ILIV - Inesperado

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Luke e Kate estavam do lado de fora da casa do tio de Lucy, aonde todos estavam cantando aos berros e dançando freneticamente, se esgueirando pelos arbustos e árvores. Procuravam o vulto que haviam visto.

-Se ver alguma coisa, me fala. - disse Kate, filmando com a câmera de seu celular - Vamos pegar esse filho da puta de uma vez.

-E aí finalmente botaremos um ponto final nesse pesadelo. - Luke procurava ao redor da casa com o binóculo. Havia pessoas entrando e saindo da festa, mas nenhum sinal da pessoa - Aonde será que ela foi? Será que entrou?

-Eu acho que ela ainda tá aqui fora, esperando a oportunidade de observar pelas janelas. - Kate o encarou - Quer se dividir? Cada um fica num lado diferente da casa?

-Deus, não! - Luke praticamente guinchou - Não vamos fazer que nem nos filmes, Kate. Isso nunca dá certo. Alguém sempre acaba pego pelo assassino.

-É, você tem razão...

Eles seguiram se movimentando lentamente, procurando com seus binóculos e filmando com seus celulares qualquer detalhe da festa.

-Eu nem sei se vamos conseguir mesmo ver o rosto da pessoa. - Luke falou - Talvez ele esteja usando uma máscara. Ele estava usando a máscara quando matou a Barbara.

-Eu acho que posso ter visto de relance o rosto da pessoa, mas não deu para identificar... mas de certeza ela está sem máscara. - Kate aproximou o zoom de seu binóculo.

Luke procurou pelas beiradas da casa, onde tinham mais arbustos. E lá ele viu. A pessoa suava um capuz preto e estava filmando tudo o que acontecia dentro da casa com as mãos enluvadas. O rosto da pessoa não podia ser visto.

-Ali! - Luke cutucou Kate, apontando a câmera do celular e dando zoom com ela. Kate também avistou, arregalando os olhos.

-A pessoa está se escondendo atrás da casa. Vamos!

-Vamos aonde, Bonnie?

-Eu sou Clyde. Vamos atrás dele.

Luke abaixou o binóculo, encarando Kate.

-Vamos atrás da pessoa que está tirando a vida de nossos colegas de escola? Ótimo. Perfeita ideia, Kate.

-Para de reclamar e vem. Anda.

Luke revirou os olhos e a seguiu. O problema é que ninguém poderia saber que estavam ali - afinal, eles também usavam capuz e luvas. Seriam facilmente vistos como bandidos. Eles foram se escondendo entre as árvores, e acabaram perdendo a pessoa de vista por um momento. Em seguida, viram a pessoa tirando fotos com uma polaroide na parte de trás. Luke a cutucou e eles foram esgueirando entre as árvores, pisando devagar para não serem ouvidos. Foram arranhados por umas plantas e se agaixaram na hora que a pessoa pareceu que ia vê-los.

Esperaram. Então continuaram. A pessoa se afastava e eles seguiam lentamente. Ouviam sons de corujas cantando acima deles, nas árvores. Carros passavam ao longe. Ouvia-se a música alta que tocava lá dentro e as risadas. Então Luke desejou poder estar lá dentro também. A última vez em que ele se divertira sem preocupações nenhuma depois de anos foi na festa da Aurora. Antes disso, ele passou anos se cortando, se trancando depressivo. Depois ele passou a lidar com esse psicopata que estava torturando ele e suas amigas. Ele só queria poder estar dançando lá dentro, e não brincando de CSI atrás da pessoa que estava brincando com partes do corpo.

-Droga, a pessoa tá se afastando rápido demais. - resmungou Kate, ainda filmando cada detalhe, mas sem se atrever a ligar o flash - Vamos, precisamos nos aproximar mais.

-Vão acabar nos vendo, Kate. - Luke tentou puxá-la novamente, mas ela se desvencilou.

-Por favor, não estão vendo aquela pessoa enfiada nas janelas, como vão nos ver a distância? Vem logo e para de reclamar, é a nossa chance de pôr um ponto final nesse pesadelo.

Luke sabia que era verdade, no final das contas. Eles seguiram se aproximando, dando passos largos e silenciosos. Por outro momento perderam a pessoa de vista. Mas ao passar por uma árvore grossa, viram direitinho. A pessoa estava entre os arbustos, agachada. Eles se aproximaram. O coração de Luke estava acelerado, suas mãos tremiam. Ele se sentia prestes a descobrir uma verdade muito secreta, um segredo muito sujo. Finalmente daria um rosto ao psicopata que estava os torturando daquele jeito. E estava filmando, o que significa que iria denunciá-lo e botar ele enfim atrás das grades. De uma vez por todas. E tudo estaria acabado. E ele sabia que Kate estava tão nervosa quanto ele.

Eles se aproximaram e Kate afastou uma mecha de seu cabelo do rosto. Apontava a câmera para frente, e estavam bem próximos da pessoa, apenas uns três metros de distância. Estavam olhando para as costas da pessoa.

Meu deus. Tão pertos do psicopata que tem feito tudo isso.

-Quem você acha que é? - Indagou Kate baixinho.

-Eu não sei... - Luke tentou pensar. Era uma pessoa de tamanho normal, e nenhum cabelo loiro poderia ser visto - Se não é o Niall, o Tedd ou a Clarisse, não faço ideia de quem seja. Pode ser qualquer um.

-Pode ser um dos cúmplices. Talvez Tedd e Niall não sejam os únicos nesse jogo. - ela suspirou - Se a Clarisse realmente está metida nisso tudo, eles três devem ter essa quarta pessoa com eles. Quer se aproximar mais?

Ela tremia. Era evidente que estava com medo de ver. Mas então um surto de coragem atingiu Luke.

-Precisamos por um ponto final nesse pesadelo. Vamos.

Eles se aproximaram, de mãos dadas. Guardaram os binóculos e tinham apenas os celulares em mãos. Dois metros. Um metro e meio. A pessoa estava bem ali na frente deles, nem fazendo ideia de que era observada. Se movimentavam em silêncio para não serem percebidos.

Mas então Luke acabou tropeçando em uma pedra, fazendo-o gritar. O celular caiu no chão, e a pessoa se virou assustada para ver. Ela arregalou os olhos e fez uma expressão apavorada, claramente não esperando que eles estivessem ali. Kate abriu a boca, mas nenhum som saiu dali.

Luke estava chocado demais para falar. Ele sentiu cada músculo dele doer, mas não da dor da queda, e sim uma dor emocional. Seu coração se afundou no fundo de seu peito e estava se desfazendo ali dentro. A pessoa guardou a câmera e saiu correndo por entre as árvores, e Luke ficou ali, sentado no chão com o coração martelando. Em sua mente, as palavras "Por quê? Por quê?" se repetiam num espiral eterno. Ele sentiu que não conseguia mais respirar.

-Vem, Luke, vamos seguir a pessoa. - Kate tentou chamá-lo, pegando o comunicador para chamar Aurora. Então o encarou com um olhar de pena, agarrando sua mão - Luke...você está bem?

Luke tremia no chão. Lágrimas enchiam seus olhos. Ele olhou para Kate com os lábios tremendo, e ela limpou suas lágrimas. Ela encostou a cabeça no ombro dele, claramente entendendo o sentimento de alguém importante estar fazendo todo aquele jogo com eles. Era óbvio que ela passara a noite se sentindo assim sobre sua irmã. Mas sua irmã estava na festa, e a pessoa estava com a polaroide que ele vira em seu quarto quando a pessoa tirara fotos dele dormindo. A mesma polaroide que vira entre os arbustos quando viu o porco morto no porta-malas. Ele se virou lentamente para Kate.

-A pessoa.... - ele soluçava - é o Corm.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora