Capítulo 38

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O dormitório que ocupava estava na lotação máxima. Havia alguns beliches, mas a maioria das pessoas dormia no chão em colchões ou sacos de dormir. Aline se virou mais uma vez para o lado, tentando dormir, sem conseguir. Aquela seria a última noite ali no acampamento e com a família. No dia seguinte, assim que o sol se pusesse, estaria dando início ao plano para tomar o laboratório.

Suspirou, mais nervosa do que gostaria, e se sentou no colchão. Tateou o chão até encontrar a pequena lanterna. Ao seu lado, Denis sequer se mexia. Ao lado dele, Mônica tinha o rosto afundado em um casaco que usava como travesseiro. Leonel estava em um colchonete do outro lado do cômodo.

Ainda voltou a se deitar, mas era como se houvesse espinhos ali. Por isso, levantou-se e, descalça, saiu do dormitório. Com a lanterna, iluminava o corredor escuro e silencioso sem saber exatamente onde iria. Além do medo do futuro incerto, sentia uma necessidade estranha, que só existia, sem explicação. Precisava de algo...

Inquieta, achou que andar traria a calma da qual precisava, mas a ansiedade só aumentava a cada novo passo. Com a respiração presa, como se não quisesse sair, e sem saber o que fazer, parou diante da porta de outro dormitório, o que a fez refletir. Na hora, o coração acelerou, e a respiração tornou-se mais longa, o ar saindo de uma vez. Talvez não precisasse de algo, e sim de alguém...

Ainda cogitou se deveria ou não entrar ali, mas acabou balançando a cabeça, repreendendo-se por pensar demais. Só sinta. Abriu a porta devagar, apontando a lanterna para o chão, e caminhou entre os colchões com cuidado.

Logo reconheceu Alexandre em um colchão de solteiro e para lá se direcionou. Ajoelhou-se ao lado do namorado, com a fraca luz lhe permitindo admirar a beleza dele. Apesar de terem conversado, a relação de ambos não vinha tão bem quanto gostaria, estavam distantes. Imaginou que havia muito no que pensar ultimamente, o que lhes consumia todo o tempo. Suspirou com pesar. Queria ficar bem com ele. Tocou-o delicadamente no rosto, o que o fez franzir o nariz e abrir os olhos de forma preguiçosa. Ao avistá-la, franziu o cenho e se apoiou em um braço, levantando a cabeça.

— Aconteceu alguma coisa? — a voz rouca saiu baixa.

Ela negou. Sem encontrar palavras para explicar a vontade que sentia de estar com ele, arrastou-se para o colchão, enfiando-se junto de Alexandre debaixo da coberta. Cobriram as cabeças e foram iluminados pela lanterna. Assim, puderam se encarar.

Ao ser tocada no rosto, aninhou-se mais a ele, passando a perna sobre a dele, já que o espaço era restrito e cairiam para fora se não ficassem o mais junto possível. Encostou o rosto no peito de Alexandre, inalando o aroma, sentindo-se preencher de satisfação por estar ali.

— Você está preocupada com amanhã? — acariciou-a nos cabelos, enrolando algumas pontas nos dedos. Ela fez que sim. — Vamos fazer o possível para tudo dar certo — beijou-a na testa.

— Eu sei — afastou-se para fixá-lo nos olhos. — Mas não quero falar disso agora. Vim aqui para dormir com você.

— Só dormir? — arqueou uma sobrancelha.

— Sim, só dormir — sorriu e lhe contornou os lábios devagar, desejando o contato físico.

Ele lhe segurou a mão e beijou os dedos, subindo pelo braço, passando pelo pescoço até chegar à boca. O beijo que começara lento logo aumentou de velocidade. Perguntou-se mais de uma vez como podia o clima entre eles mudar tão rápido daquela forma. O menor toque era o combustível para começar a perder a razão e se deixar levar, sem freios.

Agarrou-se à camiseta dele, puxando para trazê-lo o mais perto possível, mesmo que não houvesse mais espaço. Foi tocada na coxa descoberta, já que usava shorts. A mão dele não parou ali, continuou subindo, deixando pelo caminho um rastro de pelos eriçados e a pele extremamente sensível, almejando cada vez mais.

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora