Uma parte da turma havia se organizado para a visita ao rapaz que não estivera frequentando as aulas ultimamente. Shoto se pegou tomando um elevador lotado de colegas, onde ficou imprensado desconfortavelmente próximo às costas de Izuku encostado na parede.
Haviam voltado a conversar como antes. Ainda que lhe parecesse algo bom, comparado à última semana, não sabia o que pensar de tudo aquilo e nem dizer para si o motivo para ter tanta vontade de passar os braços em volta da cintura do outro garoto mesmo naquela situação na qual havia sido colocado por acaso.
Em meio a reclamações em tom de brincadeira, os alunos puderam respirar fundo apenas quando chegaram ao andar correto e concordaram, como um grupo, que não deveriam mais entrar todos ao mesmo tempo daquele jeito.
Shoto andou um pouco atrás em relação aos outros e assistiu as meninas baterem na porta do quarto algumas vezes sem respostas antes de começarem a ficar realmente preocupados. Depois de um tempo, decidiram então forçar a fechadura para finalmente entrar no cômodo, esperando encontrar ao menos o rapaz desacordado, mas se assustaram ainda mais quando não avistaram ninguém. Nesse mesmo instante, Iida tomou a decisão de contactar os adultos.
Em instantes, as turmas A e B inteiras estavam no hall dos dormitórios esperando notícias. Professores se agitavam por todos os lados, mas Shoto não conseguiu escutar os sussurros para além da preocupação no tom de voz. Quando a noite começou a ficar avançada e alguns alunos já até mesmo dormiam sentados no sofá ou no chão, Midnight entrou pela porta com um semblante sério e chamou a atenção.
— Nós vasculhamos cada canto da U.A. Ojiro-kun não está na escola. Seus pais também não têm notícias. — Um suspiro longo se seguiu enquanto ela esfregava as têmporas, claramente mais apreensiva do que queria parecer. — Algum de vocês tem qualquer informação que possa ser útil para encontrá-lo? Algo estranho nos últimos dias, alguma ação suspeita? A polícia já foi acionada. Tenham em mente que a situação é gravíssima.
O silêncio que seguiu endossou o choque que todos estavam sentindo. Nunca antes um aluno da U.A. havia desaparecido dessa forma, ainda mais de dentro do terreno da própria academia, onde a supervisão era alta. Várias possibilidades passavam pela cabeça do rapaz que se aglomerava ao lado de Asui e Iida sentados no chão. Observou a expressão preocupada de Izuku, sabendo que ele estava matutando muitas coisas em sua cabeça para tentar resolver aquilo.
— Ashido-san, Hakagure-san — a professora prosseguiu, — vocês duas eram as mais próximas dele. Podem me acompanhar um minuto, por favor? O restante dos alunos vai permanecer aqui sob supervisão até que nós tenhamos ideia do que realmente está acontecendo. Por hora, as aulas estão suspensas.
Quando as meninas deixaram a sala, vários murmurinhos estouraram em cantos diferentes, entre olhares apreensivos. A sensação de não ter o que fazer era impulsionada pela falta de informações e isso se percebia em praticamente todos os alunos e também os professores que os estavam vigiando.
Shoto suspirou e se levantou, explicando para os outros que iria pegar água na cozinha. Não estava exatamente com sede, mas a ansiedade tornava irritante a tarefa de ficar esperando novas informações. Esperou uma menina da turma B voltar para então poder ser acompanhado até a geladeira, da qual tirou uma garrafa pequena de plástico. Assim que a abriu, sentiu o telefone vibrar uma vez no bolso e casualmente o pegou, se perguntando se já estaria recebendo mensagens preocupadas de sua família.
O que viu assim que a luz da tela acendeu, porém, fez seu coração parar por um instante.
Uma foto tirada em um ângulo estranho de Ojiro coberto de sangue caído no chão, tinha os braços presos para trás e a cabeça coberta por um saco, sendo identificável apenas pela cauda grossa no meio das pernas. O mais assustador, porém era o texto atrelado à imagem:
VOCÊ ESTÁ LENDO
A história de nós dois
FanficNo último ano da Academia de Herois, Todoroki Shoto e Midoriya Izuku têm que lidar com a pressão de serem grandes heróis e competirem pelo primeiro lugar, enquanto desenvolvem sentimentos um pelo outro.