XXIX - A loira de porcelana

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-EU ESTOU DIZENDO A VOCÊS, A BARBARA FOI ASSASSINADA! NÃO FOI UM SUICÍDIO!

-Sr. Legann, o senhor precisa se acalmar.

-NÃO, VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO! ELA ME LIGOU DESESPERADA, AFIRMANDO QUE O NICK ESTÁ MORTO! ENTÃO ALGUÉM AGARROU ELA POR TRÁS!

-Sr. Legann, a casa dela não estava arrombada. Absolutamente nada parecia fora do lugar. Ela apenas cometeu suicídio. Eu sinto muito se isso...

-Vocês não estão entendendo! - Barry vociferou, rangendo os dentes - Alguém forjou o suicídio dela! Eu vi!  Uma garota loira colocou um pano com aquele negócio que faz a pessoa desmaiar no rosto dela!

-Clorofórmio? - A policial tirou o cabelo do rosto, sorrindo, como se aquilo não passasse de invenção.

-ISSO! EU SEI O QUE EU VI! EU SEI O QUE EU VI!

-Então quem era essa loira?

-Eu não sei. Ela usava a PORRA DE UMA MÁSCARA DE PORCELANA!

-Filho, precisa se acalmar... - As mãos de sua mãe tremiam.

-Sr. Legann, a sua história nos parece bastante convincente, mas a Srta. Plarie já tinha histórico de auto-multilação. O senhor sabia disso?

-SIM, MAS-

-E encontramos lâminas no quarto dela. Uma delas tinha sangue quente, que condiz com o corte em seu braço esquerdo.

-O... o quê?

-Eu deduzo que o senhor não soubesse disso. - Ela bebericou seu café.

-Eu...bem, não...ela me disse que havia parado,mas... - ele a encarou - É isso. Ela parou. Eu sei disso. A assassina fez o corte depois para parecer que foi suicídio.

-Sr. Legann, a sua história sobre essa tal loira de porcelana parece bem incrível, mas... por quê não há sinais de arrombamento? Ou qualquer DNA? E o paradeiro de Nick não consta em local algum, os policiais estão cuidando de procurá-lo. O carro dele foi encontrado estacionado na frente da casa dela, mas não localizamos nem seu celular.

-Vocês não vao achar o meu namorado porque ele está morto. - ele tremia de raiva. Não podia acreditar que aquela mulher não o estava levando a sério -  A barbara me disse. Ele não atende minhas ligações.

-Os pais dele disseram que ele saiu com a Barbara e ficou encarregado de deixá-la em casa. O corpo dela estava molhado e ela estava de biquini, o que sugeriu que ambos entraram e tomaram um banho de piscina. Talvez eles tenham brigado feio, ele terminou com ela, e então ela decidiu tirar a própria vida. - Sugeriu a policial, analisando o caso - E afinal, como ela saberia que ele está morto? Se ele tivesse morrido naquela propriedade, seu corpo estaria lá, certo?

-A loira de porcelana pode muito bem ter tirado o corpo dele do local e eliminado as evidências. Se vocês não tivessem demorado tanto tempo pra chegar ao local, talvez teriam pego ele fugindo! - Rugiu Barry - Eu liguei para vocês horas atrás, por que demoraram tanto para ir?

-Sinto muito, mas estávamos ocupados com uma garota que tinha certeza que tinha avistado a Carol na propriedade dela esta noite. - Respondeu a mulher - Ela veio aqui desesperada, dizendo que ela estava se escondendo entre as árvores dali. Fomos até lá e passamos um tempão procurando, sem encontrar vestígio algum. - Ela deu de ombros - Depois a garota inventou dizendo que viu um assassino mascarado na redondeza, e após perguntarmos para todos os moradores, sabe o que descobrimos?

-O-O quê? - Perguntou Barry, engolindo em seco.

A mulher aproximou o rosto do dele, sorrindo.

-A garota mentiu sobre todos os detalhes. Nada daquilo era verdade. Ela só queria fama, só queria aparecer. - Ela bebericou o café novamente - Barbara Plarie entrou com Nick na casa dela, eles provavelmente brigaram e Nick fugiu sem seu carro, uma vez que mora não muito distante dali. Ela ficou chateada e decidiu por um fim na própria vida. Não havia sinais de arrombamento, nem de qualquer lesão no corpo dela. A razão de sua morte fora enforcamento.

-Eu vi aquela pessoa desmaiar a minha namorada e em seguida desligar a ligação. - Insistiu Barry - Eu sei o que eu vi.

-É, assim como a garota mentirosa de hoje também sabia. - Ela suspirou - Segue meu conselho, criança. Vá para casa, descanse um pouco que amanhã é um novo dia. - Ela piscou pra ele - Sinto muitíssimo pela sua namorada ter feito isso, mas telefonamos para os pais, e eles disseram que era previsível. Ela já havia tentado suicídio antes. O que me impressiona é a alguém tão próximo dela mentindo dessa forma.

-Eu não...

-Você aprendeu isso com o Sr. Albefort? A história da loira?

-Quê? Não!

-Estão tentando pregar algum tipo de peça com a polícia?

-EU NÃO ESTOU TENTANDO PREGAR PEÇA NENHUMA!

-Se nosso filho falou que é verdade, não cabe a senhora o chamar de mentiroso. - O pai dele estava irritado, e pegou na mão do filho. Ela se curvou para frente.

-Eu sou a policial aqui, Sr. Legann. Sei quando histórias são inventadas. E adivinhe só? Essa histórias inventadas aparecem o tempo todo. Além da que houve esta noite, só na última semana recebemos trinta relatos de pessoas que viram uma loira por ai, e nenhum era real. Barbara se cortou e em seguida tirou a própria vida, e seu filho disse que ela atacada por uma loira misteriosa de capuz. Tudo isso graças o tumulto em cima da história que Luke Albefort contou para nós na noite do incêndio na floresta. - ela encarou Barry incisiva - Ele é seu colega, não é? Pelo visto aprendeu as dicas de mentira com ele...

Barry se levantou irritado, sem aguentar mais, e saiu apressado da sala. Seus pais foram atrás, mas ele não voltou. A policial deu de ombros e bebericou seu café novamente.

-Sra. Albanez, eu acho que deveria pegar mais leve com o garoto. Veja sua situação, a namorada dele morreu. Será que consegue ter um pouco de mais piedade?

Ela se virou para encará-lo.

-Sr. Collins, eu sou a policial e eu sei como devo agir. Presumo que se está insatisfeito com a forma com a qual eu trabalho, possa se retirar.

-O que eu quero dizer é que deveríamos investigar essa história mais a sério, não acha? Ele é a segunda pessoa da escola a mencionar uma loira de capuz com relação a algo inexplicável.

-E o que o senhor quer que eu acredite, Sr. Collins? Quer que eu acredite que Carol Candance está tramando uma vingança contra essas crianças? E por qual motivo?

-Eu não, sei mas...

-O senhor não está entendendo nada. - ela o interrompeu, colocando a caneca de café de volta na mesa - Se anunciarmos que estamos procurando uma loira de porcelana por aí, vamos criar uma histeria coletiva. Todos já estão surtando com essa história. E vimos as fotos da Srta. Candance, ela estava obviamente morta. Não havia forma de sobreviver com aquelas seringadas, se é que ainda enxergaria se estivesse viva.

-E por que acha que o corpo dela até agora não foi encontrado? - Ele colocou a mão na cintura. Ela se levantou, olhando em seus olhos.

-Porque Luke Albefort encendiou a floresta naquela noite, cavando onde ela estava enterrada pouco antes para se certificar de que seu cadáver queimaria. O cadáver entrou em combustão expotânea. Isso não é impossível de acontecer, o senhor sabe disso.

-Eu sei, mas...

-Então caso encerrado. - ela fechou as pastas em cima da mesa, desligando o gravador e olhou para ele uma última vez antes de deixar a sala - Pegue meu conselho: vá para casa dormir. Não há motivo pelo qual deva se pertubar a essa hora da noite.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora