XXVI - Dentro ou fora

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08 de Agosto de 2020

-Então, o que achou do primeiro capítulo do meu livro? - Perguntou Carol, bebendo seu capuccino com canudo. A pessoa folheava as folhas da agenda que usara para escrever.

-Uau, é bem intenso. Parece que você escreveu algo que não sai de você.

-E não sai mesmo. - ela soltou o cabelo. Adorava soltar ele quando estava longe dos pais - Eu queria fazer todas as coisas que ela fez. Sabe, fugir, sumir, desaparecer do mapa.

-Uau, a forma como ela forja a morte dela é impressionante... - a pessoa passou as páginas - Ela drenava o próprio sangue por meses e no final jogou sangue dela na casa inteira... não haveria como não pensar que ela foi assassinada.

-Eu já pensei em fazer isso uma vez... - Carol disse, sendo honesta, e suspirou - Eu poderia usar seringas para drenar meu sangue, talvez fingir que fui machucada seriamente para que ninguém descobrisse...

-Talvez com a ajuda de alguém fosse melhor. - a pessoa sorriu - Tipo...tirar fotos suas com seu sangue espalhado no corpo...talvez a seringa no seu corpo, para fingir que a estava ferindo...depois colocar essas fotos pela casa ou na internet, aí todos teriam que você morreu.

Ela se assustou de início com a ideia, mas lentamente seu rosto formou um sorriso. É, era uma ótima ideia.

-Eu acho que vou mudar o primeiro capítulo e dizer que ela teve ajuda de alguém. Vou fazer a pessoa tirar fotos dela com o próprio sangue espalhado no corpo, deixar uma parte da roupa rasgada no local...enquanto ela "puff!". Desaparece.

-Não consigo pensar em meio de fulga melhor. Você é um gênio por nos dar uma protagonista que finge a própria morte para ser livre.

-Pois é. - ela suspirou, olhando para a pessoa, ansiosa - Talvez eu transforme ela numa espécie de vilã. Sabe, ficar mexendo com a vida das pessoas. Brincando com elas. Talvez aparecendo ás vezes na escuridão, para as pessoas acharem que estão enlouquecendo.

A pessoa sorriu.

-Você tem uma mente sombria.

Ela terminou de bebericar seu capuccino.

-Você não faz ideia.

02 de Outubro de 2020.

Ross: Kate, já faz 3 dias que você não me responde.

Ross: Kate, eu fiz alguma coisa errada? É porquê eu insinuei que seu cabelo precisava de hidratação bem no dia em que você havia hidratado?

Ross: É meu quarto? Eu posso tirar as fotos se você quiser. Eu entendo que pode parecer assustador.

Ross: É alguma coisa em mim? Por favor, me diz o que é. Esse silêncio está me matando.

Ross: Você poderia ter usado uma alternativa menos cruel para terminar comigo. Conversar...me ignorar na escola e no chat é o cúmulo da infantilidade. Eu esperava mais de vc, Kate.

Ross: Eu sinto sua falta...

Kate também sentia falta dele, embora odiasse admitir. Mas ela jamais iria confiar nele de novo. Não depois de descobrir que ele possivelmente era a razão dos seus surtos psicóticos. Não depois de ter visto a foto... aquela foto.

-Pode parar aqui, obrigada.

Kate desceu do Uber na frente da casa de Luke, sendo que já fazia três semanas que eles não se falavam. Ela não sabia como começaria a conversa. Sabia que tinha que alertar sobre Ross. Dizer que sabia quem era o fotógrafo misterioso do citroen.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora