XXXIX - O nosso segredinho

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10 de Outubro de 2020, 15:00.

Dia da festa da Lucy.

-Eu espero que tenha um bom motivo pra você ter me trazido aqui depois de um dia estressante como o meu. - Afirmou, Luke adentrando o teatro vazio. A cortina do palco estava fechada.

-Acredite, eu me lembro de você ter me falado que queria ver um teatro vazio uma vez - Cormoran seguiu andando com ele entre os assentos vazios - Um amigo meu trabalha aqui e ele me deixa vir. Por isso nos deixaram entrar, gatinho. - Ele piscou para Luke.

-E vai ter alguma peça hoje por acaso? - Perguntou Luke ao abrir as cortinas e notar o cenário montado. Havia um sofá, uma televisão e uma parede falsa de sala de estar.

-Só amanhã de noite, por enquanto temos tempo livre para nós. - Respondeu Corm, subindo no palco junto dele.

Luke deu piruetas no palco e analisou os assentos do andar de baixo e de cima, sorrindo.

-Deve ser emocionante subir aqui e ser amado por todos. Todos te aplaudindo no final, se emocionando com você.

-Isso se chama adoração, e não amor. - Cormoran sentou na beirada do palco, fazendo um gesto para que Luke se sentasse ao lado dele.

-Tanto faz! - Luke revirou os olhos sorrindo, se sentando ao lado dele - Talvez eu vire ator um dia. Para sentir essa sensação todos os dias. E obrigado por esse passeio, meus dias tem sido tão intensos que você nem tem noção.

-Eu que agradeço por ter vindo. Eu estava mesmo querendo passar um tempo junto de você. - Cormoran piscou pra ele - E sinto lhe dizer, mas você já é um. Sabe enganar e mentir para as pessoas muito bem. Me pergunto com quem aprendeu tantas coisas.

-Com o profissional, é claro, cretino! - Luke deu um tapa no peito de Corm que riu junto com ele. Luke se levantou e se jogou no sofá do cenário - Viver com seu irmão na mesma casa é tão estranho. Minha mãe e ele já parecem ser casados e eles nem se conhecem há seis meses.

-Eu entendo que está sendo muito esquisito, mas realmente a minha casa é bem pequena. - ele sentou do lado de Luke no sofá - Eu até sugeri que ele ficasse lá, mas ele falou que ia ficar na sua casa. Espero que ele esteja se comportando bem. - Brincou ele.

-Está, e ele é um doce, o problema mesmo é o casalzinho chiclete. - Luke revirou os olhos e fingiu que ia vomitar - E por mencionar isso, como está lidando com o divórcio? Ficar longe da sua filha deve ser terrível...

-Bem, a Jessia vai lá pra casa direto, ficamos revesando sobre quem cuida dela. E eu fui no parquinho com ela ontem. Sobre o divórcio em si, me sinto bem mais livre. - Ele suspirou, se recostando.

Luke franziu os lábios.

-Você podia ter me contado que a Mona era tia paterna da minha melhoe amiga.

Cormoran olhou em seus olhos.

-Eu queria ter dito. Mas pensei que se soubesse disso, fosse te perder pra sempre. Eu e você estávamos começando a nos ver, então eu não quis soltar essa bomba tão de repente. Mas você está certo. Eu fui um idiota de não ter falado. - Ele olhou para baixo.

-Não, não foi... - Luke acariciou seu rosto, com o coração acelerado. Era impressionante como mesmo depois de tudo, ele ainda fosse a fim de Corm no fundo. Jamais superaria seus olhos intensamente verdes, seus lábios rosados, seu rosto demasiado jovem para a idade que tinha e seus cabelos agora loiros - Só estava sendo cauteloso. Eu te entendo.

Cormoran lentamente levou o olhar até ele, sorrindo de leve.

-Eu fiquei pessoalmente feliz por você ter aceitado o meu convite de vir até aqui. Eu queria me reaproximar de você. Eu sei que...está com o Alex agora. - ele suspirou - Mas eu não consigo tirar você da mente. Pensei que poderiamos pelo menos tentar ser amigos.

Luke bufou.

-Eu e o Alex não estamos juntos. - ele revirou os olhos - Ele é muito imaturo. Acho que preciso de alguém mais como você, e eu... sinto sua falta também. - Ele engoliu em seco, corando.

Cormoran olhou para ele cheio de esperança, um sorriso se abrindo em seu rosto.

-Sério?

O coração de Luke estava acelerado.

-Bem, sim... apesar de tudo, você foi...o melhor namorado que eu tive. O primeiro, mas o melhor. Lembro de ir te encontrar no parque Old Kee e ver minha mãe lá.

-Deus,nem me lembre daquilo! - Corm levou a mão ao rosto, e Luke riu.

-Foi vergonhoso. E ver você conversando com a Mona me encheu de ciúmes... - Luke mexeu na fronha da almofada.

-Eu percebi, mas eu não podia fazer nada... eu estava tentando segurar o casamento pela Jessie. Mas foi bom que tenhamos terminado. - Cormoran sorriu para ele - Eu sempre fui mais feliz com você.

Ele tinha o rosto bem próximo, e o hálito de menta invadiu as narinas de Luke.

-Você era bem legal... - Luke fechou os olhos e se permitiu beijá-lo.

Assim que se beijaram, foi como se fogos de artifícios explodissem no coração de Luke. Como ele sentira falta daquele beijo. O beijo dele era bem melhor que o de Alex, na verdade. Era um beijo cheio de paixão, igual ao que deram quando se conheceram na balada. Não mudara nada. Luke subiu no colo de Corm como costumavam fazer no carro dele, e ele passou os braços ao redor do corpo de Luke, por dentro da camisa. Luke sentiu um calor o invadir enquanto ele arranhava a nuca de Cormoran, e eles se beijavam apaixonados. Eles só se separaram quando precisavam de ar para respirar, e deram risadinhas. Voltaram a se beijar e quando ouviram um barulho no corredor, se afastaram.

-Tem alguém aqui. - Luke disse, se afastando dele depressa, o medo lhe invadindo. Seria a pessoa? Tedd? Niall? Estaria ali, lhe observando?

-Luke, não há ninguém aqui. O local está vazio, deve ser um dos funcionários. - Cormoran disse, beijando seu pescoço.

-Não, Corm, sério, eu tô com medo de alguém no ver. - ele o olhou. Corm parecia cheio de vontade de beijá-lo, pois o encarava como um cachorro abandonado - Podemos ir para o seu carro... que tal?

Corm sorriu e Luke mordeu o seu lábio. Estava morrendo de saudade dos beijos de Cormoran mais do que ousava admitir. Ficar com Alex fora um erro, e agora era hora de consertar as coisas.

-Por mim tudo bem. Podemos acabar desarrumando o cenário deles. - Cormoran se levantou com ele e amboa riram. Eles se abraçaram por um longo momento, e Luke ouviu as batidas do coração dele se encontrarem com a dele. Cormoran beijou sua cabeça - Eu senti falta disso. De nós.

-Eu também. - Luke deu um selinho demorado nele, e eles foram. Quando estavam se digirindo para a saída do teatro, o celular de Luke vibrou. Luke olhou para Corm - Vai indo na frente, deve ser só a minha mãe.

-Não atrasa. - Corm piscou para ele, e Luke sorriu, agarrando o celular apreensivo. Quando Cormoran desapareceu, Luke clicou na nova mensagem anônima recebida. Ele olhou ao redor. Nenhuma pessoa estava ali. Ele voltou-se para a tela do celular.

Era uma foto dele e de Cormoran dando uns amassos no sofá, tirado de parte de trás do cenário. A pessoa havia estado ali com eles uns segundos antes. Em baixo, havia uma legenda.

Já pensou se a direção fica sabendo do caso proibidinho aluno-professor que anda acontecendo no teatro bem pertinho da escola? Aposto que um certo professor seria mandado para trás das grades e sua mãe pegaria nojo de você. Se fizer silêncio sobre mim e sobre a sua visita no sanatório, eu faço silêncio sobre o seu segredinho! Vamos nos silenciar e será o nosso segredinho :) E se tentar se aproximar de novo do Stephen Carry, um professor sai preso.

Beijinhos, Carol.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora