XXII- Um rato simboliza a morte

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09 de Setembro de 2020. 22h30min.

-Elliott, você está com a televisão ligada? - A voz de Charles demonstrava o desespero que o garoto sentia.

-Claro que estou, idiota. Todo mundo provavelmente está vendo o que aconteceu na floresta. - Elliott tinha os dedos da mão inquietos, a TV de seu quarto ligada. Ele estava encostado na cabeceira da cama, fazendo chamada em grupo com os amigos.

-O vídeo mostra o Luke cavando justamente onde a gente enterrou ela! Elliott, o Luke estava procurando o cadáver! - Elliott percebeu que Abraham tremia na face-time - E se ele disse para a polícia?

-Certamente a essa hora já disse.

Elliott amava sua capacidade de manter a voz calma enquanto na verdade ele estava morrendo de medo. Fora uma habilidade que ele aprendera na infância, e sempre o ajudava. Manter a calma era o caminho certo. Os amigos falavam inquietos, se atropelando.

-Elliott, a polícia vai querer nos interrogar! Já era, precisamos confessar tudo! - Barney roia as unhas.

Elliott bufou.

-Ninguém vai contar nada, ouviram bem? Escutem. Existe um vídeo provando que o Luke estava lá, mas não há nada provando o que fizemos. É a palavra do grupo contra a dele. Precisamos manter nossa mentira que não darão créditos ao que ele disser.

-Eu disse que deveríamos trazer Luke para o grupo, ao invés de deixá-lo sair com essa informação. Você geralmente dá um jeito em todo garoto, por que permitiu que Luke escapasse do banheiro? - Nicholas estava irritado.

"...Luke Albefort saiu há pouco tempo da delegacia em um Uber. Veja a seguir as imagens que os jornalistas conseguiram dele e de sua mãe fugindo. Como será que essa pobre mulher se sente tendo um filho como responsável pela morte de Carol? E por quê ele ainda não está preso? Nesse exato momento, estamos tentando extrair informações dos policiais, mas eles se recusam a falar sobre o assunto por agora."

Elliott suspirou.

-Eu confiei que Luke não diria a ninguém. E é verdade. Ele não disse nada. Até agora. Ele agora vai dizer o que ouviu para manter-se fora da cadeia. Eu sei quando precisamos matar ou deixar vivo, galera.

-Elliott, e se fizerem perguntas demais? E se não estivermos prontos para respondê-las? Se nos pegarem desprevinidos, se cada um disser algo diferente... - Barney começara. O som da TV dele era possivel de se ouvir na ligação.

-Escutem bem. Apenas mantenham a calma. Respirem sempre com o nariz e exalem com a boca. Mantenham os ombros relaxados e abaixados, para não demonstrar nervosismo. - Elliott passou a mão no cabelo, conferindo se os pais não estariam ouvindo sua conversa. O que era difícil. Os pais estariam dormindo a essa hora, provavelmente. Eles nem sequer se importavam com a vida dele - Não têm como provar se estamos mentindo ou não. Apenas mantenham a voz sem tremer, audível. Falem com muita segurança, para passar uma ideia de certeza. Mesmo que estejam com medo, falem em tom de tranquilidade. E só falem o que eles perguntarem. Não saiam dando informações demais, pois podemos nos atrapalhar com isso. Respondam o básico. E sigam o protocolo, cavalheiros. Estávamos na festa da Aurora, e voltamos juntos no carro do Nicholas. Simples. Digam que dançaram, mas que estivemos todos juntos. A polícia vai tentar fazer perguntas para nos distrair, mas não se distraiam. Eles são espertos. Provavelmente vão nos interrogar separadamente e tentar nos por uns contra os outros para quebrar nosso espírito.

-Como assim? - Abraham fungou baixinho.

-Tipo, dizer "O Elliott já contou tudo. Não adianta mais mentir, sabemos a verdade". Isso tudo é mentira. Todos vamos seguir mentindo. Jurem não contar a verdade. Eu juro agora.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora