XI- Pra sempre.

35 21 9
                                    

-Todos os alunos precisam se encaminhar para o trocador masculino dos atletas, perto da quadra!

A chuva aumentara. Muito. Trovões agora sacudiam a escola.

O mundo está acabando. O mundo está acabando.

Luke sentia como se o exterior do mundo estivesse igual o interior dele. Tudo desabando. Tudo o corroendo. A ligação do pai. Alguém lhe espionando do lado de fora.

Não.

Alguém o espionando dentro do quarto.
Alguém que invadira seu quarto para tirar fotos dele. Como se fosse um ensaio fotográfico.

O ensaio fotográfico mais bizarro de todos os tempos.

Era agora sete e meia. Muitos alunos chegaram mas a maioria ainda não. Postes caiam pela cidade. Carros derrapavam. Luke acompanhava as notícias pelo celular. A previsão do encerramento da chuva ainda não chegara.

Teria ela fim? Ou será que iriam todos morrer ali?
Estavam os levando para longe porquê a qualquer momento a biblioteca poderia desabar. Havia postes ali perto que poderiam cair e quebrar os vidros e as pessoas.

Tanto faz. Vamos todos morrer, mesmo.

-Eu não consigo que acreditar que ainda não começaram as provas, merda. - reclamou Kate, bufando enquanto andavam segurando suas bolsas - Certeza que vão adiar.

-Enquanto isso, temos que ficar aqui com as pessoas que podem ter feito mal pra Carol. - Aurora olhava de um em um.

-Isso é um show de horrores, cara. Como podem nos prender assim quando tudo de ruim está acontecendo?

Luke estava calado. Corm havia mandado diversas mensagens pra ele nos últimos dois dias, mas Luke ignorava todas.

Podemos conversar?
Estou com saudade.
Você não me parecia bem.
Vou ter que apelar e te mandar foto sem cueca.
Tá tudo bem, L?

-Luke, você está muito calado. - Aurora passou a mão em seu braço. Ele mordeu a língua muito forte.

-Tô só com medo da prova, sabe. - ele deu de ombros, fingindo ser só isso - Medo de me dar mal.

-Talvez a adiem, então não se preocupe tanto. - Os três se sentaram em um banco do trocador masculino.

O mesmo em que Kate viu a pulseira da Carol.
As fotos de vagina.
O celular do Tedd.

-Quer conversar sobre o que houve na sua casa? - Aurora se referia ao maníaco que o observara. Tedd.

-Não tem o que falar. - Sua voz soou estranha, e ele engoliu em seco.

Será que ela vai notar que não estou bem?
Notará que que me bati ontem?
Notará ela que estou querendo gritar e chorar e bater em alguém?
Eu não contei a elas ainda sobre meu pai mas será que elas desconfiam?
Com quem posso desabafar?

-É um absurdo o fato de não haver muitas câmeras de segurança nessa cidade. - Kate revirou os olhos e a folha do caderno - Com tantos crimes acontecendo, é como se as pessoas compactuassem com ele.

As pessoas compactuam com ele.
Bem, isso é verdade. Coisas ruins acontecem todos os dias e ninguém parece se mobilizar com isso.

Tipo as coisas entre eu e meu pai.
Ninguém se importa, me deixam sozinho chorando e me deixam piorar.

As pessoas são tão crimosas quanto o assassino, pensou Luke.

-Concordo... - Aurora suspirou, e Luke percebeu que falou isso em voz alta.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora