Antes o futuro imediato

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Com um ponto final, Izuku terminou a última questão da última prova escrita que faria na U.A.. Apertou um pouco perto do pescoço, buscando um relaxamento da tensão nos ombros, que não aconteceu. Ninguém tinha parado de escrever ainda, então isso era um pouco preocupante. Resolveu reler tudo o que tinha feito como revisão, mesmo estando relativamente satisfeito com as respostas. Ter estudado com os colegas o ajudou a focar no que iria cair na prova ao invés de deixar sua cabeça divagar por outros assuntos durante horas perdidas. Por fim, assim que o professor anunciou o horário, passou o papel para frente e esperou até ser liberado para encontrar os colegas no corredor.

Tecnicamente eles não tinham mais nada durante a tarde para fazer, mas Izuku ainda precisava entregar alguns papéis sobre planos de carreira, que o habilitariam a já se formar com um trabalho garantido, agora com as modificações que consideravam os seis meses de estudo a mais no exterior. Por sorte, o pessoal do escritório onde havia feito estágio esse ano, e onde pretendia seguir com o começo de carreira, não viu problemas em adiar um pouco sua estreia, mesmo mantendo-o como contratado. Raindrop inclusive fez algumas piadas sobre treinamento vip de funcionários no exterior e tudo se resolveu até fácil demais na conversa.

Chegou ao quarto no meio da tarde e olhou em volta, finalmente sentindo um pouco de pesar. Agora havia apenas o último teste prático marcado para o dia seguinte e tudo estaria terminado. A cerimônia de encerramento era na próxima semana. 

Não que Izuku fosse de olhar para trás, mas a ideia de encaixotar suas próprias coisas, nos dias que viriam, lhe deu um sentimento triste, feliz e ansioso ao mesmo tempo. Suspirou. Se continuasse ali, a antecipação o mataria, por isso levantou em um salto e saiu porta fora, indo parar no corredor do dormitório do namorado, quase instintivamente. No caminho, encontrou Sero indo em direção ao elevador com um sorriso no rosto. Os dois meninos pararam no lugar para se cumprimentarem.

— O Todoroki está em casa. — ouviu-o comentar, ao apontar para a porta do quarto do outro, e então completar — Relaxa, eu, Bakugou e Kirishima não falamos para mais ninguém. Mas ainda bem que a Mina e o Kami não estavam na hora, se não você estaria escutando piadinha até agora… Veja, eles não são más pessoas, só um pouco exaltados, saca?

Izuku concordou mecanicamente com a cabeça, indeciso sobre como responder àquilo. Sero girou o corpo, indicando para que o outro passasse e, assim, se despediram.

O quarto de Shoto emanava a mesma aura calma de sempre e era bom encontrá-lo assim depois do tempo em que passaram sem se falar direito, devido às provas. Queria namorar um pouco, enfim. 

Assim que o recebeu, o rapaz começou a dizer algo sobre poderem se sentar, porém Izuku girou nos calcanhares e passou os dois braços em volta do outro, se encaixando em um abraço. Poderia dar a desculpa de que o ano estava acabando e muita coisa estava acontecendo ao mesmo tempo para precisar de um carinho, mas a verdade era que, no fundo, sempre que podia estar sozinho com ele, tinha uma certa urgência por tocá-lo. E isso só estava ficando mais grave. 

Sem separar os quadris, levantou a cabeça para encará-lo. De perto, os lábios de Shoto eram dolorosamente atraentes e também macios ao toque do beijo, que já começou profundo o suficiente para lhe tirar o fôlego. Escorregou as duas mãos por dentro da camisa dele, sentindo os músculos das costas e dos lados da barriga, indo até quase as axilas. 

Quando notou, havia sido encostado em uma parede. Apertou os olhos ao passo que a língua do outro percorreu seu pescoço, em um toque quente que deixava um rastro gelado, e sentiu a espinha arrepiar ao ouvir a respiração pesada bem ao lado da orelha. 

— S-Shoto-kun… — arriscou, assim que pararam para tomar fôlego. Ouviu um "hm" como resposta, seguido pelo olhar ímpar lhe caindo em cima com um ar curioso. Imediatamente as bochechas de Izuku começaram a queimar, pelo simples fato de ter se dado conta do assunto que iria começar, e ele precisou abaixar os olhos. — E-eu… Bem… Eu... T-tinha uma coisa para dizer, m-mas acho melhor… e-eu agora não tenho certeza, quer dizer, eu não é como se tivesse tido certeza, mas queria pelo menos tentar, só que agora não sei como falar. Na minha cabeça era mais fácil. Talvez eu não devesse ter interrompido nosso momento com minhas ideias, é que...

A história de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora