A antessala que precedia a direção era um lugar relativamente apertado no qual o Izuku do começo do ano nunca se imaginaria indo parar. Sentados em fileira, os três garotos esperavam em silêncio pelos pais. As coisas estavam começando a parar de girar, mas seu estômago parecia dançar em uma mistura de embriaguez e ansiedade.
A primeira a chegar, no entanto, foi sua mãe. Assistiu-a entrar para falar com o diretor, acompanhada do All Might, e sair carregando uma expressão de desaprovação que nunca tinha visto antes. Levantou-se quando foi chamado para voltar para casa, não sem antes lançar um olhar na direção de Shoto, que ainda aguardava o pai, reflexivo. Era agoniante não poder saber o que aconteceria com ele, mas no momento em que caminhava lentamente para o carro do professor Aizawa, que os daria carona, já não podia mais fazer nada.
Duas semanas inteiras foi o tempo em que sequer pôde retornar aos dormitórios da U.A.. Ao invés disso, passou os dias confinado no quarto em casa de castigo, sem celular ou computador, depois do que provavelmente havia sido uma das maiores broncas que Izuku escutou na vida. Sabia que merecia a punição, mas não conseguia tirar da cabeça a preocupação com Shoto em casa sozinho com o pai. Se ao menos pudesse ter tido algum contato com Uraraka e Iida quando eles vieram trazer a matéria perdida da escola, poderia ter checado o que tinha acontecido depois de sair da escola naquela noite...
Dessa forma, quando as férias de verão e, finalmente, a excursão de treinamento daquele ano chegaram, sentiu um aperto no estômago durante todo o caminho para a U.A. Shoto já estava entre os colegas, que se amontoavam no portão principal. Era difícil conter a vontade de correr para abraçá-lo, mas estavam em público e felizmente o segredo sobre o seu namoro ainda estava mantido, afinal. Izuku cerrou os punhos e se limitou a dar um aceno tímido de cabeça.
— Deku-kun! — A voz animada de Uraraka o tirou de seus pensamentos. — que bom que você pôde vir!
— Cara, sua mãe pegou pesado com você. — Dessa vez foi Kirishima que veio cumprimentá-lo. — Nem o Todoroki ficou duas semanas incomunicável.
— Não ficou? — Izuku perguntou de forma retórica, se sentindo bastante aliviado quando Shoto negou com a cabeça a alguns metros de distância, parecendo relaxado o bastante. Então olhou em volta. — E quanto a Yuga-kun?
— Eu fiquei em casa uma semana só! — O colega disse antes de abrir caminho entre alguns alunos da turma B para chegar na conversa. — Algo sobre não ser reincidente. Vocês estão na mira dos professores, inclusive. Me desculpem por isso.
Ao terminar a frase, Yuga apontou para o grupo docente conversando casualmente perto da porta do ônibus ligado. Izuku engoliu em seco quando Aizawa virou a cabeça em sua direção e apertou os olhos. Seria melhor que seguissem todas as regras nessa viagem ou seriam feitos em pedaços.
— Quem diria! — Ashido começou com um meio sorriso. — os melhores alunos da U.A. são mais delinquentes que os delinquentes agora. Assim não sobra nenhum posto para os reles mortais aqui!
Antes que qualquer um pudesse rir ou responder, porém, foram chamados para entrar no veículo que os levaria para o lugar surpresa ao qual foram prometidos. Ansiosos, os alunos embarcaram um a um em ordem aleatória e foram se distribuindo pelos lugares. A poltrona era um pouco desconfortável, mas Izuku deu de ombros e olhou para fora da janela até que sentiu o calor de uma presença ao lado e se virou para finalmente poder ver o rosto de seu namorado de perto. Os olhos ímpares o encaravam curiosos ao ponto de precisar desviar o rosto e morder um pouco o lábio para controlar o rubor das bochechas.
— Eu estava preocupado com você. — disse em um tom de voz mais baixo do que a conversa casual dos alunos dos bancos da frente, sem se atrever a levantar a cabeça. — Como foram essas duas semanas?
![](https://img.wattpad.com/cover/215141203-288-k596791.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A história de nós dois
Fiksi PenggemarNo último ano da Academia de Herois, Todoroki Shoto e Midoriya Izuku têm que lidar com a pressão de serem grandes heróis e competirem pelo primeiro lugar, enquanto desenvolvem sentimentos um pelo outro.