Um espaço de tempo

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O piado constante de vários passarinhos diferentes foi a primeira coisa que Izuku ouviu, antes mesmo de abrir os olhos. O raiar do dia apenas tinha começado a acontecer, mas os alunos da equipe verde se forçavam a acordar sistematicamente para retomar as buscas. Assim que levantou, o rapaz esticou os braços em um alongamento curto e respirou fundo o cheiro constante de maresia. Não era tão ruim assim, afinal.

Um sinal soou como aviso, vindo da sua equipe, indicando problemas relativamente próximos de onde Izuku estava junto com Asui. Correu para lá o mais rápido que conseguiu se locomover pelo mato, para se deparar com uma cena de luta com Awase contra Iida e Shoto em uma clareira aparentemente causada pelas chamas do último. Os números de agora colocavam sua equipe em vantagem, mas sabia que não poderia baixar a guarda um segundo sequer, por isso se preparou para uma defesa contra uma parede de gelo, que provavelmente viria direto para cima dele.

No entanto, mesmo com os colegas já se enfrentando, o golpe esperado simplesmente não aconteceu. Izuku mordeu um pouco os lábios, encarando-o inquieto. Alguma coisa estava errada com Shoto e não parecia ter a ver com o exercício. Em uma fração de segundo, não pôde deixar de franzir o cenho, quando os olhos do rapaz apontaram na direção da floresta, com um movimento curto de cabeça, e depois de volta a ele. Sem mais nenhum movimento desnecessário, viu-o saltar para o local indicado, ignorando completamente a luta anterior.

Os braços de Izuku penderam para o lado do corpo. Agora não havia dúvidas de que algo tinha acontecido. Um turbilhão de possibilidades começou a se passar na cabeça do garoto, principalmente sobre a maneira que tinha acertado o namorado no dia anterior e não parou para prestar socorro… Não era possível que Shoto tivesse ficado chateado com isso, certo?

— Vai atrás dele! — Um grito veio de Awase, enquanto desviava de um chute de um Iida que lidava com duas pessoas ao mesmo tempo. — Não deixa o Todoroki achar o dispositivo primeiro!

Com um aceno de cabeça, Izuku se embrenhou por onde o outro tinha fugido e não precisou andar muito antes de avistar Shoto parado ao lado de uma árvore grande. Respirou fundo e diminuiu o passo, pensando se iria levar alguma bronca, mas assim que chegou perto o suficiente, foi segurado pelos dois braços em um movimento rápido e estranho que o colocou de costas para o tronco escuro, seguido por um beijo mais intenso do que o esperado.

Sua primeira reação foi querer empurrá-lo, mas não chegou a completar o gesto. Ao invés disso, assim que conseguiu controlar a respiração, deixou-se levar pela vontade da língua que invadia sua boca. Não sabia o quanto estava precisando daquilo até o momento em que sentiu a falta dos lábios que se desgrudaram dos seus tão rápidos quanto vieram. Shoto o envolveu em um abraço bem apertado e debruçou a cabeça sobre seu ombro antes de suspirar profundamente. Izuku, então, levantou uma das mãos até a nuca do namorado e escorregou delicadamente os dedos pelos fios que já haviam crescido até a base do pescoço.

— O que foi isso? — arriscou a pergunta depois de um instante. — Achei que quisesse me dizer alguma coi…

Izuku escutou o som da própria voz ir morrendo aos poucos quando seu namorado se afastou o suficiente apenas para encará-lo bem de perto. Em um segundo, sua respiração já estava toda bagunçada novamente. Naquelas horas, era como se sua cabeça se embaralhasse e ele apenas conseguisse entender o calor dos lábios se movendo juntos. Quando Shoto começou a beijá-lo pelo rosto, involuntariamente levantou o queixo, oferecendo o pescoço, e um arrepio se espalhou pelo seu corpo como reação. Um arrepio que terminava em uma região bem específica.

Imediatamente afastou-o, sentindo o rubor se espalhar por todo rosto, antes que o outro pudesse perceber o que estava prestes a acontecer. Confuso, Shoto parecia querer protestar, mas o garoto logo se explicou.

A história de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora