XV - Oh, santa noite...

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24 de Dezembro de 2019

Aurora e sua família deveriam estar passando a véspera de natal em casa. Com a árvore de natal sendo iluminada pelo fogo da lareira, com vários pisca-piscas em sincronia. Deveria estar comendo junto com seus pais na espaçosa mesa de jantar, enquanto eles contavam quantas coisas boas aconteceram no ano, o quanto foram abençoados. Deveriam haver meias penduradas. Decorações por todo o lugar. Estariam agasalhados e juntos. E por muitos anos, passaram todos natais dessa forma, e com certeza planejavam assim passar o de 2019. Mas isso foi antes do fogo.

Cerca de seis meses antes, logo que entrou de férias em Junho, Aurora havia saido com seu pai para ver o filme "Obcessão", que havia saido há alguns dias no cinema. Aurora havia pedido aos pais para ver, já que estava sem nada para fazer até a estreia de Toy Story - filme que planejava ver na estreia, mas não pôde -, e como sua mãe sabia que o filme seria pesado, não quis ir. Pensou até em proibir sua filha, mas o pai também estava muito ansioso. Ambos foram, e Monica ficou sozinha em casa. Algo que ela jamais deveria ter topado em fazer, pois por pouco sua vida não chegou ao fim. Ao terminarem de ver o filme, quando Aurora e seu pai Marshall ainda estavam no carro, viram uma grande nuvem de fumaça na direção da casa deles.

-Papai!

-Estou vendo!

-Será que é...

Suas suspeitas não poderiam estar mais certas. Quando o carro dobrou a esquina e eles viram sua casa explodindo em chamas por todos os lugares, Aurora gritou. Lágrimas brotaram em seus olhos. Queria a mãe. Onde estava a mãe? Teria ficado lá dentro? Teria virado cinza? Estaria com queimaduras de terceiro grau? Marshall teve que segurar sua filha aos prantos com força para impedir que sua filha fosse até lá. Mas Monica estava bem. Havia conseguido escapar do incêndio, e estava tossindo no gramado. A casa formava um grande labaredo de chamas, e o andar de cima caiu. Os vizinhos todos saíram para olhar. Alguns filmavam. Outros perguntaram aos três se estavam bem. E um vulto corria em segredo ali por perto, torcendo para que ninguém visse sua presença. Os bombeiros já estavam a caminho.

Foi uma vela que ficou acesa na sala, disse Monica. Só pode ser. Havia deixado uma na cabeceira quando havia rezado para meu avô. Era... era o aniversário de morte dele. Mas eu esqueci de apagá-la. Eu estava cozinhando quando me dei conta das chamas que me cercavam.

Tudo se perdera. Absolutamente tudo. Graças a Deus seus pais estava bem empregados. Conseguiram ficar na casa de Mona na época em que Cormoran estava em Londres, pois fora um dos escolhidos entre 28 candidatos do mundo inteiro para fazer uma pesquisa cultural do país. Ele andava tão ocupado que sequer fazia chamadas com sua esposa, mas trocava diversas mensagens de texto.

Era dezembro agora, e já haviam comprado uma nova casa. Mas ela ainda não estava completamente mobiliada.

-Aurora! - Carol surgiu no campo de visão dela assim que adentrou a igreja junta de seus pais, dando-lhe um abraço apertado - Meu Deus, você veio! Boa noite, senhor e senhora Collins!

Eles a cumprimentaram. Carol sabia que iria passar o natal sem nenhuma árvore de natal, e Carol havia chamado sua amiga para vê-la se apresentar na missa de véspera de natal. Disse para chamar a família, pois eles deveriam orar para que Deus lhes ajudasse depois de praticamente perderem tudo.

-É um prazer recebê-los aqui! - Carol tinha os cabelos ondulados e loiros soltos, seus grandes olhos azuis exalavam felicidade. Seu sorriso era doce e inocente, e sua pulseira de flores estava bem amarrada em seu pulso - Espero que o Senhor acolha bem vocês. Tenho certeza de que Ele vai dar um jeito de recompensar vocês pela tragédia que ocorreu.

O Mal Infiltrado (LIVRO 1) - Mistérios de GreenworshOnde histórias criam vida. Descubra agora