ILVII - Aqui está você, professor...

37 23 0
                                    

-Tudo começou quando nos encontramos em uma livraria antiga da cidade. - Começou Cormoran, olhando para os três, que se acomodavam no outro sofá - Nós nos tornamos amigos, e trocamos números de telefone um com o outro.

-O senhor era amigo da Carol? - Perguntou Aurora, piscando - Não sabia disso...

-Bem, eu me tornei. Nós começamos a nos ver fora da escola, apenas como amigos. Ela disse que leu os meus livros e ficou fascinada na minha forma de ver o mundo. Ela disse que se inspirava em mim, e que no futuro iria se tornar uma grande escritora. E bem, depois de muito tempo, ela disse que também estava escrevendo um, então nos marcamos de nos encontrar para ela me mostrar o livro que ela estava escrevendo.

"Era um livro sobre uma garota que falsificava a própria morte para poder se libertar da vida abusiva que levava em casa. Eu achei a mente dela bastante pertubadora e genial ao mesmo tempo, e me prontifiquei a ajudá-la a criar todo o livro, dando-lhe sugestões, retoques e notas adicionais. Ela me contou bastante sobre a vida dela, sobre a família dela. Nos tornamos próximos, mas nada mais além de uma amizade. Ela sabia onde eu morava, pois a casa de Mona é próxima do seu bairro, Kate, e ela dizia saber aonde Elliott, que é o seu vizinho, mora. Então, no dia 29 de Agosto, no dia da sua festa de aniversário, ela apareceu bem tarde da noite na minha casa. Mona não estava pois havia feito uma viagem no fim de semana para visitar a família, e ela estava...acabada. A roupa estava inteiramente rasgada, e ela sangrava pelo corpo todo. Sua boca sangrava. Seus olhos sangravam. Ela ainda enxergava, mas parecia chorar sangue de tantos ferimentos. Eu a levei para dentro e ajudei ela a tomar banho, mas ela disse que havia alguém a importunando. Alguém que vinha mexendo com a cabeça dela há meses, alguém que vivia enchendo ela de ameaças de morte e coisas do tipo. Ela me mostrou mensagens recebidas do stalker que diziam que ela morreria naquela noite. E foi o que houve: alguém a capturou. E a torturou com seringas. Deu-lhe várias seringadas por todo o corpo enquanto tirava fotos, e a largou perdida no meio da floresta. Ela sabia que se voltasse, seria recebida com mais torturas pela pessoa. Ela estava confusa, em estado de choque. Eu sugeri que a levasse no médico, mas ela recusou. Recusou-se a ser levada para qualquer médico, recusou-se ligar para os pais ou amigos. Ela disse que havia um lugar para fugir, que ela poderia se esconder. Eu sugeri que chamasse a polícia, mas ela disse que havia tentado, mas a polícia não levava ela a sério. Ela estava com real pânico daquela pessoa a ponto de tremer enquanto falava. A língua dela sangrava também. Ajudei ela a passar pomada e coisas do tipo nas feridas, mas ela disse que precisava do meu citroen preto. Ela disse que sabia dirigir desde os quatorze anos, e que precisava dele para fugir. Como eu já tinha o meu novo carro e a Mona o dela, ele era apenas um carro reserva. Eu o tirei da garagem e entreguei a chave para ela, e disse para ela manter contato comigo, mas ela afirmou que seu celular havia sido perdido na festa. Ela disse que não tinha ninguém com quem contar. E ela me implorou para não contar a ninguém que ela estava viva e bem, que eu deveria guardar o segredo dela. Que eu não poderia confiar em ninguém e muito menos na polícia. Nós já tinhamos uma amizade forte, e ela me fez prometer. Ela chorava. Precisavam ver. Eu fiquei com pena e jurei não contar para ninguém, pois não sabia o quão perigosa a pessoa que estava atrás dela era. Então ela desapareceu, e eu tive que mentir para Mona dizendo que meu carro havia sido roubado. Então, em seguida, as fotos foram postadas no Tumblr e começaram a investigar o paradeiro dela, mas eu neguei qualquer conhecimento de onde ela poderia estar, até porquê eu não sabia. E eu havia entregue um carro para uma menor de idade dirigir, uma garota ferida que estava sozinha, e eu sequer havia contatado alguém. Eu me arrependi logo em seguida, mas se eu contasse para alguém, seria visto como suspeito principal no crime. Então há alguns dias, a Carol veio me contatado novamente. Dizendo que estava perdida, precisando de ajuda. Que eu deveria ajudar a ela a descobrir quem era a pessoa e que ainda estava por aí, fazendo maldades com vocês. Eu sugeri ligar para a polícia, mas ela me fez jurar que eu não chamaria ninguém. Ela disse estar bem e que precisava de mim para descobrir quem era. Eu venho então observando as pessoas e vendo os seus passos, para tentar achar o responsável por isso tudo. Então hoje ela me devolveu o carro, junto com a chave, as luvas, o traje todo que estou usando hoje, e a polaroide. Disse para eu tirar fotos na festa da Lucy, pois certamente a pessoa estaria lá. Eu deveria ficar do lado de fora, tirando fotos, e depois viria encontrá-la aqui, nesse teatro. Só que eu deveria vir sozinho, pois caso eu envolvesse polícia ou qualquer pessoa envolvida, ela fugiria. É por isso que não queria que viessem aqui. Ela me pediu para eu vir até aqui e entregá-la as fotos. Ela disse que quer voltar para casa, mas não pode agora. Há coisas muito ruins acontecendo na cidade, crianças. E ela não está segura. Está amedrontada, está fugindo de tudo e todos, com medo de que qualquer pessoa que ela conhece seja a tal pessoa. É o único motivo pelo qual eu estava lá. Acredito que a pessoa que está brincando com vocês seja a mesma pessoa que a torturou. Eu não estou trabalhando para essa pessoa e nem tenho intenções ruins, apenas...de ajudar."

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora