Capítulo 33

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Um a um, os rebeldes foram aterrissando, tropeçando e fazendo o possível para apaziguar a descida. A fumaça do avião abatido continuava sobre as cabeças de todos. O pouso de Aline ocorreu em uma região de vegetação mais espaçada e, ao atingir o solo, soltou o irmão de si e se desfez de todo o equipamento. Como manteve a atenção em Leonel durante a descida, viu onde caiu e para lá correu junto de Denis.

O pai estava sentado no chão, com cara de dor, quando se aproximaram. Ela se agachou diante dele para averiguar se estava machucado e suspirou aliviada ao ver um pequeno esfolado no braço e a calça suja na altura dos joelhos. Após ajudá-lo a se livrar do paraquedas, passou os olhos pelos arredores: a mata típica da região era composta de árvores não muito altas, se comparadas com as que encarara em suas missões, e com certa distância uma da outra; o terreno era mais que acidentado devido à presença de raízes que pareciam se infiltrar mais ao chão do que os troncos ousavam subir.

Para não deixar pistas, recolheram os equipamentos e andaram na direção de algumas pessoas. Logo pôde reconhecer Levi e Caio, que sorriram quando eles se aproximaram. Para que fossem encontrados pelo demais, permaneceram onde estavam, e Levi colocava dois dedos na boca para assoviar vez ou outra. Como pegaram algumas lanternas dos militares que capturaram, também as usaram para um sinal de luz. O sol estava se pondo, precisavam se reunir o quanto antes.

Como se encontravam em uma área mais descampada, seria mais fácil de avistar os companheiros se aproximando. Contudo, também estavam mais desprotegidos. Tinham de sair de lá antes que o exército chegasse.

Os minutos foram passando e com eles o grupo voltava a se reunir. Aline mantinha-se em alerta total, pronta para agir caso necessário. Quando a maioria já estava presente, acomodaram-se juntos embaixo da árvore mais alta para se esconderem caso o exército viesse pelos ares. Mesmo assim, com todos preparados para o próximo imprevisto, continuou tensa com o tempo de espera tornando-se cada vez maior, primeiro porque as líderes ainda não os haviam encontrado; segundo porque a lembrança do que acontecera com Ana lhe tomava os pensamentos. Ainda tentava se desfazer da recordação, mas falhava. Ela não podia ter morrido.

A sugestão de que fossem procurar por elas partiu de Sandra, e todos concordaram. Andaram para a direção que Flávia indicava, já que conhecia melhor a região e vira para onde as irmãs estavam indo durante o salto.

Percorreram a vegetação de mato alto por cerca de meia hora. Aline ia à frente, ao lado de Flávia, e aproveitou para perguntar mais sobre o que Tobias tinha falado a ela. A piloto contou que foi uma das primeiras infiltradas abordadas pelo capitão. Como seria ela a levá-los para a região central do país, ingeriu vários comprimidos de inibição de sono enquanto Tobias avisava os demais. Manteve-se escondida durante algumas horas até ser orientada por ele a ir para o avião.

— Estávamos em contato pelo comunicador quando ele encontrou vocês. Soube ali que eu deveria agir.

Assim como Tobias, ouviu-a lamentar-se por causa da falta de sorte, temerosa com o que aconteceria dali para frente. Aline só assentia. Tudo o que os rebeldes haviam construído junto dos infiltrados simplesmente acabara. Não sabia se as líderes tinham um plano para o caso daquilo acontecer, mas torceu para que sim.

Ainda pensando em Naara e Etama, foi surpreendida quando Flávia a segurou pelo braço, fazendo-a parar de andar. Ergueu os olhos para a direção que ela apontou e viu, ao longe, um paraquedas preso a uma árvore. Nele, uma pessoa ainda estava pendurada. Na hora soube ser Ana.

A imagem lhe atingiu com mais impacto do que esperava, sentiu até uma leve tontura. O choque e a noção da gravidade de tudo aquilo foram rapidamente obscurecidos pelas reações ao seu redor, principalmente quando trocou olhares com Caio.

País Corrompido [completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora