes de irmos para a vigia?

Aceitou, apanhou a arma e a lanterna e a seguiu para longe das pessoas que dormiam. Ao chegar mais perto de Caio e Levi, observou-os bem próximos um do outro, pareciam conversar em um tom baixo demais para ser ouvido. Ela estreitou os olhos e percebeu que sorriam. Só que se distanciaram ao notarem as garotas. Eles voltaram a caminhar pelo túnel ainda cumprindo a vigia, e elas se sentaram. Catarina já foi falando:

— Você já teve um mau pressentimento antes de uma missão?

Achou estranho o tom sério usado por ela, algo que não combinava muito. Matutou alguns segundos antes de responder:

— Para falar a verdade, eu sempre tenho uma sensação ruim antes de qualquer missão — deu de ombros. — Mas por que a pergunta?

— Bom, as líderes são as únicas que sabem quanto tempo ainda falta pra sairmos do túnel e já deu pra perceber o cansaço do pessoal nessas horas de caminhada. A gente nem sabe como estão as coisas lá fora, e isso só piora um pouco a situação, pelo menos pra mim.

— O cansaço é normal, até porque a maioria não está acostumada a andar tanto. E tenho certeza de que a Etama e a Naara sabem o que estão fazendo — só naquele momento percebeu como passou a realmente confiar nelas.

— Pelo jeito, a Naara deve ter conversado com você sobre a liderança, não é? — chocou o braço propositalmente com o de Aline.

— Sim, conversou. Só não dei uma resposta ainda.

— Eu fiquei espantada quando ela falou comigo, mas agora já estou aceitando — encostou-se melhor na parede. — Darei o máximo de mim para que possa fazer a diferença. E tenho certeza de que você será de grande ajuda, Aline. Seremos ótimas líderes.

— No fundo, desejo que tudo isso acabe antes que dê tempo de eu ser uma líder — suspirou. — Mas também darei tudo de mim.

As duas continuaram a conversar, e o tempo passou mais depressa. Logo assumiram a vigilância, andando pelo local. Depois de um tempo transitando por ali, Catarina a pegou pelo braço de forma repentina, fazendo-a parar, e puxou um assunto um tanto inusitado.

— Você acha o Eric bonito?

Aline apontou a luz da lanterna para o rosto dela e a viu um tanto envergonhada. Na hora, começou a rir. Lembrou-se da vez que Mônica fez a mesma pergunta sobre Raul antes de começarem a namorar.

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora